Meu Eterno Amor minha Filha

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Farsa contínua! A minha inocência me faria chorar. A vida é a farsa a ser levada por todos.

Felismente existe o álcool na vida.
Uns tomar éter, outros, cocaína.
Eu tomo alegria!
Minha ternura dentuca é dissimulada.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Estou farto do lirismo comedido.
Como deve ser bom gostar de uma feia!
Pura ou degradada até a última baixeza
eu quero a estrela da manha.
... os corpos se entendem, mas as almas nao.
- Bendita a morte, que é o fim de todos os milagres.

Sacudir você e dizer que você é um otário porque está me perdendo dessa maneira... a minha ganância por te ter. Sim, eu escolheria você. Se me dessem um último pedido, eu escolheria você. Se a vida acabasse hoje ou daqui a mil anos.

Alma errada

Há coisas que a minha alma,
já mortificada não admite:
assistir novelas de TV
ouvir música Pop
um filme apenas de corridas de automóvel
uma corrida de automóvel num filme
um livro de páginas ligadas

porque, sendo bom,
a gente abre sofregamente a dedo:
espátulas não há…

e quem é que hoje faz questão de virgindades…

E quando minha alma estraçalhada a todo instante pelos telefones
fugir desesperada

me deixará aqui, ouvindo o que todos ouvem,
bebendo o que todos bebem,
comendo o que todos comem.

A estes, a falta de alma não incomoda.

(Desconfio até que minha pobre alma fora destinada ao habitante de outro mundo).

E ligarei o rádio a todo o volume,
gritarei como um possesso nas partidas de futebol,
seguirei, irresistivelmente,
o desfilar das grandes paradas do Exército.

E apenas sentirei, uma vez que outra,
a vaga nostalgia de não sei que mundo perdido…

Eu quero parar com tudo isso, ele é um menino que não pode acompanhar minha louca linha de raciocínio meio poeta, meio neurótica, meio madura. Eu quero colocar um fim neste tormento de desejar tanto quem ainda tem tanto para desejar por aí.

O esquecimento das coisas é minha válvula de escape. Esqueço muito por necessidade.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Minha oração é bem curta pro santo não entediar.

Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida. Viver é uma espécie de loucura que a morte faz.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

‎Passo metade do dia odiando minha vida e querendo ser sugada pela minha própria insignificância. A outra metade passo rindo do quanto sou dramática e exagerada.

Minha solidão me serve de companhia. Com os livros nas mãos tento fugir desse mundo tão promíscuo, desse mundo tão hostil. Dizem que é errado sonhar demais e esquecer a realidade, mas há tempos que não ouço mais o que dizem. A música me fascina e ajuda-me a seguir vivendo cada dia sem olhar para as coisas que a vida levou. Então apenas sigo vivendo, pensando, sonhando. Cada dia mais…

O tempo corre, o tempo é curto: preciso me apressar, mas ao mesmo tempo viver como se esta minha vida fosse eterna.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica As três experiências.

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Há lugares dos quais vou me lembrar por toda a minha vida, embora alguns tenham mudado; alguns para sempre, e não para melhor. Alguns já nem existem, outros permanecem. Todos esses lugares tiveram seus momentos com amores e amigos, dos quais ainda posso me lembrar. Alguns já se foram, outros ainda vivem em minha vida. Amei todos eles.

A minha vontade é te ligar, pra contar o quanto gosto de você. E te pedir em namoro. E me declarar. Falar palavras lindas, frases perfeitas, poéticas, sensíveis. Mas não! Eu sou uma mocinha. E mocinhas só se declaram depois de um mês de namoro. Ou depois que o garoto fala que gosta delas. Dessa vez vai ser assim. Chega. E se você não desistir mesmo com todo esse teatro que eu estou fazendo, vai ser a prova de que eu precisava pra saber que você realmente vale a pena.

Se, de vez em quando, o leite azeda por aí, não tenho nada com isso; a vaca não é minha. Escolham melhor na próxima vez.

Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, irrequieta na minha comodidade. Pinto a realidade com alguns sonhos, enxerto sonhos em cenas reais. Choro lágrimas de rir e quando choro prá valer não derramo uma lágrima.

Amo mais do que posso e, por medo, sempre menos do que sou capaz. Busco pelo prazer da paisagem e raramente pela alegre frustração da chegada. Quando me entrego, me atiro e quando recuo não volto. Mas não me leve a sério, sei que nada é definitivo. Nem eu ou o que penso que eu sou. Nem nós ou que a gente pensa que tem.

Claudia Letti
Onde não se responde (2004).

Nota: Trecho do texto "Transparências".

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Claro, faço muitos planos. Esse é o segredo para ficar vivo. Toda a minha família é muito forte. Eu tenho certeza de que vou viver pelo menos até uns 70 anos.

Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém.

Melhor te ver correndo pra longe do que empacado em minha vida.

Minha vida é sempre uma montanha russa e, daqui a pouco eu estou subindo outra vez.

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Manuel Bandeira

Nota: Trecho do poema "A Estrela"