Mini Textos de Ana Maria Braga
Alegorias Plastificadas
Provo a essência desta dor infame
Rasgo sem pena todas as fantasias
Dispenso as alegorias plastificadas
O riso comprado na feira da ilusão
Enxugo de vez as lágrimas sentidas
Desconstruo sem receio a tua imagem
Liberto-me dos sentimentos unilaterais
Serena enfrento o que vida apresentar
Risco do dicionário a palavra monotonia
Arranco do coração a dor da melancolia
Junto cacos dispersos do tempo perdido
Sepulto definitivamente tuas lembranças
Não sou dada a curtir o reinado de Momo
Tampouco a mendigar carinho ou trono
Se dia você fez parte de minha existência
Não o quero mais, resgatei a consciência....
Sonhe Grande
Sonhe sempre
Sonhe grande
Sonhe o impossível
Sonhe acordado
Sonhe a felicidade
Sonhe o amor
Sonhe a paz
Sonhe a união
Sonhe a alegria
Sonhe a fraternidade
Sonhe a paixão
Sonhe a leveza da serenidade
Sonhe o brilho das estrelas
Sonhe a imensidão do mar
Sonhe as carícias do vento
Sonhe as manhãs primaveris
Sonhe e seja feliz
Porque quem não sonha não vive
Apenas singularmente existe.
Sinfonia da esperança
Canto o silêncio das longas madrugadas
O frio das paredes de vida desbotadas
Canto as estrelas guardiãs das noites
Com a coração estilhaçado pelo açoite
Canto a saudade esparramada na lida
Imensa ladainha da esperança perdida
Canto a lua minguante a minguar luz
Diante do cansaço pela pesada cruz.
Canto a felicidade arrastada no medo
Insegurança dos plangentes segredos
Canto as sombras ocultas no arrebol
Rotineiro amanhecer distante do sol
Canto o amor que de frágil se quebrou
Sonhos etéreos que o tempo apagou
Canto as flores sufocadas nos espinhos
A distância da fraternidade no caminho
Canto a chama solitária da última vela
O sal das lágrimas que a solidão revela
Canto trevas que amedrontam os dias
O vazio que semeia no existir a agonia
Canto ainda que a mágoa teime em ficar
Porque canções tornam leve o caminhar
E quando a saudade entoar sinfonias
Um canto de paz devolve-me a alegria....
Contas ao Vento
Vagos sonhos desbotados
Projetos abandonados
O que fazer com o amanhã
Se o ontem não se vai?
Desespero invade as noites
Revolvem tristes momentos
Gélidas paredes emolduram
Dispersão do pensamento.
Em círculos se arrastam vidas
Banhadas no sal das lágrimas
Caçam a esperança perdida
Frágeis fios, sopros de vida.
Tão imensos quanto às noites
Mostram-se os leitos vazios
Abraços largados ao vento
Longas contas de agonia...
Lírios Brancos
Florescem os brancos lírios
Canteiros vestidos de paz
Adornam tristes estradas
Na saudade adormecida
Canteiros vestido de paz
Povoados de esperança
Abrigam as sempre- vivas
Régias vitórias dispersas
Adornam tristes estradas
Espinhos e folhas mortas
Sobram densos gemidos
Réquiem das despedidas
Na saudade adormecida
Prisioneira de Morfeu
Morrem calados sonhos
Antes mesmo de nascer.
Mar de amor
Se queres saber o tamanho do amor
Que busca em tua doce alma guarida
Conte sem pressa todas as estrelas
Tente mensurar a água dos oceanos
Se desejas saber a intensidade da paz
Doces acordes a trasbordar em versos
Afague nas mãos etéreas borboletas
Pinte o firmamento como o arco- íris
Se queres sentir o aroma da paixão
E o vibrar da vida em tuas entranhas
Prove os frutos maduros perfumados
Recolha pétalas de carinho outonal
Saciarás como nunca todos os desejos
Inebriado de amor visitarás o Nirvana
Longe das regras abraçarás o infinito
Num mar do afeto encontrarás a paz.
Ana Stoppa
De Repente, A Saudade.
De repente
bateu
uma saudade enorme
das coisas simples
como tomar banho de chuva,
catar conchas,
contar estrelas,
procurar vaga-lumes,
colher amoras,
pisar descalça na areia,
pular ondas,
catar pedrinhas,
fazer castelos,
ouvir o murmúrio do mar
sentir o perfume
De dama-da-noite
Compartilhar o calor
De um abraço amigo
Ouvir o som
Do silêncio quebrado...
De repente,
Bateu
Uma saudade enorme...
De mim mesma.
Saber deixar partir
Saber deixar partir. Há quem defenda que o amor é isso mesmo.
Respeitar a liberdade do outro é um acto de amor. Dou o exemplo dos pais que vêem crescer os filhos e que depois os vêem sair de casa para viverem as suas próprias vidas.
Saber deixar partir é ter a convicção intrínseca de que tudo é efémero, ou de que nada é eterno; a consciência plena de que todas as histórias tem um princípio e um fim, até mesmo as de amor. Pena é que a maior parte das pessoas não possua a maturidade emocional necessária para “saber deixar partir”. São essas pessoas com “mau perder” que exterminam muitas vezes o amor, apagando todas as recordações dos momentos bons e tornando a vida do outro num verdadeiro inferno.
Por outro lado, aquilo que me é dado a observar numa grande parte dos casais que mantêm um relacionamento de aparências é o seu sentimento de posse no lugar onde deveria existir o sentimento de cumplicidade.
Ninguém pertence a ninguém, cada pessoa é única e basta-se a si mesma, tentar moldar a personalidade do outro é limitar a sua própria oportunidade de amar na sua essência; ninguém pode sentir-se feliz ou fazer outrem feliz se não poder expressar livremente o seu eu.
Saber deixar partir requer tanta preparação como saber partir. Quase sempre quem não sabe deixar partir e quem não sabe partir é movido pelos mesmos motivos: o medo de ficar só, a incapacidade de sentir-se independente, o medo de não ser socialmente aceite...
Uma relação de amor é como uma intervenção cirúrgica onde os sinais vitais deverão prevalecer sobre todas as coisas. Deve lutar-se sempre pela sobrevivência de uma relação, mas quando se chega à conclusão de que já se tentou com todas as forças e não se conseguiu, há que ter a coragem de deixar partir ou mesmo de partir, caso contrário, corre-se o risco de culpar o outro pela nossa infelicidade.
Muitos de nós, assistem assim, impávidos e serenos à morte do amor, muitas vezes camuflada por um casamento. Ofuscados pelo brilho da taça içada bem alto, muitos esquecem-se que a mesma está, não raras vezes, erguida sobre um monte de cinzas.
Calaram o poeta
e o poeta se calou...
Cortaram seu desejo de poeta
e aquele seu grande amor!
Engoliu o seu talento
e fez clamar em sofrimento.
a solidão daquele ser,
e no silêncio da tristeza,
e na calada da noite,
ele grita por um poema
e com tanta sabedoria,
ele rima o proprio lema.
Mas pra onde foi o poeta?
que no coração lamenta,
o grande amor que perdeu.
E espera na janela,
a sua amada que é tão bela,
mas sabe que não mais
beijará os labios dela!
Ser prestativo, companheiro, ... ,de alguém ou para alguém. Ficar feliz ao ver o outro feliz, isso tudo é uma dádiva.
Não fique triste, ou se arrependa pelo simples fato de o outro não saber te dar a atenção ou agradecimento que talvez você estivesse esperando.
Nada acontece por acaso, nem mesmo as decepções. Pois elas existem para que possamos aprender a viver melhor. Precisamos algumas vezes aprender com a dor, para sabermos valorizar de fato o que deveríamos ter valorizado anteriormente.
Então não haja esperando a recíproca sempre, para que não se decepcione tão fácil.
Independente do resultado obtido, nunca se arrependa do que fez.
Effet papillon.
Ácido frio corrói meus dentes quebrados. Mas você não sabe, papillon, o que deixar escorrer para me curar. Continue seu trabalho que os mundos giram e o universo se desmancha constantemente. Arcabouços da loucura, eu queria que pudessem me ensinar a entrar em seu estado concreto por que assim eu estou virando uma incerteza horrenda, então que a insanidade ensaiada me devore num só movimento para que me poupe de interpretações profundas.
Ah, o seu efeito, papillon que de longe causa furacões em meus olhos cinzas, cobertos de pó, e cheio de pratas do luar que cravaram em minhas escleras enquanto eu cantava para a lua. Afinal, papillon seu destino foi digerido pelos estômagos que você invadia. Mas de tão faminta que fui, suas asas obstruíram meu esôfago, e agora eu jazo aqui, com os teus sonhos mortos e meu sangue totalmente venoso.
Ah, papillon, não sabes o efeito que tens.
A minha ignorância
É incrível
O quanto a minha ignorância,
Este meu estado de graça permanente
Me diverte
Sempre que se ri inteira
Da inteligência suprema
Dos que fazem pouco dela!
Ah que mundo feliz o meu
Riquíssimo em diversão
Com a alegria que espalho
Sendo ignorante assim
Assim…em vão!
Escuta bem
Tanto me faz se dizes verdades ou mentiras. As tuas mentiras só te preocupam a ti. As tuas verdades, também a mim. Só quero saber se te traíste para não seres infiel a alguém e que compromisso assumiste para o teu entardecer. Não me digas que repousas num campo de urtigas, só para não destruíres jardins que não são teus.
Não me interessa saber se és jovem, adulto ou permaneces criança. Diz-me a mim apenas que a tua alma se sente como um poderoso gigante com um coração de criança. Vá, fala-me das páginas dos teus sonhos, que cuidas da tua nascente de esperança, que escreves na areia da praia o nome dos teus fantasmas e nas rochas, o diário das tuas paixões.
É indiferente para mim o que fazes na vida. Se tens cursos superiores, quantas línguas falas, se usas gravata ou não. Antes, preocupo-me com o que fazes com o teu tempo, se tens a ousadia suprema de te libertares da servidão de uma vida de miragens. Se te bastas na solidão, se aprecias a tua própria companhia. Se és tu o pintor das paisagens das tuas caminhadas e se usas o preto e o branco para realçares pormenores.
Não me atormentes com os teus desígnios e queixas, não as ouvirei, não são minha preocupação. Diz-me se consentes que os teus dias tenham os seus problemas e se lhes reconheces as soluções. Fala comigo e conta-me se amanhã de manhã, vais querer mudar as rotas, se sabes qual a tua direção. Quero saber se sentindo-te perdido, te encontras!
Escuta bem, presta atenção. De nada te vale contar-me que volta e meia cortas as ramadas podres dessa árvore que te abriga. Prefiro que me confesses que estás determinado a arrancar-lhe as raízes. Diz-me que encontras no aconchego da tua tranquilidade, a manta de retalhos com que te envolves do frio da vida.
Não me digas que gostas de mim. Isso não resolve a minha vida. Nem a tua. Diz-me antes, que gostas muito de ti e caminharei então a teu lado!
Gratidão
Obrigada Deus pelo meu caminhar
Pelas cores que consigo identificar
Pelos sons que oiço e posso reproduzir.
Obrigada pela força que tenho para escalar a montanha
Por me conseguir levantar sempre que tropeço nas pedras.
Obrigada pelo chilrear das aves e pelo verde nas plantas
Obrigada pela aridez dos desertos e pelas florestas tropicais.
Obrigada pelo Amor dos meus pais
Pelo regressar dos meus filhos
Pelo lar que me abriga
Obrigada pelos sorrisos alheios
Pelo sol, pelo céu e pelo mar
Por tudo o que me dás, para eu viver neste planeta.
Obrigada pelo meu trabalho!
Obrigada pela esperança, pela coragem, pela tenacidade
Pela minha Fé!
Mas obrigada, sobretudo,
Por ter a capacidade de reconhecer
O quanto tenho para agradecer.
E mesmo que tudo isto eu perca,
Amanhã é um novo dia!
Nova dádiva a agradecer!
Medo, tens coragem para me enfrentar?
_ Ouve lá…tu que és o Medo, tens coragem suficiente para me enfrentar? Tens garra, tenacidade, persistência, para comigo permaneceres muito tempo?
É que, ouve bem, não sei se sabes que nasci no mato, sou guerreira destemida e se me comparasse a uma flor, eu seria um cato, podes crer!
Estás a ver o meu sorriso? Estás a ver a alegria com que abraço a vida? E ainda assim, queres aqui ficar? Tens coragem para isso?
Repara…oh medo…repara…estou a dar-te uma hipótese de saíres de mim sem guerras, para que jamais te envergonhes do momento em que ousaste ficar! Perderás toda a tua reputação, se tomares a decisão errada. Não vês que não é um qualquer medo sem experiência de vida que me assusta? Sai, ainda estás a tempo, não me obrigues a mostrar-te como sou capaz de anular-te!
O presente é o meu tempo e não o sacrifico em nome do futuro que tu estás sempre a querer adivinhar. E quando lá chegar, já perdeste de novo o teu lugar!
Dedicatória aos meus alunos
Eis o meu maior compromisso contigo:
Fazer com que sintas que muito para além de aluno/a, és também um ser humano e que, nestas duas dimensões, tens deveres aos quais deves respeitar, mas também tens direitos que nem eu nem ninguém poderá nunca, ignorar ou desrespeitar!
Fazer com que aprendas muito mais que a ler, a escrever e a contar…Essas aprendizagens não necessitam de grandes mestres!
Quero ensinar-te para além disso tudo, que tens dons especiais que fazem toda a diferença entre ti e os outros…por isso, és imprescindível na sociedade: ÚNICO/A e muito importante para todos.
Fazendo com que te reconheças como parte muito importante da sociedade em que vives, compreenderás que como cidadão da mesma, tens o direito a intervir, participar e escolher com confiança e conhecimento, o tipo de sociedade que te faz verdadeiramente feliz!
Para além do muito que desejo ajudar-te a SER um ser humano muito feliz, quero acima de tudo que sejas TU PRÓPRIO/A, com os teus sonhos e desejos…com o teu sorriso e as tuas lágrimas…as tuas alegrias e tristezas… os teus medos e esperanças…mas sempre uma criança sem medo de falar, de sentir, de SER exatamente como és!
Ok...vida, ok!
Eu cedo, eu baixo as garras, eu me entrego!
Feliz agora, vida?
Mais feliz certamente por ter mais um guerreiro anulado.
Deves estar às gargalhadas porque afinal, sua ignóbil,
venceste...mas venceste cobardemente!
Asfixiaste-me, tiraste-me o ar que eu precisava para caminhar.
Só mesmo assim!
Batias-me com as portas e eu abria-as
Cerravas-me os caminhos e eu trilhava-os
Embebedavas-me a saúde e eu ainda assim...vigorava
Tiravas-me o sol e eu brilhava
Sacudiste-me os sonhos e eu alimentava-me até da sua sombra
Tudo, tudo fazias e fizeste!
E eu, aí estava, de sorriso nos lábios a atormentar-te a força.
Ah vida... tanto que penaste para me derrubar...
SUA COBARDE! ASFIXIASTE-ME!
Enclausuraste-me!
E eu cedi.
Mas cedi temporariamente.
Garanto-te, escuta bem:
EU VOLTAREI!
Para ti em especial
Para ti em especial
Que não tens quem te envie mimos
Que por uma razão que nem sequer conheces,
Ficaste só
Entregue aos abraços dos ventos
Aos beijos das folhas de outono
Aos amores dos lençóis engomados
E arrumados numa gaveta fechada!
Para ti em especial
Vão os meus beijos e abraços
O toque de uma mão doce e macia
A companhia de uma canção
De um sorriso
De um silêncio apenas
Ou um olhar meigo e atrevido.
Para ti em especial
Que te perdeste no tempo
E num lugar vazio de tudo,
Estou aqui
A chamar-te
Para que também eu não fique assim
Tão especial como tu
Com uma mão cheia de nada
E a outra,
Completamente vazia.
Quem me dera
Quem me dera que nas estradas da Vida existissem sinais para a alma do tipo:
Sentido proibido para o cinismo, a agressão, o ódio, a intolerância…
Sentido obrigatório para a justiça, o respeito, o perdão, a solidariedade…
Aproximação de sentimento com prioridade: O Amor
Sinal de stop para a inveja, o cinismo, a frieza, a maldade, a hipocrisia
Quem me dera que houvesse um sinal de sentido único para a libertação de todo o tipo de escravidão!
Assim, o nosso caminho na estrada da vida,
Poderia ser um verdadeiro labirinto
Mas jamais nos sentiríamos confusos ou desalentados
Jamais nos encontraríamos perante «becos sem saída».
Talvez eu devesse ficar um pouco mais calma
Como é bom conhecer, como é bom aprender com outros.
Às vezes fico pensando que a errada seja eu
Mundo fácil com pessoas complicadas
Porque as pessoas complicam tanto o que é tão simples?
Eu só quero uma oportunidade, mas acho que pessoas como eu.
Não tem oportunidades... Pessoas como eu sonham...
Será esse o meu destino?
Será que um dia eu poderia mostrar ao povo que tudo pode ser bem simples?
Será que um dia eu poderei encher meus pais de orgulho?
Será que um dia o Mundo ouvirá o que eu tenho a dizer?
Ouviram a minha voz?
Eu penso que não fazem de propósito – sei lá...! Eu acho que é tanto coisa ao redor...
Você estar tão acomodado que não faz mais muita diferença se estar fazendo certo ou errado.
Você já teve aquela sensação de “era isso que eu precisava ouvir hoje”?
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