Meu Eterno Amante
Contaminaram
os ares do meu
continente com
agente laranja
e as dolorosas
memórias defuntas
dos anos de chumbo:
Ao Império enviei
o meu repúdio
mais rotundo;
Sei da minha
origem ancestral
neste mundo,
Onde ainda há
homens que
adotam por amor
duas honradas
indígenas bandeiras.
A noite promete
ser larga e a fé
sobrenatural
no indomável
amanhecer é
chama que
ninguém apaga,
Houve uma guerra
suja na Bolívia
que resultou
num golpe que
levou ao exílio
o mais ilustre filho.
Do grande pátio
da América do Sul
sempre serei
a maior revoltada,
artífice da palavra
e mesmo com
lágrimas todos
os dias nos olhos,
cansaço nos ombros
e alma indignada
sendo Pátria e Morte
em todas as escalas,
e pedindo a libertação
da tropa e de um
General por religião;
Nos ombros está
presente a dor
da opressão
por cada wiphala
cortada, queimada
ofendida e pisoteada
pelos homens
que não valem nada
e muito menos
as fardas que vestem.
Arabutã
Nos silêncios dos dias
o meu coração começa
a cantar quando penso
como é lindo o amor
que eu sinto e sempre
você o retribui inteiro.
O meu coração canta
sem parar que parece
o encontro de bandas
alegres a comemorar
no auge da Kerbfest,
e assim fico a flutuar.
Arabutã da minha vida
o teu florescer é poesia
pura sem nenhum exagero:
eu te amo cabocla, alemã
e por tua História inteira
de uma linda cidade
de gente amável e brasileira.
O encanto do coração que
se renova nas corredeiras
e quando a trinca de rios
que beijam o Rio Uruguai,
Faz agradecer pela paz
e a querer viver ainda mais.
És motivo da lavoura
da minha alegria toda
e das flores dos ipês da praça
enfeitando quando
caem até nos meus cabelos,
Da água da Cachoeira
em Canhada Grande
tenho orgulho da tua
gente de coração gigante.
Arabutã és terra amorosa,
e não há tesouro exuberante
ou raro diamante que ocupem
no Oeste Catarinense
o meu fascínio pelos sabores
desta cidade entusiasmante.
Araquari
O meu coração é uma locomotiva
imparável de sonhos por ti,
A margem esquerda do Rio Parati
me encontrei e não te perdi.
Os meus sonhos fazem Stammtisch
sempre que for necessário
para fazer te sorrir, fazer feliz
e ter força para na vida prosseguir.
As mãos africanas e as lusitanas ergueram o teu destino
em terras sul-americanas
e honramos as tuas heranças.
O meu coração é um maracujá
perfumado de tanto amor
que virou festa por louvor,
e vê esperançoso o sol raiar
na Praia da Barra do Itapocu.
As mãos dos colonos e pescadores
corajosos ergueram a tua História
em belas terras catarinenses,
por ti eis estes versos perenes.
O meu coração faz ninho
de papagaio e refúgio
por ti com amor e carinho,
e também faz Ponte Pênsil
da Barra do Itapocu
correndo para os teus beijos.
As mãos da gente fervorosa
fundaram a festa por ti
em total agradecimento
ao Senhor Bom Jesus de Araquari.
O teu mangue misterioso
é fonte de todo o desejo,
é dele que se faz a festa
popular do Caranguejo,
a tua herança açoriana
desta memória jamais esqueço.
Araquari, minha adorada,
és jóia preciosa e rara
do Norte Catarinense,
e para sempre por nós será amada.
Atalanta
No Alto Vale do Itajaí
esplendoroso o meu
coração coloca o teu
povo amoroso aqui
bem dentro do meu.
O teu nome de hoje
foi pela vitória
na Copa da Itália,
A tua hospitalidade
é indelével marca.
Atalanta, jóia preciosa,
desta vida a tua
vitória será sempre,
A tua originalidade
é traço lindo e perene.
As tuas origens italiana,
alemã e polonesa,
construíram com fé
essa história brasileira
de tradições e beleza.
Com a Mata Atlântica
que fizeram e fazem
esta cidade romântica
que não se esquece
das araucárias
e dos teus indígenas.
Atalanta, jóia amorosa,
as preces nas igrejas
sempre te erguerão,
porque Deus sempre
ouve as preces da tua
gente boa de coração.
Balneário Arroio do Silva
Os meus olhos carijós
te observam no Túnel Verde,
O meu amor há de chegar
em vôo duplo e em tempo.
O meu versejar sambaqui
escreve que você há
de me amar para sempre,
E o meu coração te amará
igualmente eternamente.
Balneário Arroio do Silva
onde o mar se rende,
É onde tem uma gente
muito amável e valente.
Onde este arroio reverencia
o mar e a gente se entende,
É na Lagoa de Guairacá
que de mãos dadas vamos
combinar de ir na Festa do Peixe.
O meu amor se encontra
na Proa do Monte Roraima
onde as estrelas podem
ser facilmente contempladas,
As oito estrelas beijam
poeticamente o Esequibo
que inteiro as pertence
e o Sol nasce sempre
onde convergem os dois
quadrantes e o destino
do Hemisfério Celestial Sul
escritos pelo Teu desígnio.
O amor nos cobriu
de mel e açúcar,
O teu perfume sexy
ao meu se uniu,
A gente se seduziu
e de ter amor na vida
nunca mais desistiu.
O meu guarda-chuva
branco e vermelho,
é o poético pedido
onde tudo de atroz
tem sido semelhante
num mundo perdido.
A plataforma é unitária
e a agonia é coletiva
por cada prisão arbitrária,
E ali não há nenhuma
gente autoproclamada.
De como está o General
não sei de nada,
ele foi preso injustamente
e para a volta da liberdade
não há nem data marcada.
Como ele tem sido sufocada
é a tropa por cada segundo
que o tempo carrega
e a injustiça que não passa,
neste continente onde
a verdade tem sido silenciada.
Está a caminho no México
a próxima rodada
que além de mim coloca
muita gente esperançada,
firme quero crer que
a triste sorte pode ser mudada.
Venezuela, permita-me
de te chamar de minha
amada Venezuela:
porque sem teu amor
o meu povo não tem podido respirar.
Não sei se o oxigênio mandaram
buscar para o Amapá, quero
saiba que sem o teu amor
o meu povo não tem podido respirar.
Por intercessão de Santa Balbina,
São Benjamim e de todos os Santos,
venho pedindo para este ar infectado
para longe de todos nós o vento levar.
Venezuela, permita-me
de chamar de minha amada Venezuela,
porque o meu povo eu sei
que o seu amor não vai abandonar.
Por intercessão do Universo,
venho pedindo para o teu General
e a tua tropa você libertar,
nunca é tarde para se reconciliar.
Peço perdão
à Venezuela
por tudo, tudo,
aquilo que não
tem perdão,
eles pisotearam
o meu coração.
O teu ar que
é o teu amor,
que é a tua
própria vida
pôde entrar,
e inúmeros
teus ainda não.
Não há mais
o quê esperar
a não ser
o tempo,
a tempestade passar,
e pedir pela tropa
e o teu General
a justiça libertar.
Cada verso este
tempo todo
vive falando
de povos do mundo,
do continente
e do meu próprio povo.
Vivemos em tempo
de falta de escuta,
de orgulho tremendo
e de triste dispersão.
A poesia tem vida
própria e na Pátria
América do Sul
nela inteira habita,
e a responsabilidade
por cada linha é
e sempre será minha.
Urge sobreviver a nós
e aos nós do enfado,
nos dar as mãos
e a viver como irmãos.
Adeus, Salvador!
Falta de aviso não
foi e a tua vida foi
deixada para depois,
pelo teu povo dói
demais o meu coração,
dói como dói por cada
preso de consciência,
à todos só peço paz,
cordialidade e paciência:
Para que neste Ano Novo
não se renove os votos
com o desgosto,
Como foi no dia 13 de março
do ano de dois mil e dezoito,
Que levaram o General à um
injusto e doloroso calabouço.
Coração sul-americano
em todas as glórias
e dores sem engano
do meu povo e suas tropas.
Junto com cada vida
perdida no oceano,
levando palavras
todas engasgadas
na garganta como cravos.
Multiplicam-se os mortos
somados aos bloqueios,
e não faz vista grossa
à existência de torturados.
Firme em plena eclipse
solar parcial,
sem saber do General
preso injustamente,
ainda espera
pela justiça imparcial.
Carregando naufrágios
para si e vivendo de pé
em nome do que é
terno, imutável e místico.
Buscando abrir fronteiras
para o perdão e a reconciliação:
porque crê como criança
no que dizem ser impossível.
Sempre haverá um
condor acompanhando
cada passo meu,
neste peito devoção
há pelo continente,
não sei qual será
o destino da nossa gente.
Talvez a segunda onda
virá ainda mais forte,
será usada como álibi
para a injustiça culposa
do vício daqueles tais
que têm poder evidente.
Sempre haverá um
condor acompanhando
cada verso meu,
que insiste rogar
pela liberdade do General
que está preso inocente,
e por uma tropa igualmente.
Talvez a segunda onda
virá ainda mais atroz,
o Peru amanheceu mais
uma vez sem presidente,
apareceu mais de um algoz,
e não há grupo interferente.
Pela primeira vez nunca
tivemos tão distantes
de alcançar a luz do final do túnel
de cada rincão e dos instantes,
não arrisco a previsão
que virá daqui para frente.
Só sei que a vida por aqui
está a cada dia mais indecente,
e o povo sendo condenado à indigente,
que cada poema me custe o sangue,
tenho orgulho da minha insônia
serena de quem não vive indiferente
neste mundo onde nem as araucárias vivem livres.
Onde a paz não é cantada
prefiro não escutar nada,
o meu coração pertence
aos nobres guerreiros que
lutam por amor à Pátria.
O Mal que acusa uma
Nação daquilo que ele é,
nem mesmo apelando
à todo o alfabeto para
ocultar não vai dar pé.
Estão nos meus dedos
florescendo girassóis
para romper com medos,
e com toda a fé do povo
a Nação será reerguida.
O azul e o amarelo são
as cores do meu escudo
que iluminam mesmo
neste momento escuro
retribuindo a ofensiva.
Os artifícios do passado
para incitar genocídio
e crimes de guerra estão
vindo via folhetins e almas
vendidas fazendo vítimas.
Da trincheira universal
sou a combatente constante,
porque ninguém me põe
submissa ao autoritarismo
e pela liberdade sempre resisto.
Desta Pátria recheada
de escândalos vejo
o destino do meu povo
em queda livre,
Peço todos os dias
que Deus nos proteja
do futuro obscuro,
Porque golpes
em todo o continente
seguem em curso,
A vida pede de nós
paciência e mansidão.
Da Pátria vizinha
só tenho notícias
de sequestro da sigla
dos tupamaros,
De prisões, mortes
e desaparecimento
de líderes chavistas.
A vida pede de cada um
resiliência e serenidade.
De que há mais
de cento e sessenta
dias estão fechados
todos os tribunais
E do General e outros
tantos presos políticos
ninguém sabe mais.
A vida pede de todos
paz e reconciliação.
Em nosso continente
algo bem antes
de três de agosto
no meu peito já previa:
a Bolívia noite e dia
está lutando para
(resgatar a democracia).
Falo o quê dá
para falar
aquilo que não há
como calar.
Em nosso continente
algo muito antes
de tudo isso no meu
peito já previa
que em cada rincão
a noite escura chegaria
(com ou sem pandemia).
Escrevo o quê dá
para escrever
aquilo que não há
como se esquecer.
Em nosso continente
a orfandade tem residência
em cada uma de nossas tribos,
em Pindorama se tornaram
(um oceano de perseguidos).
Canto porque não
dá para gritar,
quem sabe alguém
há de me escutar.
Em nosso continente
há um outro continente
de tribunais fechados
há mais de 140 dias,
um General preso injustamente,
uma tropa e civis tratados irregularmente,
até que me provem o contrário
isso não me sai da minha mente:
um continente dentro de outro continente.
Desde este distante
e meu enfadonho
isolamento social
sou testemunha
ainda viva
de um toque de
recolher na Bolívia
sem nenhum
auxílio alimentar,...
Onde falta bravura
sobra covardia,
o Exército que
ao povo deveria
proteger se colocou
em enfrentamento
na fronteira em Pisiga;
Os abusos contra
a filha mais
frágil de Bolívar
só aumentam todo dia,
há repressão até
para quem ao povo
tenta dar comida,
Abram as páginas
dos jornais e vão
ver que não é mentira,...
Falo por humanidade,
sobre o quê um
vírus foi capaz
de mostrar quem é
gente de verdade;
na pele sinto a dor
daqueles que não
deixam regressar
e dos que foram
surpreendidos e tiveram
a expectativa traída
por todo o lugar
onde deveriam amparar;
Sofrendo por tudo
o quê se passa
nesta Abya Yala,
só não vejo sinais
de vida há mais
de três semanas
da tropa e do General
que está aprisionado
injustamente há
mais de dois anos
por uma grande
miséria existencial
de quem não quer
se reconciliar
e conhecida desgraça.
Alfredo Wagner
No Alto Vale do Itajaí
o meu coração em ti
tocou o Universo com
os dedos e rompeu
com todas as amarras
e receios ao sentir-se
abraçado pelas serras Geral,
da Boa Vista e dos Faxinais:
Alfredo Wagner querido
de ti não esqueço jamais.
O teu passado de Barracão,
da coragem na plantação
e do amor fundamental no tempo
erguido e do teu povo amigo
além distâncias os levo comigo.
Nas nascentes do Rio Itajaí
em ti me reencontro
em cada suspiro e sonho,
Meu querido Caeté,
o meu coração te entrego
em cada verso te celebro
e nas águas do Adaga
flutuante eu me destino
a arquitetar o nosso reencontro.
Quase todos do meu
povo por aqui seriam
mortos pela fome
em quatro meses,
não digo que
antes estava fácil,
mas o país parado
tem amendrontado:
A situação ainda
não foi esclarecida
e tampouco ainda
está sob controle,
Sem querer ser
negativa sinto
que a miséria
está sentando praça,
muitos não falam,
mas a comida
está ficando pouca.
A solidão é chilena
em total estado
de catástrofe
sob a mira carabinera.
O enemigo invisível
não foi vencido,
teremos mais sete
dias de isolamento
social a partir
de quarta-feira,
imagino que a fome
para uns já deve
estar dando até tonteira.
A Bolívia voltou a ser
terra onde falta tudo,
por causa de quem
não sabe governar
nem antes da pandemia.
Não há como ignorar
além fronteiras do meu país,
e tampouco fechar os olhos
para o quê se passa
na América Latina,
não se sabe se a tropa,
o General preso injustamente
e tanta gente estão
com comida suficiente,
só se sabe mesmo
é que a visitação está proibida.
Nem que seja a última
canção que eu escreva,
Por você sou capaz
de escrever até no teto
do meu quarto mesmo
sem poder sair
para ver as estrelas:
Os meus beijos
envio no formato
de mil e diários poemas,
No oceano Rapa Nui
de minhas letras,
cada verso são minhas
escamas de sereia;
Por premonição vejo
você estacionando
o carro com o mesmo
tamanho de Makemake,
Somos proximidade
e inseparáveis,
sutil atmosfera que
fisicamente não existe,
porque antes de tudo
isso acontecer
pelo Universo
estamos destinados
a dar certo neste
caminho pela Lua
iluminado e cheio
lugares estrelados,
não nascemos
para viver separados.
