Minha Alma tem o Peso
No olhar a alma transluz apenas; na voz a alma expande-se. O olhar é a flor que se abre, a voz o perfume que se desprende.
O Pacífico é inconstante e versátil como a alma do homem. Às vezes está cinzento como a Mancha, exalando um cheiro pesado, outras encapela-se e cobre-se tumultuosamente de cristas de espuma. Não é com freqüência que se mostra azul e calmo. Mas, em tais ocasiões, o azul chega a ser arrogante. O sol refulge ferozmente num céu sem nuvens. O vento dos trópicos penetra no sangue, enchendo-nos de um anseio impaciente pelo desconhecido. As vagas, rolando majestosamente, estendem-se ao infinito para todos os lados, e nós esquecemos a juventude desaparecida, com as suas memórias doces e cruéis, num irrequieto, torturado desejo de viver.
Amar alguém tóxico é como tentar dar vida ao que nunca teve alma. Você se doa inteiro, se quebra em silêncio… até perceber que lutava sozinho por dois. É exaustão travestida de amor. É assustador como o coração insiste em amar até o último suspiro, mesmo quando tudo ao redor grita por socorro. Amar alguém tóxico é um veneno lento. Você se entrega, se parte, se esgota… e só depois percebe que amor nunca foi aquilo. Era apego, ilusão, esperança solitária. É amor? Não. São autossabotagens como nome errado.
Escrevo porque as palavras são pontes entre o caos da alma e a ordem do mundo, onde o indizível encontra morada.
No corpo inerte transcende a alma
Ardida em fel
Foge do pensamento o sofrimento carregado pelo tempo
O amargor sentido
Do suor fétido das tormentas acumuladas
O passado outrora, lânguido
Pueril abraço
Sem pele, sem toque
Sem cheiro
Lavado o choro
Descoberto pelo vento, o pó que cobria a massa desfeita em pedaços.
Mil anos neste calendário senil
sua alma eu reconheceria,
e em meio à cacofonia,
pela sua essência, eu me renderia.
Cada letra e cada música
amplificam a compreensão.
Com sua essência eu falaria,
em meio à toda confusão.
Dizem que as lágrimas lavam a alma
Mas nem sempre
As vezes as lágrimas escorrem feito ácido Corroendo tudo
A alma, o coração
Acabando literalmente com o ser físico
Mental e espiritual
'PONTO PARÁGRAFO'
O amor perde-se no vento e
as vicissitudes da alma afaga o coração.
A releitura da arte que criamos
vai desmaterializando às minguas até o ponto fulminante.
Identidade sem labirinto.
Período de sobejos,
sem beijos.
E as novas formas abrem uma cortina
dilacerada em preto e branco.
Época dos grandes sismos em
que gigantes descobertas chegam de rotina,
afunilando a luxúria,
a soberba, a arrogância.
Tempestades gritam ao ouvido
verdades rejeitadas.
A apreensão silencia a voz.
As noites ficam inquietas
falando dos desejos já amaldiçoados.
É a nova 'lei dos contrários' que chega de supetão,
águia sem visão,
indagando-nos dos zigue-zagues traçados.
Tudo passageiro!
O grande livro tornar-se inautêntico
com suas páginas rabiscadas.
E o tremor das mãos que não para,
interrompe as novas páginas que estão no porvir.
E o 'tudo' totaliza-se no utópico
com seus amores e injúrias, poemas mórbidos,
fragrâncias esquecidas: penúrias!
'PROCURA'
Tenho uma sede no 'por do sol'. Sacia minh'alma! Penetra esses raios nas minhas imagens! Alimenta a fome dos desejos derramados. Liberta-me das masmorras alagadiças. Colori uma nova canção p'ra nós dois. Harmonia de sentido os dias aluídos.
Afaga/atraca meu coração no real. Volúpia as noites claras em angústias. Aquece-me com seu corpo frenético. Abraça-me! Deixa-me em fúria na morte dos mortais. Esquarteja meus sonhos na varanda, tal qual um olhar, diluído em arco-íris.
Elucida minha procura lesiva. Explode o luar no amanhecer! Desbota o patético corroído. Reflete em mim tua'alma exaurida, até que, consigamos misturar nossos limites, atemporal e sem reflexos. Suga-me como um livro de romance e re/façamo-los diariamente a última página. Até que o 'sempre' permaneça, rodopiando duas vidas em uma.
'EU AINDA ACREDITO'
No abraço que deixa o sorriso quebrado estilhaçar a alma em amplitude. Quando os olhares implicam sinceridade, e o que basta está acima das desigualdades, cor, raças...
Quando o amor se aproxima e cruza as barreiras do amor dissipado, dos contos e desencontros encarcerados. Nos trépidos prisioneiros, opressivos que não cedem em prol, mas que veem o sol, uma estrela...
Nas amizades que brilham imitando o cantar obcecado dos pássaros, cajados pelo cantar inexpressivo, mas íntegros e blindados, sem hipocrisias. No peito ardente, manando lisura, corrente, serenidade plena e pacífica, distraído na esperança que passa...
'NÃO DESISTA... '
Sonho esparramado no amanhecer.
Na alma,
caminhos sem rumos.
Rotatividade devorando o pôr-do-sol.
E uma insônia impregnada no peito...
Olhos fechados,
sonolentos à procura de grãos de areias.
Estrelas são diariamente ofuscadas.
Salobro o café da manhã não vê sentimentos.
Tudo vai se distanciando...
Não desista dos distantes corpos celestes.
Tampouco dos sonhos que há de se conquistar.
Trilhe os caminhos de ausências,
e sinta-se forte o bastante para transformar vidas.
Cultive o amor próprio já esquecido...
Seja sedento por transformar sua jornada cervical em pulsos eletrizantes.
Junte os sonhos jogado nas calçadas.
Não desista de transformá-los um a um.
Deixando o coração aberto às descobertas
E um peito suspirando vida...
'EU SÓ QUERO VIVER...'
Eu só quero viver. Esquecer a solidão que enche à alma de esperanças vãs. Aprender a chutar as amaldiçoadas sequelas da vida. Amanhecer e não ver as feridas nessas paisagens. Nem passagens medonhas cristalizando a alma a cada dia. O rio calmo definhando o coração espera-nos silenciosamente...
Eis de pôr as mãos nesse solo sagrado devastador. Deitar ao lado da escuridão e agradecer pela dores da vida. Por mais que sobrevivamos, quero agradecer os despenhadeiros trilhados, clãs vagando dolorosamente. Que a dormência acabe com os pesadelos periódicos, paradisíacos...
Quero abrir olhos e avassalar vaga-lumes alumiando os vernáculos. Adentrar a casa de palha que tanto sonha-se. Voltar a ser criança por um fio. Deixar o frio da madrugada percorrer a espinha nas horas incertas. Lembrar do filme que passa em segundos afugentando a trilha percorrida...
Vou respirar ares refutados. Esquecer as tristezas inesperadas que afagam o coração em formigamentos. Ter como sentimento a liberdade para ir e vir. Sonhar ao ver os olhos da esperança balançando bonança...
Só se quer alguns passos para abraçar pai e mãe infinitamente. Ver filhos brincando fazendo jardinagens. Olhar para a sinceridade cercando os dias felizes. Já tem-se outras vidas plantadas ao lado esbanjando Jovialidade. Pegar a imortalidade que aflige hábitos e costumes, fazer deles perfumes dos mais elaborados. Eu só quero a liberdade, de lado, suspirando outra vida...
'LUA'
O veneno corre,
vivificador febril nas entranhas,
covil dos tentáculos envoltos na alma.
O amarelo,
fogo brando.
Simetria de mudos mistérios...
O pequeno rio barulha,
a pobre visão carapuça.
Hora de acordar!
Esquecer!
Adormecer inquietudes,
redemoinhos...
O andar às escuras,
extinguindo flores.
Flores absolutas!
Múmias juntos à acinzentada lua.
Refletora de luz,
horto na escuridão...
Porque tantas flores perecidas no escuro?
Se bem que o clarão já não importa.
Aqui distante,
loucos matam todas as formas,
lua míngua/futuro.
Homem inexpressivo no muro...
Tudo confuso!
A lua desencanta-te.
Fita-te ao horizonte,
é a muda esperança.
O pairar de mais um painel:
'o pincelar na lua minguante'...
'Traçado de homens flamejantes',
pronunciando-se ao glacial,
acidental.
Embaralhando neblinas,
as tantas luas que se foram,
pontos na velha retina...
O mundo paisagístico revela algo sinistro:
Lua Negra tão pequenina,
vagão!
Um curvar-se ao pequeno ponto!
E o traçado atônito,
imensidão na palma da mão?
'NASCER'
Chegamos tão frágeis e a alma tão pequenina. Surgimos vibrando no trapézio. É a velha vida que brota do espanto e vem aos poucos, despercebido, nos cantos/melodias...
Não se demora e o 'tempo' torna-se declinante, com seus batimentos cansados impedindo o contemplar das imagens que criamos. Almejamos obstinados os dias que sugamos, imperceptíveis, se espairecem nas varandas, estafados, avistando paisagens íngremes, com seus ciclos e fim definidos...
Para onde foram os sonhos/invenções? Asfixiados, estão vagando nos túmulos. Expirando-se no tempo que resta. Poema desbotado, patéticos na gaveta adormecida. E os círculos sem impressões ofuscam o azul dos horizontes. O azul que sonhara-se de início, nas montanhas, sentado sob o luar maravilhoso, estarrecedor...
Novos nascimentos quebram o silêncio inesperado. Relatando-nos que ainda resta esperança no choro. No afago materno. Na alegria que inflama a alma quando da primeira respiração. Quando abraçamos o mundo minúsculo e tão vasto. Quando apertamos as primeiras mãos e dizemos: estou 'pronto' para exalar a vida que dar sonhos e para os sentimentos que encapsulam os dias no frio...
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