Meu Eterno Amor minha Filha
Eu estava tentando lembrar de todas as pessoas
que um dia passaram por minha vida,
daí pensei que trazê-las ao meu pensamento outra vez
pudesse ser um destino por demais ingrato a todas elas.
- Que estejam felizes, é o melhor que posso desejar.
Ortografia, concordância verbal,
e tudo que envolve gramática
não faz a minha cabeça,
nem muito menos é primordial em minha poesia.
O que é errado hoje, será correto amanhã,
por isso uso e abuso de minha licença poética,
e deixo-me levar apenas pelo sentimento
e pela melodia. :)
Mas aí lembrei, no meio da minha gargalhada, como eu queria contar essa história para você. E fiquei triste de novo. Quase consigo me animar com essa história, mas me animar ou gostar de alguém me lembra você. E fico triste novamente. Eu achei que quando passasse o tempo, eu achei que quando eu finalmente te visse tão livre, tão forte e tão indiferente, eu achei que quando eu sentisse o fim, eu achei que passaria. Não passa nunca, mas quase passa todos os dias.
Mesmo a circunstância de eu ir publicar um livro vem alterar a minha vida. Perco uma coisa - o ser inédito.
Sem Ana
Quando Ana me deixou - essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos - e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou - e essa não-continuação era a única espécie de não continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo - esse espaço branco sem Ana - de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela.
Tudo o que não sei é que constitui a minha verdade.
Cedo fui obrigada a reconhecer, sem lamentar, os esbarros de minha pouca inteligência, e eu desdizia caminho. Sabia que estava fadada a pensar pouco, raciocinar me restringia dentro de minha pele. Como, pois, inaugurar agora em mim o pensamento? E talvez só o pensamento me salvasse, tenho medo da paixão.
Vida e morte foram minhas, e eu fui monstruosa. Minha coragem foi a de um sonâmbulo que simplesmente vai. Durante as horas de perdição tive a coragem de não compor nem organizar. E sobretudo a de não prever. Até então eu não tivera a coragem de me deixar guiar pelo que não conheço e em direção ao que não conheço: minhas previsões condicionavam de antemão o que eu veria. Não eram as antevisões da visão: já tinham o tamanho de meus cuidados. Minhas previsões me fechavam o mundo.
Minha autocrítica a certas coisas que escrevo, por exemplo, não importa no caso se boas ou más: mas falta a elas chegar àquele ponto em que a dor se mistura à profunda alegria e a alegria chega a ser dolorosa – pois esse ponto é o aguilhão da vida.
Minha pergunta, se havia, não era: “que sou”, mas “entre quais eu sou”.
Minha cabeça virou um álbum de fotografias que vou montando diariamente, uma espécie de colagem de minhas cenas inesquecíveis. Elas precisam mesmo ser inesquecíveis, caso contrário me restará apenas o breu. (...) Tenho me apegado aos pedaços do meu corpo, preciso deles para formar um mosaico do que sou. (...) A amplitude agora é interna, meus olhos estão fechando pra fora e abrindo para dentro, e hei de descobrir algo que me interesse e me motive nessa viagem sombria, sem gôndolas, sem tons pastéis, sem pontes nem edificações históricas.
É esquisito, mas sempre orientei minha vida nesse sentido — o de não ter laços, o da independência, de poder cair fora na hora que quisesse —, e agora que ficou tão nítido que realmente consegui isso, fico meio… desamparado, acho que a palavra é essa.
Estou morando, trabalhando, estudando e amando. Esses são os 4 foles da minha vida e sobre cada um deles eu teria milhares de páginas a preencher.
Sem Titulo (1984)
Eu minha lanterna e o peixe Felipe. Cheio de coisas para botar pra fora e não tenho quem ouça.
- Quem tem um ouvido aí?
O que eu despejo no papel do caderno? Caderno tem ouvido? Será que ele entende minha angústia? Será que as linhas frias do caderno me bastam? Ahhh! que besteira enorme é escrever, e no entanto se não o fizesse eu por certo morreria... Mas... Morreria de fato... mesmo.
Escrever... escrever... escrever...
Tudo já foi escrito; mas não importa.
Comecei a enumerar nos dedos quem poderia sentir a minha falta: sobraram dedos. Todos estes que estou olhando agora!...
Você já teve aquela sensação de “era isso que eu precisava ouvir hoje”?
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