Mensagens Fortes Machado de Assis

Cerca de 295 mensagens Fortes Machado de Assis

Há criaturas que chegam aos cinquenta anos sem nunca passar dos quinze, tão símplices, tão cegas, tão verdes as compõe a natureza; para essas o crepúsculo é o prolongamento da aurora. Outras não; amadurecem na sazão das flores; vêm ao mundo com a ruga da reflexão no espírito, - embora, sem prejuízo do sentimento, que nelas vive e influi, mas não domina. Nestas o coração nasce enfreado; trota largo, vai a passo ou galopa, como coração que é, mas não dispara nunca, não se perde nem perde o cavaleiro.

Machado de Assis
A Mão e a Luva (1874).

A vontade e a ambição, quando verdadeiramente dominam, podem lutar com outros sentimentos, mas hão de sempre vencer, porque elas são as armas do forte, e a vitória é dos fortes.

Machado de Assis
A Mão e a Luva (1874).

Uma lágrima brotou-lhe dos olhos, quente de todo o calor de uma alma apaixonada e sensível; brotou, deslizou-se e foi cair no papel.

O verme

Existe uma flor que encerra
Celeste orvalho e perfume.
Plantou-a em fecunda terra
Mão benéfica de um nume.

Um verme asqueroso e feio,
Gerado em lodo mortal,
Busca esta flor virginal
E vai dormir-lhe no seio.

Morde, sangra, rasga e mina,
Suga-lhe a vida e o alento;
A flor o cálix inclina;
As folhas, leva-as o vento,

Depois, nem resta o perfume
Nos ares da solidão...
Esta flor é o coração,
Aquele verme o ciúme.

Machado de Assis
Falenas. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, 1870.

A velhice ridícula é, porventura, a mais triste e derradeira surpresa da natureza humana.

Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881).

Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem.

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia. Nacional, 1881.

O amor da glória temporal era a perdição das almas, que só devem cobiçar a glória eterna.

Machado de Assis
Memórias póstumas de Brás Cubas (1881).

O tempo, esse químico invisível, que dissolve, compõe, extrai e transforma todas as substancias morais.

Machado de Assis
Iaiá Garcia

Eu amava Capitu! Capitu amava-me! [...] Esse primeiro palpitar da seiva, essa revelação da consciência a si própria, nunca mais me esqueceu, nem achei que lhe fosse comparável qualquer outra sensação da mesma espécie. Naturalmente por ser minha. Naturalmente também por ser a primeira.

Machado de Assis
Dom Casmurro

A um coração desenganado não há imediatamente compensações possíveis nem eficazes consolações.

Machado de Assis
Ressurreição (1872).

Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só prover os alforjes da memória. (...) Proíbo-te que chegues a outras conclusões que não sejam as já achadas por outros. Foge a tudo que possa cheirar a reflexão, originalidade...

Machado de Assis

Nota: Trechos do conto Teoria do Medalhão.

Engana-se, senhor, trago essa máscara risonha, mas sou triste. Sou um arquiteto de ruínas.

Machado de Assis
Quincas Borba (1891).

Havia talvez debaixo da cinza uma faísca, uma só, e essa bastava a repetir o incêndio.

Machado de Assis
A Mão e a Luva (1874).

A franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência

Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Typografia Nacional, 1881.

Muitas vezes quis dizer-lhe o que sentia, mas as palavras tinham medo e ficavam no coração.

Machado de Assis
Obra Completa, Machado de Assis, vol. II, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

Nota: Trecho do conto A desejada das gentes.

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Que erro será esse? E que necessidade tinha ele de vir lançar-me este enigma no coração?

Mas a natureza não os fez um para o outro. São duas almas excelentes que seriam infelizes unidas.

Machado de Assis
A Mão e a Luva (1874).

É certo que receava perder Capitu, se lhe morressem as esperanças todas, mas doía-me vê-la padecer.

Machado de Assis
Dom Casmurro

A princípio foi esse olhar um simples encontro; mas, dentro de alguns instantes, era alguma coisa mais. Era a primeira revelação, tácita mas consciente, do sentimento que os ligava. Nenhum deles procurara esse contato de suas almas, mas nenhum fugiu. O que eles disseram um ao outro, com os simples olhos, não se escreve no papel, não se pode repetir ao ouvido; confissão misteriosa e secreta, feita de um a outro coração, que só ao Céu cabia ouvir, porque não eram vozes da Terra, nem para a Terra as diziam eles. As mãos, de impulso próprio, uniram-se como os olhares; nenhuma vergonha, nenhum receio, nenhuma consideração deteve essa fusão de duas criaturas nascidas para formar uma existência única.

Machado de Assis
Helena (1876).

Curiosidade e gratidão; – veja se há duas asas mais próprias para arrojar uma alma no seio de outra alma, – ou de um abismo, que é às vezes a mesma coisa.

Machado de Assis
A Mão e a Luva (1874).

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