Meu Eterno Amante
Sabe o que percebi ontem? Eu não sinto mais ressentimento em relação à Bia e em meu coração, de algum modo, não sei como, não sei quando, eu encontrei uma forma de perdoá-la, pois quando eu estava agoniada em relação ao meu relacionamento foi tão fácil conversar com ela e contar tudo.Ela me perguntou: "Você está apaixonada por ele? Se você vir que isso não vai dar em nada, pule fora antes de sofrer". Eu não soube responder o questionamento dela, mas me senti grata pelo conselho. Então hoje eu poderia ter ficado em casa, sabe? Mas eu senti que precisava ir, porque hoje era o dia em que ela apresentaria o TCC e eu de alguma forma senti que precisava estar lá, que precisava estar lá por ela. Isso soa um pouco bizarro, não? Depois de tudo que aconteceu entre nós...Mas eu fui, tentei acalmá-la, fiquei ao lado dela a noite toda e quando todos a aplaudiram , eu aplaudi também e senti orgulho dela. Foi nesse momento, com a chuva de aplausos que eu percebi como eu queria, mais que queria, como eu precisava estar ali por ela, como me orgulhava dela e como eu a tinha perdoado, como em meu coração eu encontrei essa forma secreta e silenciosa de perdão. Eu sei que nossa amizade talvez nunca mais volte a ser o que era, aliás, eu duvido que volte, mas o importante é que eu a perdoo, de todo meu coração eu a perdoo!
Quando ele foi para casa, após bebericar alguns goles do de licor de canela do meu copo, eu fiquei um tanto quanto melancólica. Uma parte minha- a menor parte, graças a Deus- quis abraçá-lo e dizer para jamais ir embora e para me beijar até meus olhos se virarem do avesso, até eu perder o ar, até o dia clarear e a noite ser deixada para trás. No entanto, uma parte maior- a parte dominante do meu ser- movida pelo orgulho, virou o copo de licor com elegância, sorriu e pediu aos demais que horas eram, se podíamos ir para a festa, pois afinal era sábado de madrugada e não tínhamos tempo a perder...
Meu querido F, Supostamente, eu não deveria estar lhe escrevendo, pois lhe escrever é lhe entregar uma parte da minha alma, uma parte de minha sensibilidade, no entanto, acho que você merece isso , merece ao menos uma carta, e eu espero sinceramente que seja só uma. Agora que acabou eu posso gritar as palavras que me sufocavam, agora que acabou eu posso me permitir engolir esse nó que estava se formando em minha garganta pouco a pouco. Eu sei sobre sua ex. Eu sei que vocês voltaram a ficar e que é questão de tempo até reatarem o namoro. Eu poderia me fazer de sonsa, de desentendida e fingir acreditar que é sua mãe que está ligando quando toca seu celular , mas eu não sou esse tipo de garota, me desculpe. Eu estou, admito, dividida entre a serenidade e a descrença, pois enquanto uma parte minha deseja que você seja feliz , outra parte apenas aguarda para ver quanto tempo esse relacionamento vai durar dessa vez, quanto tempo ela vai demorar para colocar outro chifre em você. Eu sei que é arrogante de minha parte, mas seria divertido ver você quebrar a cara ao perceber que escolheu a garota errada. Porque a garota certa sou e sempre serei eu, mas quando você perceber isso será tarde demais para flores e bombons, tarde demais para você tentar agir como um cavalheiro, tarde demais para me amar. A verdade é que você nunca soube me cativar, nunca soube falar a minha linguagem do amor, pois eu sou feita de versos, eu sou feita de poesia e eu merecia amor. O fato é que eu não me permiti te amar e se você me perguntar o porquê disso eu não sei explicar para mim mesma. Talvez no fundo eu soubesse que você não era o suficiente para mim e nunca seria. Eu acho que é isso, eu sabia que você nunca seria extraordinário o suficiente para se encaixar na minha vida e no meu coração. Talvez também eu tenha me tornado uma pessoa amarga ao longo dos anos e não me permita amar mais ninguém... eu não sei. O que eu sei, ou que gostaria que você soubesse, mais precisamente falando, é que eu acho você um cara legal, inteligente e decente- de longe , o mais decente com quem já me envolvi- mas você está fazendo um papel de otario nesse momento. Eu queria que você soubesse que se porventura a gente namorasse eu não iria restringir sua liberdade como ela faz, pois eu acho que o amor tem que ser livre para ser amor e do contrário é prisão domiciliar , é regime fechado, é prisão preventiva, é medida cautelar, mas não é amor. Eu espero que você encontre o que está procurando e lhe desejo sorte nos dias que virão. Por fim , quero que saiba que é você quem decide se isso pelo que estamos passando são reticências ou um ponto final, pois eu acredito no princípio do in dúbio pro reo e concedo o benefício da dúvida e uma segunda chance, mas jamais uma terceira. -de sua meio amiga e meio amor, Audrey.
Então há poucos minutos eu larguei meu livro e me sentindo um tanto quanto sozinha, vim escrever em você, diário, pois toda vez que me sinto sozinha você consegue preencher essa solidão, ou eu mesma preencho minha solidão com palavras e algo de vazio em mim de repente torna-se cheio e não me sinto mais tão triste. Eu contive minha vontade de escrever ao Rick, também, pois toda vez que sinto a saudade apertar eu escrevo a ele, e isso faz com que eu me sinta melhor, mesmo que ele nunca vá ler essas cartas. No entanto, escrever a ele é amá-lo cada vez mais, é perpetuar esse amor em suas páginas, é me machucar profundamente e eu não quero mais isso. Basta! Tem que bastar de uma vez por todas! Agatha Christie menciona em “A Morte no Nilo” que: “ O que importa é o futuro, não o passado”. Eu sei que o passado faz parte de nós, que nos tornou quem somos hoje, mas o fato de ele ser importante não significa que devemos viver acorrentados a ele, não é mesmo? Eu estou acorrentada ao Rick por correntes invisíveis que eu mesma criei ao longo dos anos e isso não está certo, não é saudável para mim. (Anseios de uma jovem escritora)
Meu querido Rick, sei que não escrevo há muito tempo, e eu inclusive deveria tomar juízo e parar de escrever estas cartas bobas. Hoje, no entanto, estou aflita e precisei escrever para não sufocar com minhas preocupações. A prova de matemática é amanhã e por mais que eu tenha passado a semana estudando, não sei se saberei resolver as questões. Eu não sei lidar com ângulos, formas geométricas e raízes quadradas juntos e misturados em uma questão. Pensando bem, eu não sei nem lidar com eles individualmente. Acontece que eu não sou feita de números e lógica, nada disso. Eu sou feita de palavras, de advérbios que intensificam, de substantivos que explicam, de verbos que dramatizam, e de pronomes que apresentam, demonstram e captam todo amor que eu sinto por você. Sinto-me neste momento banhada de luz pelo sol que se põe e pelas listras azuis e rosas que se formam no céu da tarde. Imagino se você está olhando para o céu agora, mas creio que não...você deve estar flertando com uma garota qualquer, comemorando um gol ou andando de bicicleta na avenida em alta velocidade e de braços abertos para mostrar que você é destemido. Você deve estar tendo uma vida incrível, cheia de amigos, de novidades, e eu estou perdendo essa parte da sua vida. Cada dia que passa, uma nova página da sua vida é escrita, cada mês, um capítulo, cada ano, um novo livro, e eu vou sendo deixada para trás, e o garoto que eu conhecia vai ficando no passado e eu vou deixando de conhece-lo, de reconhece-lo, de entende-lo, como se eu fosse uma leitora voraz tentando ler todos os capítulos da sua vida, mas sempre acabo ficando para trás, em algum canto esquecido de sua história, de sua memória.
Fico pensando se eu te encontrasse por acaso na rua um dia, em uma dessas reviravoltas do destino, eu fico me perguntando se eu te reconheceria e se você me reconheceria. Uma parte do meu coração me diz que eu sempre vou te reconhecer em qualquer lugar do mundo, em qualquer situação, mas será mesmo? Será que você mudou tanto quanto eu sinto que mudei? De qualquer modo, eu lhe desejo sorte na sua vida e jogo mil beijos às estrelas, como se elas pudessem entrega-los a você...
-Annie.
(Anseios de uma jovem escritora)
23 de fevereiro
Meu querido Rick, eu sei é tarde, pois já passa da meia noite, mas me perdoe a má- caligrafia, me perdoe o sentimentalismo. É que sentimentalismo é meu nome do meio e não consigo ficar séria quando penso em você e quando a música “When you´re gone”, da Avril toca, pois ela me faz lembrar de você e de todos os sentimentos que transbordam por meu coração a ponto de eu não conseguir contê-los, a ponto de eu precisar escrever para não sufocar. Os anos longe de você parecem décadas e me sinto perdida quando penso que já faz tanto tempo, que você tem outra, que é tarde e estou perdendo meu tempo escrevendo em vão, que esse amor é sem esperança e sem futuro, e que eu te amo, te amo, te amo de forma enlouquecedora e esse amor me queima de dentro para fora, fazendo com que eu não consiga amar outro além de você. Perdoe esses versos sem sentido, perdoe o meu amor, embora talvez, quem sabe, você riria dele se soubesse. Você sairia anunciando aos quatros cantos que te amo e como sou insana, e talvez você tivesse razão pois eu me sinto cada vez mais insana conforme o tempo passa e deixo de estudar e construir meu futuro olhando as estrelas e pensando desiludida em você, e às vezes me acho tão idiota e débil…Eu estou tendo um ano bom, todavia, minha melhor amiga foi embora e isso me faz ficar ainda mais triste, e até as aulas estão sem graça sem ela. Eu sou um tal qual uma mocinha de filmes antigos; frágil, doce e sentimental, e tenho medo de não conseguir encarar os desafios que a vida me impõe, contudo, até agora estou indo bem, estou lidando super bem com as aulas, com meus compromissos do dia a dia, com a adolescência, e olha que a adolescência não é fácil! Devo dizer que estou amando estudar as orações coordenadas e subordinadas na aula de português, embora isso não seja novidade, pois eu amo português! Eu não deixo de sorrir toda vez que a professora Rosa entra na sala e nos explica uma nova classificação de orações, ao mesmo tempo em que meus colegas sentem vontade de pular da janela sem hesitar. Quem sabe nem todos consigam compreender o amor, a magia, a poesia que brota nas entrelinhas… Queria saber como você está e quem sabe vê-lo um dia, mesmo que de longe, só para servir de alento, só para dar uma folga para essa saudade que sufoca. Talvez se eu fizer um pedido a uma estrela, ela atenda meu desejo e permita que eu te veja, mesmo que de longe, como aquele dia na sexta-serie, aquele breve momento de doçura. Eu me subordino a você como uma oração sem sentido, sem complemento, pois meu complemento é você e sem você estou fadada a vagar por aí como uma oração subordinada, que não é totalmente clara, que depende de outra, que depende de algo, que depende de você. Sei que isso é errado, mas é a realidade, e é provável que o que eu queira te dizer com esse momento de prolixidades seja apenas isto: eu sinto sua falta.
-Annie.
(Anseios de uma jovem escritora)
Era surreal estar na Grécia com o mar egeu ao meu redor, as pessoas falando “kalimera” nas ruas, as praias paradisíacas, as colunas do partenon, a mitologia e a história se espalhando no ar com o giro do vento. Se eu estivesse na França, na certa me sentiria parte de um quadro de Renoir, mas eu estava na Grécia e me sentia parte de um cartão postal, um daqueles com uma linda moça sorridente de vestido, e ao fundo, as construções brancas e azuis de Oiá. Eu sou a moça do cartão postal e ela é feliz, extremamente mais feliz a cada dia que passa, e ela ri, ela quebra pratos no chão enquanto dança
“ Sirtaki” , ela vira um copo de raki e admira a glória do Partenon. Ela sobe as escadas de Santorini, nada no mar Mediterrâneo, se ajoelha perante o templo de Zeus, ela tem a persistência de uma espartana , ela é abençoada por Apólo.
Coloquei música no meu ipod e uma melodia suve me invadiu. Garoava lá fora e a cidade parecia levamente cinzenta. Pessoas andavam na rua apressadas com seus guarda-chuvas enquanto Edu Lobo e Tom Jobim cantavam “Luiza” no meu ipod fazendo eu divagar e pensar em como seria morar ali, se seria caótico, se seria mágico, se as pessoas liam Erico Verissimo e ouviam Tom Jobim, como eu. A chuva caía suavemente escorrendo pelo vidro da janela e uma moça corria segurando um guarda-chuva vermelho. Eu achei a imagem digna de um quadro e se eu fosse artista eu pintaria um quadro, mas eu sou escritora, então escrevo, então descrevo. Descrevo como o guarda-chuva revolto se agitava com o toque do vento, de como a garoa aos poucos queria se transformar em uma chuva. Descrevo como um sol preguiçoso se escondia atrás da névoa... fui tomada de uma onda de suavidade e eu tive me segurar para não cutucar Josh no banco da frente e mostrar a música que eu ouvia e dizer como era bonita, como era poética. Eu queria dizer que o cenário lá fora combinava perfeitamente com a música e como daria um belo quadro, uma bela canção, um belo poema. Eu queria dizer tudo isso, mas me detive. Ele certamente acharia que eu era idiota. Eu não sei dizer diário porque pensei em cutucar Josh e falar para ele sobre bossa nova e sobre poesia aquela hora da manhã. Não sei explicar logicamente a mim mesma porque entre tantas pessoas ali no ônibus eu pensei em Josh. Não sei dizer porque eu pensei que certamente ele seria a única pessoa no mundo que poderia entender, que poderia me entender. Pensei que nenhuma de minhas amigas entenderia aquele momento de sensibilidade em que a chuva caía suavemente e como a música corria por minha mente, levando-me com ela. Nenhuma de minhas amigas entenderia pois elas jamais teriam a sensibilidade suficiente para isso, para sentir a música e a poesia correndo pelo corpo como chuva, mas eu pensei que Josh entenderia e não sei dizer ao certo porque tive essa sensação naquele momento.
23 de dezembro
Meu querido Rick, por muito tempo hesitei se deveria lhe escrever de novo pois desde que percebi que o amor que eu tinha por você cessou pareceu-me inútil lhe escrever. No entanto, eu preciso lembrar que te amei por quatro longos anos e por isso creio que eu lhe deva pelo menos isto: uma carta de despedida.
Eu queria dizer que eu te amei vagarosamente, pouco a pouco, pelos detelhes, pela gentileza, pela forma doce como você me acolheu quando eu comecei a estudar com você na quarta-série, apresentando os colegas e os professores e se oferecendo para me acompanhar até em casa. Eu te amei quando você elogiou minha tiara cor-de-rosa e por isso eu passei a usar tiara todos os dias. Creio que todas as meninas fiquem bonitinhas de tiara aos 10 anos, mas na minha mente eu era a mais linda pois você disse que eu era e eu acreditei. Eu te amei quando você me trouxe um bombom e quando pediu para ficar comigo na quinta-série. Eu te amei em cada detalhe de uma maneira doce que era só minha, por isso eu tinha medo que qualquer pessoa estragasse esse sentimento. Eu tive medo que alguém interferisse nesse meu sentimento e tornasse ele amargo. Talvez tenha sido por isso que eu odiei tanto a Tati: ela poderia vir a ser uma ameaça. A Tati sempre foi bonita e a maneira como você a olhava me irritava tremendamente. Eu lembro como eu subia nas árvores da escola na quarta-série para ficar olhando para você. Lembro de como fiquei assustada um dia em que a bola ficou presa na árvore em que eu estava e você foi lá para pegar. Meu coração parecia que ia se explodir em milhões de pedacinhos! Eu fui te amando pouco a pouco, de grão em grão, e quando vi, Rick, eu estava apaixonada! Eu surtei quando mudei de escola pois iria ficar longe de você e não ver você todos os dias parecia que ia me destruir. Meses passaram, depois anos e eu fui te amando em palavras, fazendo você reviver em meus versos, em minhas lembranças, como um artista que pinta uma paisagem bonita que viu para nunca esquecer dela. Eu te amei em versos, eternizei sua memória em meu coração e passei a sonhar com o dia que eu fosse te ver, que fosse falar com você. Eu sonhava com o dia em que você acordaria e se daria conta que sempre me amou e que essas meninas vulgares não fazem nem nunca fizeram seu tipo. Eu queria dizer que te agradeço por toda gentileza da quarta-série, pelo bombom e por todo afeto que me dedicou, mesmo que sob o meu ponto de vista esse afeto nunca tenha sido suficiente. É engraçado o desenrolar dos capítulos da nossa vida, você não acha? Parece que as coisas acontecem como devem acontecer, Rick, porque quando finalmente você me procurou e pediu para ficar comigo eu de repente não queria mais você. Eu não entendi na época qual era o problema comigo e porque de repente eu não te queria se na minha mente eu te amava perdidamente! Mas a verdade é que eu já não te amava há algum tempo, Rick. Eu amei a lembrança, eu amei o quadro, eu amei a paisagem, eu amei a rosa da primavera que murchou no inverno. Eu amei aquele Rick, aquele Rick que eu conheci na quarta série que era gentil! Isso não quer dizer que você não seja uma boa pessoa, por favor não me entenda mal! O que eu quero dizer é que eu amei a sua lembrança e não propriamente você. Quando finalmente conversamos, eu percebi que você era tão diferente! Pode ser que você tenha tido a mesma impressão de mim, quem sabe, mas o fato é que eu não te reconheci como a pessoa que eu amava e de repente, Rick, eu não queria ficar com você porque eu já não amava você. De repente, sem eu perceber, sorrateiramente, alguém havia entrado no meu coração e ocupado o lugar que anteriormente era seu. Nem eu percebi quando ao certo isso aconteceu. Na verdade, a paixão não é um marco histórico, um evento que você sabe exatamente quando ocorreu e de que maneira. A paixão é como o vento, que vem sorrateiro até você, vindo não sei de onde, não sei porquê e quando você percebe, tornou-se uma ventania. Certo estava Camões, quando disse: “Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê”. O amor é uma ventania que chega sorrateiramente e te leva com ela sem você perceber, Rick. Eu fui levada pelo vento e quando percebi meu coração acelerava quando eu chegava perto do Josh. Quando me dei conta, eu queria ficar falando com ele por horas e horas sobre discos e livros sem razão aparente. Ele me deixa desconcertada. Ele me deixa acelerada e muito nervosa. Quando eu me dei conta que meu coração não acelerava mais por você e sim por ele foi como se eu encaixasse uma peça faltante no quebra-cabeças da minha vida e tudo fizesse sentido. Veja bem, eu nem gosto de quebra-cabeças; eles me irritam pois eu sempre sou muito lerda para montar, porém devo dizer que quando eu encaixei essa última peça do quebra-cabeças que é a minha vida tudo serenou. Eu não sei se você sabe o que é amar alguém e como é sentir o nervosismo, o coração acelerado, o panapaná de borboletas do estômago, mas eu desejo que um dia você saiba, Rick. Eu desejo que um dia, subitamente, como em uma armação do destino, você encontre uma garota que te faça perder a fala, que te deixe constrangido, que vire seu mundo do avesso! Eu desejo que ela te ensine a amar, Rick. Talvez um dia certo? Sei que você não acredita no amor e a maioria dos garotos na sua idade não acredita, mas eu acredito no amor, Rick. Eu acredito que o amor é esse sentimento doce e mágico que nos eleva, nos transborda e nos consome. Espero que um dia você entenda. Então eu lhe desejo toda sorte do mundo e que você tenha uma vida maravilhosa e realize todos os seus sonhos.
Com amor,
-Annie.
(Anseios de uma jovem escritora)
13 de maio
Querido Josh, hoje é meu aniversário. Claro que você sabe disso porque a prof. Mia fez todo mundo cantar parabéns para mim na aula de literatura. Todos cantaram parabéns e na hora do “com quem será? ” Disseram seu nome. Eu quis que um buraco se abrisse no chão para me engolir. Você retrucou a disse para a professora Mia que se casaria com uma velha rica. Ela te chamou de idiota por abrir mão de “uma jovem bela” como eu por uma velha rica. Eu ri no momento, mas agora eu sinto a depressão se arrastando sobre mim. Eu fico pensando se ter feito você esperar pelos meus 15 anos para me beijar teria tornado as coisas diferentes. Teria feito você me amar? Eu creio que não. Eu não sei se certas coisas são evitáveis e você escolheu mentir para mim e isso é imperdoável. Mesmo te amando eu me pergunto se um dia eu poderei confiar em você novamente pois o fato de você mentir para mim quebrou qualquer confiança que eu poderia ter em você ao longo do tempo. Eu ando pela sala e olho um retrato do ano passado-semanas antes da formatura- e acaricio seu rosto. Maria Bethânia canta no rádio e eu choro pensando que “no nosso retrato pareço tão linda”. Eu estava linda. Eu estava feliz. Eu estava inundada de amor e poesia e...esperança. Eu era completamente diferente na época e nem sabia! Eu nem sabia que te amava, Josh! Eu nem sabia que dentro de mim cabia tanto sentimento! Josh, estamos tão felizes na fotografia e eu era feliz, eu era feliz, Josh! Tom Jobim e Chico Buarque não leram minha alma ao comporem a música pois eu não existia na época, mas eu agora me sinto desnuda como se Bethânia revelasse todo sentimento em mim. É como se eu visse toda minha dor de uma vez só exposta no rádio, exposta em carne viva para qualquer um que passar na rua ver. Ver que eu te amo. A minha dor é tão evidente que eu até tenho olheiras. Eu, no auge dos meus 15 anos tenho olheiras e eu nem sei quando ao certo elas surgiram. Elas surgiram do dia para a noite tal qual meu amor por você e como ele elas me ferem continuamente e me maltratam, como me maltratam! Pensei em te ligar e dizer confusões no gravador, algo para você me notar, para pensar em mim e para certamente me achar tão ou mais ridícula do que você já acha, do que você já pensa de mim. Ano passado era dezembro de um ano dourado, era amor, era primavera, era verão, era poesia, era calor, era delírio. E hoje eu já nem sei o que é. Eu já não me reconheço mais, eu não pareço fazer mais parte desse mundo como Marilia de Dirceu a procurar seu amor, seu amante que nunca voltará. Quando a prof. Mia contou a história de Marília eu quis chorar pois Josh eu sou a Marília de Dirceu do século XXI! Eu sou a moça esperando na janela para o cavalheiro vir busca-la, vir amá-la para tirá-la do sofrimento e ela chora! E ela sou eu e eu já não sou a moça sorridente do retrato. Eu já não sou tão linda e meu sorriso não é mais luminoso e meus olhos estão sempre molhado e eu sinto uma dor que eu não sabia ser possível sentir! Eu queria gritar com você e dizer que você me desgraçou para sempre e que eu te quero tanto! Eu gostaria de poder voltar...voltar para dezembro, para o bolero, para um tempo em que minha alma exalava Tom Jobim e bossa nova e eu amava sem saber, mas já amava você. Eu sinto que não terei teus beijos nunca mais e penso que não é justo, não é justo porque eu te amo. Era para você ser meu e eu ser tua! Era para você ser Dirceu e eu Marília e você cantaria para mim ao pôr do sol e diria “carpe diem” porque o dia acaba e precisamos vive-lo antes que seja, tarde, antes que ele vá. E no fim de tudo a minha carta é um lamento, um pedido, uma súplica. É um pedido para você me amar antes que seja tarde pois a adolescência é um pôr do sol e quando a gente pisca é adulto sem perceber. Eu quero que você aceite meu pedido e me abrace ao pôr do sol porque logo anoitece e sinto frio. Segure minha mão e vamos ver o pôr do sol antes que ele morra, antes que eu cresça e te esquece, antes que eu desfaleça. Ao invés disso seus olhos fogem dos meus e eu não sei se te esqueço ou se olho o retrato, mas rezo para que a música não seja uma profecia e que eu ainda te beije, que ainda haja esperança para nós dois.
Com amor, Annie.
30 de abril
“Escrevo-te estas mal traçadas linhas meu amor porque veio a saudades visitar meu coração”. É assim que Erasmo Carlos começa a música A carta, a qual compôs com Renato Russo, mas eu acredito que eles não iriam se ofender com o fato de eu dedicar essa música para você. Eu dedicaria toda poesia do mundo a você se pudesse. Eu escreveria cartas e mais cartas se isso trouxesse você para mim. Seria tão lindo, tão épico se eu lhe mandasse uma carta e você de repente respondesse docemente e dissesse que sempre me amou, dissesse que foi um idiota e que fez isso só para se achar para os seus amigos, mas que seu coração conta outra história. Dissesse que seu olhar conta outra história. É difícil entender a complexidade de meus sentimentos, meu amor sem fim e o ódio que inflama. Eu já não me conheço e me vejo fazendo coisas idiotas que eu mesma condenaria ano passado. Por exemplo ontem depois da aula eu te liguei. Eu liguei para sua casa e você atendeu. Meu mundo inteiro parou naquele momento e eu ouvi você repetir “alô” diversas vezes quando o que eu queria era dizer “eu te amo” quando eu queria que você dissesse que me amava. E isso foi ridículo, ridículo, ridículo! Depois eu liguei para Sandra e contei o que tinha feito e ouvi ela me chamar de idiota sem parar pensando que merecia um sermão da minha amiga pois eu havia sido louca. Imagina se você descobre se sou eu? Imagina se você nem descobre que sou eu. O Luís do segundo ano contou ontem no recreio que você falou de mim para ele e ele disse que quando você falava de mim era diferente. Disse que pelo jeito que você falava parecia que você gostava de mim. Meu coração se inflamou com essa informação- que eu nem sei se é verdade- e eu fiquei toda agitada. Frejat canta “eu não sei dizer te amo” e traduz tudo o que eu sinto. “Se você fosse calmaria eu seria temporal”. “Eu não se dizer te amo”. Eu aprenderia mil línguas- até mandarim- para dizer que eu te amo se isso tornasse tudo mais fácil, se você fosse rir e me puxar em direção a seus lábios. Será que você também não sabe dizer “te amo”? Eu sei que eu não sei. Eu nunca disse pessoalmente, de verdade, olhando para a pessoa face a face. Eu ficaria pálida, desmaiaria e faria o maior papelão. Se eu tivesse certeza de seu amor eu gritaria, eu arriscaria pular, arriscaria passar vergonha e falaria, cantaria, gritaria com toda força de meus pulmões como eu te amo. Como eu ardentemente te amo. Eu tenho vergonha de dizer que eu decorei seu número- só para se precisar- mas sejamos realistas, quando é que eu precisaria? Nós não fazemos trabalhos juntos nem nada na escola. Na verdade, quando a professora começa a falar “trabalho” a Lola gruda em mim como uma sanguessuga e não deixa ninguém chegar perto. Eu deveria te dar um gelo, eu sei- se isso fosse fazer você correr atrás de mim- mas eu não sei porque é tão fácil ignorar outros garotos e não você. Você tornou o mundo um lugar bem difícil para mim, sabe? Eu não consigo amar mais ninguém. Eu penso- com muita integridade- muitas vezes em tentar descobrir se você ama alguém para assim ajudá-lo a ficar com ela talvez, mas a quem estou querendo enganar? Eu não sou tão evoluída assim, nada disso. Eu quero que qualquer garota que olhar para você arda no mármore do inferno e eu quero ser a única e dizer te amo, te amo, te amo, te amo!
02 de julho
Meu Querido Josh,
Escrevo para lhe dizer sobre o amor que pulsa no meu peito, o amor que arde dentro de mim e me dilacera em milhões de pedacinhos sob o asfalto. O meu amor é doce e é todo seu. Sinto como se jamais pudesse haver ninguém mais exceto você e me envergonho em dizer que eu perco o sono pensando em você. É que eu não sei como dizer que eu te amo tanto! É que como Cazuza, eu preciso dizer que te amo, mas não sei como pois não existe um manual de instruções para dizer a uma pessoa como agir numa hora dessas! Seria tão mais fácil eu mandar uma de minhas infinitas cartas de amor e deixar que as palavras falassem por mim e – quem sabe- invadissem seu coração com doçura. Quem sabe? Eu sou tão sua e você nem sabe! Eu sinto uma necessidade dilacerante de gritar esse amor aos sete ventos e explicar, tentar ao menos, como meu amor é seu e como eu queria que você me quisesse também. Tanta gente quer tanta coisa e eu só quero você. Meu amor é simples, mas não é simples dizer o que sinto pois me parece que se eu falasse por horas não seria tempo suficiente para lhe explicar meus sentimentos. Sentimentos se explicam? Eu acho que sentimentos são inexplicáveis, assim como eu, assim como a adolescência e o amor a gente somente sente. O amor é um salto de fé em um abismo e eu salto sem saber o que me espera. Eu sei que pareço tola e você certamente dirá que eu sou, mas meu bem, é o amor que me faz tola e me faz perder os sentidos! Por isso escrevo tão desajeitadamente tentando buscar inspiração e palavras para dizer aquilo que não se explica e somente se sente. Eu preciso dizer que te amo tanto! Você me dirá que sou idiota, mas eu no momento não me importo. Eu não sei se rirá de mim ou se será educado ou se- talvez- vá me segredar que sente o mesmo? Por que eu sinto que você se sente exatamente como eu? Eu sinto seu amor como algo confuso e indefinido, como a melodia de um desenho incerto de Erico Veríssimo que viaja pelo ar buscando, analisando se há reciprocidade e eu lhe juro que há! Se me segredar que há outra, no entanto, eu já não sei como irei reagir e não sei se a doçura não me empedrará nas veias e me tornará amarga como um leite que azedou. Eu não sei se meu amor é extenso o suficiente para desejar que você seja feliz com outra. Acho que não sou tão evoluída assim. Enfim, minha carta era uma experiência para encontrar palavras para me declarar para você, contudo, eu não as encontrei. Talvez eu saiba o que dizer quando a hora chegar. Talvez eu paralise e faça papel de idiota. Eu só sei que eu te amo tanto!
Sua Annie.
As coisas não fazem sentido e a dor vem e vai com pontadas desconfortantes em meu peito e penso se eu de repente não mereci isso. Penso se em algum momento- possivelmente fevereiro- eu não fui feliz demais e o universo esteja contraponto esse sentimento com uma tristeza excessiva para equilibrar os sentimentos dentro de mim. Estarei eu sendo punida por algo que fiz? Algo que deixei de fazer? Acaso atraí a fúria dos deuses sendo feliz demais ao pensar que uma vez na vida meu amor era correspondido? Descobrimos que não era. Nunca foi. Algum dia será? Será que eu entre tantas pessoas não mereço amor? Tanta gente quer ganhar na loteria, ficar rico, comprar um carro, mudar de país, e eu só queria ser amada. Eu só queria querer e que a outra pessoa me quisesse de volta. Era tudo o que eu precisava. Talvez a vida tenha outros planos para mim e não me permita viver o amor. Quem sabe a vida guarde essa dádiva para alguém mais merecedor do que eu. Ou quem sabe a vida me destine grandes feitos e um amor correspondido se torne banal diante de minha missão no mundo. Quem sabe eu me torne uma mulher incrível que descubra a cura do câncer, e aí qual será a importância de viver um amor correspondido? Ouço o Cd do Keane e choro porque eu queria que só uma vez um garoto me amasse. “We might as well be strangers” toca e eu penso que eu e Josh poderíamos ser estranhos em outra cidade, em outro mundo se nossos caminhos não tivessem se cruzado. Se eu não tivesse mudado de escola hoje seríamos estranhos e não haveria tanta dor em mim." Eu te amo". Segurei essas palavras antes que elas pulassem de minha boca e ele escutasse, estragando tudo entre nós para sempre. O observei se afastando e abracei meu próprio corpo que já tremia de saudade dele. O ar soprava forte embaraçando meus cabelos e obstruindo minha visão tornando assim tudo pior. E daí eu explodi, explodi dizendo que o amava tirando um grande peso do corpo e da alma e sem perceber me lançando sobre um abismo. Porque o mundo é cruel, as pessoas têm que fingir não se importar, sofrer em silêncio e se roer de dúvidas. Do contrário você é bombardeado por todos. Isso e tão verdade, porque todo mundo ama alguém, mas a sociedade hoje tem essa coisa se “pegar sem se apegar” e quem se declara e não segue os padrões é ridicularizado. Eu vejo pelas músicas sertanejas. Tudo é na base do “pego, mas não me apego” e isso me parece tão errado! Amar é ato de integridade. Amar é ato de coragem
18 de dezembro
Querido Josh, faz tempo que eu não te escrevo, eu sei, e peço desculpas, mas meu coração passou por tantas reviravoltas nesses dias que eu mal consegui formular meus pensamentos. É estranho como as coisas acontecem e porque acontecem. Josh, se eu te contar sobre Yuri você não acreditaria. Não acreditaria que eu descobri que estou apaixonada por ele e que descobri isso somente porque ele quis ficar com Sandra e eu fiquei furiosa. Fiquei furiosa porque fiquei com ciúmes e me vi perdida em sentimentos que eu nem sabia o nome. Acontece que eu não estou mais confusa. Eu passei muito tempo pensando, eu passei muito tempo te amando e ainda te amo. Acredite quando eu digo que não é fácil te amar porque você é pessoa mais complicada do mundo, mais até do que eu e você me confunde. Você constantemente me confunde com sua frieza excessiva e depois com sua atenção, com seu intuito de me cortejar que me deixa tonta. Eu preciso dizer que quase explodi de felicidade quando te vi início do mês indo ajudar seu pai no tralho e pedindo como eu estava, se eu estaria nas jantas e aí quando você veio querer ficar comigo eu derreti como sorvete. Eu sei que a gente não ficou, eu sei que a gente quase ficou e deveria ter ficado, mas se você soubesse a confusão que estava meu coração naquele dia.... eu sentia que estava a mercê do destino como um marinheiro que espera o vento favorável para zarpar com o seu barco e eu só percebi a extensão e a intensidade de meus assentimentos hoje à tarde. Estávamos almoçando na casa da minha tia. Ela sabe que eu tenho um “crush” em você e disse que quando foi colocar o lixo para fora viu você passeando com seu cachorro. Eu quase engasguei. Eu quase cuspi todo mousse de abacaxi no pote de sobremesa e saí correndo pois era o que eu queria fazer. Eu queria ir para casa de papai, pegar o cachorro e sair correndo até perto da casa de minha tia, que é perto de sua casa. Eu queria pegar o cachorro e sair correndo para onde quer que você estivesse e foi o que eu fiz. Eu disse para Larissa que eu estava com cólica e que precisava deitar. Ela estranhou, mas pela minha cara viu que eu armava algo e eu expliquei no caminho que eu precisava ver se você estava por perto, precisava conversar, precisava te ver e Larissa colocou o cachorro na guia e eu tomei um copo de água e saí correndo. Você deve achar que eu sou louca e eu sou, eu sei. Eu sou doida mesmo, querido, eu sei, mas é que eu te amo com uma intensidade avassaladora que nem Deus nem os homens explicam. É algo idiota, certo? Ir para a casa do meu pai, pegar o cachorro e sair para passear só porque minha tia me disse que te viu passeando com seu cachorro. Eu preciso dizer que o pôr do sol estava lindo no horizonte, o verão dava as boas vindas, havia um leve vento soprando e meu coração dava pulinhos de ansiedade. Já pensou que grande coincidência te encontrar? Eu nem saberia o que dizer. Eu diria: “que supressa, Josh, você por aqui! ”. “Que grande coincidência! ”. Se alguém me dissesse que Eric, Rick ou qualquer outro garoto estaria do outro lado da cidade eu não gastaria minha paciência, minha beleza, nem minhas pernas indo até lá para ver se ocasionalmente o encontraria. Mas minha tia disse seu nome e a partir daí tudo mudou e eu não consegui ouvir mais nada do que ela disse. Pensei que eu precisava te ver e eu fui. É claro que eu não te vi, mas meu coração precisava te ver, por isso eu corri, me arrisquei e fui. Quando eu cheguei próximo ao ginásio de esportes eu olhei o pôr do sol, olhei as pessoas caminhando na rua, olhei a rosa vermelha que desabrochava no canteiro e pensei como eu não faria isso por ninguém no mundo. Pensei que se alguém tivesse me dito que viu Yuri passear com o cachorro- embora Yuri nem tenha cachorro- eu não sairia me perdendo toda à procura dele. Eu não teria feito isso. Então foi que eu entendi. Eu entendi e a consciência me clareou a mente a ponto de quase me cegar a alma. Eu entendi o que o que eu á sabia há muito tempo que era o fato de que eu te amava e que te amava tanto que correria a cidade toda só para te ver mesmo que com a menor possibilidade de te encontrar. Eu te amava tanto que eu fazia besteiras sem nem notar. Eu te amava a ponto de ir até a sua casa se duvidasse, embora eu não fosse tão doida assim porque não teria nenhum álibi para isso. Eu não faria algo assim por Yuri e isso ficou claro em minha mente. Eu não teria saído correndo de casa como se minha vida dependesse disso, mas por você sim Eu não faria isso por ninguém, mas você é a exceção a toda regra que eu já estabeleci na vida. Você é a única exceção, como a música do “Paramore” que eu não canso de cantar. “You are the only exception”, Josh. Sempre foi. Sempre foi você. Você é a exceção de cada rega, a cada frase que eu construo, você é minha fraqueza, meu calcanhar de Aquiles, o pedido que eu faço para a primeira estrela toda noite. Por você eu iria até a lua e ainda além. Eu iria onde precisasse ir por você. A intensidade que eu senti quando pensei em te ver me consumiu e devo dizer que esse amor avassalador me cega e me eleva todos os dias e apesar de tudo o que você fez eu ainda te amo. Eu amo você. Eu amo você e estou apaixonada por seu melhor amigo. Parece piada, mas não é. É fácil amar Yuri, mil vezes mais fácil que amar você. Mas o que eu sinto por ele não é nem de perto o que eu sinto por você e quando eu corria eu pensava nisso tudo. Eu pensava que você é sim a única exceção e que o que eu sinto por você é maior do que o que sinto por ele. Eu não sei o que somos, eu não sei o que seremos. Eu não sei quantas quadras eu corri tropeçando em pedras e no meu próprio coração para tentar te ver, mas eu tive certeza de que se fosse por você eu iria aonde precisasse ir. E se eu te visse? E se eu não te visse? Isso me acalentava a alma. Esse amor é como um fogo que alimenta meu coração e do qual eu não posso fugir. Então essa carta mal elaborada, esse suspiro à meia noite, esse delírio todo é para dizer que eu finalmente descobri. Eu descobri que te amo com a força de uma tempestade e que sou apaixonada por Yuri com uma suavidade de uma chuva. O que eu sinto por você é mais forte e eu sei que é amor. Eu sei que você é a minha exceção, o meu ponto fraco e eu te odeio por isso. Então eu finalizo essa carta dizendo que independente do que passou eu ainda te amo e eu espero que a gente dê certo, de verdade. Desejo mil beijos de boa noite, e desde já um feliz natal, meu querido.
Com amor, Annie.
Ele quebra meu protocolo, derrete meu gelo, fragiliza as barreiras que eu construí e me deixa sem ar, sem palavras, sem defesas...
Meu querido R, é tarde da noite e eu nem deveria estar te escrevendo e sim dormindo. Porém, eu sou uma criatura noturna e necessito escrever quando as palavras vêm até mim. As palavras vieram trêmulas, trôpegas, desorganizadas, mas vieram e eu as acolho, e eu as abraço e as amo. Eu não sei explicar ao certo o motivo pelo qual lhe escrevo aqui e agora. Na verdade, eu sei. Para quem estou mentindo? Se estou escrevendo esta carta significa que estou apaixonada. Completamente, e de repente há Sade e Djavan ressoando-me aos ouvidos. Há música e poesia e o mundo está colorido de novo e fazia tanto tempo que eu não sentia isso. Agora tudo brilha sob o sol e eu nem lembrava como era me sentir assim....você me proporciona todo carinho e ao mesmo tempo o mais doce tabu e eu temo estar viciada em você.
Baby, meu coração é como minha casa; caótico, desorganizado e você chegou sem avisar. Acredite, já esteve bem pior porque havia coisas que não me serviam mais jogadas pelos cantos, cacos de vidro, vinho nas paredes e poesia empilhada. Havia fuligem e um pouco de mofo também pois fazia tanto tempo que eu não recebia ninguém! O último visitante fez um estrago absurdo, mas apesar de tudo eu espero que você não se importe com a bagunça. Apesar da confusão que eu sou, dos meus acessos de frieza e da minha bagunça, eu queria dizer que gostei de ter você aqui e que eu gostaria que você ficasse...
Meu querido,
É final de tarde, é domingo, chove e Djavan invade minha casa, minha alma e de repente estou cheia de palavras, transbordando e derramando versos por aí pois eu simplesmente não caibo mais em mim. Não queria escrever, não queria lhe falar mas foi mais forte do que eu. A poesia foi mais forte do que eu e eu simplesmente vim aqui dizer que meus sentimentos por você são intensos e eu gosto e odeio você com uma intensidade que eu já não sinto há anos. Eu sou intensidade. Odeio os meios termos. Odeio indefinições. Amo certeza. Não gosto de cores opacas, meias palavras ou prontos de interrogação. Eu sou feita de intensidade, de pontos de exclamação. Eu sou doida, eu sou teimosa, eu sou exigente, eu sou workaholic, viciado em café e eu amo você.
Meu amor
Meus versos viajam pelos ares, correm estradas, passam pelo mar, atravessa a ponte até alcançar você, até pousar na sua pele com um beijo enviado pelos ares, como sopro de vida.Você tem encantado demais, como na música do Natiruts, desconcertado meu coração e tranquilizando minha alma, envolvendo meu ser uma calmaria que eu nunca tive o privilégio de ter, de viver. Eu estou achando uma delícia ter você, eu estou que nem me reconheço mais, andando por aí toda feliz, desejando bem até pra quem já me fez mal, vendo até beija-flores pousarem na minha janela. Você me incendei, me encharca e me traz paz. Eu não achava que era possível achar alguém assim. Você é meu porto seguro, ouso dizer, e eu quero cuidar de você. Eu quero amar você e eu já amo! Eu te amo em cada detalhe, do dedinho do pé até o último fio de cabelo e eu amo até as partes que você acha feias, sérias ou chatas demais. Eu te amo pelo o que você é. Um dia você saberá disso. Um dia vamos poder ficar sem medo, sem receios e eu vou dizer… As nuvens de chuva estão se afastando, eu sei. É abril, Natiruts canta, sinto paz e peço que aceite meus versos como um beijo que envio por telepatia.
Segunda-feira pela manhã o caminhão encostou na rua e eu vi, pouco a pouco, meu apartamento começar a esvaziar. As paredes de repente ficaram nuas sem os móveis e com agilidade os móveis eram carregados escada abaixo e colocados no caminhão. O apartamento foi esvaziado e, à medida que isso acontecia, fui ficando aliviada e comecei a chorar. Não eram lágrimas de tristeza, eram lágrimas de alforria. Eu me sentia como se a cidade me sufocasse de fora para dentro. Sem energia, sem vida, sem cor.
Sair dali me trouxe alívio como se eu tirasse as algemas e saísse de uma penitenciária. Foi como se eu tivesse em meu benefício uma medida de habeas corpus e estivesse enfim livre...
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