Mensagem para um Funcionario Destaque do ano
Eu tenho um pé de acerola no quintal. Todo dia ele amanhece carregado, eu vou lá e colho o máximo que posso. Amanhã vai estar cheio de novo. No dia que eu me cansar e parar de colher, ele vai parar de amanhecer carregado. As coisas são desse jeito.
Eu conheço um mendigo chamado João. Sempre que o vejo eu converso com ele. Se eu lhe oferecer alguma coisa, ele aceita. Se eu não oferecer, ele não pede nada. Ele é mendigo há muitos anos e me contou que no início usava a voz pra mendigar as coisas na rua. Um dia ele percebeu que as pessoas não estão tão preocupadas umas com as outras como dizem estar. Então ele se cansou de acreditar e parou de mendigar. Continua mendigo, mas só pra si mesmo, pois compreendeu, após a passagem de anos, que a vida o esqueceu no dia que ele se esqueceu da vida. As coisas são da maneira que são.
Edson Ricardo Paiva.
Um pássaro tristonho
Muito estranho e muito feio
No meio de uma noite
Apareceu num sonho meu
Mas o noite não parou
Pra que eu pudesse compreender
A vida amanhece
E cada um tem seus próprios sonhos
Cada vida traz em si mesma
Pássaros tristes
Pois eles existem
Espalhado pelo caminho
Mas nada mudam
Quando a gente não se entrega
A permitir que um deles
Venha a fazer seu ninho
Aqui no coração da gente
A estrada segue adiante, empoeirada
O pó de uma estrada
É o mesmo pó de todas as estradas
Interligadas
Entradas, saídas, partidas e chegadas
Pássaros tristes
Sonhos e encruzilhadas
A clara luz da tarde iluminando a vida
A vida também não pára
Nem o mundo esperou
Eu chorar minhas tristezas
Espalhadas pelo caminho
No galho seco, um pássaro triste
Que não canta, nem se alegra
Segue as regras que criou
Mas só vem fazer ninho
Quando a gente o convida
Então, alguém de passagem
Verá seu coração pelo caminho
Um galho seco, outra pousada triste
Mas ... se estiver só de passagem
Não vai te esperar também.
Edson Ricardo Paiva
Um dia depois do fim do mundo
A Lua ainda vai estar lá
Vai nascer um dia lindo
Em Plutão
Todas as fotos de cometas
Terão explodido
Juntamente com as gavetas
Armários e arquivos
Mas um cometa vai passar no Céu
Lançando um breve olhar furtivo
Sobre um espaço vazio
Que ficou no vazio do espaço
Então, alguém que estiver distante
Vai pensar na gente
De um jeito que ninguém pensou
Pois
Por mais tempo um povo viva
Nunca se vive o bastante
Um dia depois do fim do mundo
Toda a existência
Não terá passado de instante
Passado.
Edson Ricardo Paiva
Fumaça
A vida é simples nuvem
Na lembrança um sorriso
O cabelo esvoaçando
E chove, mas a gente
Não percebe
Qualquer semelhança
Nuvem, ventos, fumaça
Quando tudo se vai
Melhora, se a gente esquece
O coração não consegue
Agora que a vida prossegue
O branco da nuvem
Céu azul
Eu não sei se desejo
Que o tempo pare
Ou passe um pouco mais depressa
Hoje
Só o tempo esvoaça
A vida não faz
Nem tampouco ela cumpre promessas
Mais um dia se vai
Pra nunca mais
A vida perdeu o brilho
O viço e a chama
Os trilhos e o rumo
O prumo e a graça.
Edson Ricardo Paiva
Confiança.
Não é somente estar junto na vida
Mas um passo à frente e além
É conquistar o direito
A ter sua ausência sentida
É ser alguém dentro da outra vida
Sentar-se lado a lado
Num banco de praça
Dar risada da piada
Mais sem graça que houver
E brincar de advinhar
A cor do carro que vem
É ser lembrado na hora de um sorvete
Colher frutinhas num canto da calçada
Dividir quando se tem tudo
Querer estar por perto
Na hora em que não tiver
Nada pra fazer
E nenhum lugar pra ir
É fazer rir na hora da tristeza
Conversar conversa à toa
Andar de mãos dadas na rua
Dividir a mesa
Ter sempre um olhar de bondade
Amor
Simplicidade
Fazer sentir
E também sentir a falta
Ler história boba em voz alta
É ter um perdão pronto a perdoar
É sentir confiança
Ser feliz igual criança
E amar de todo coração
Amor de mulher
Amor de amor
Amor de irmão
Amor de amar
Estar junto até o fim
Amor de jamais abrir mão
do direito de querer
Assim era o amor
Que eu sentia por você
Edson Ricardo Paiva
Felicidade
Diamante esculpido
Um beija-flor de jade
Traço raro e diminuto
Pequena, em pleno espaço
Do nada ... a vida
Pedra sabão talhada
Delapidada
Alheia a toda vontade
As grades de ouro
A liberdade
Resposta que não veio
O início chega ao fim
Sem meio
Um desenho bonito
E que a gente desenhou tão feio
Falha a abelha
Mel de milho
O sorriso é uma fotografia
Uma ausência cortante
À luz do Sol digo, bom dia!
A carta mal escrita
Num papel bonito
Entregue no destino errado
Um grito que se propagou no vácuo
Uma vela que se apaga
O apego à escuridão
Simplesmente aquela
Sempre velha corrente enferrujada
O portão que separa
O passado e o presente
Tempestade linda
Amanheceu
Na madrugada insône
Amanheceu tão descontente
Madrugada, ainda
Um desenho
Quando a gente o desejou bonito
Ficou feio
Edson Ricardo Paiva.
Um anel de brinquedo
Um amor de verdade
O bolo feito com carinho
A falta de jeito ... a ansiedade
A fotografia de um final de tarde
Explosão no Céu escuro
Lua clara no horizonte
A marca solitária dos meus passos
A palavra saudade ...só pedaço de papel
O chá que queimou-me a língua
de tão quente
O preço de tudo isso
É o quanto vale pra gente
E não o valor que o mundo lhes dá
Pois a bem da verdade
O mundo mente.
Edson Ricardo Paiva
O jornal na soleira do dia
Um embrulho na porta
Até mesmo Deus entregou
As gotas de orvalho durante a madrugada
Num jardim de flores mortas
Um caminho solitário além do portão
Solidão apressada e insistente
Vem gritar na janela
Aquela palavra que eu tanto fugia
Assim começa outro dia
Não me basta trocar de endereço
Neste vasto mundo
O preço que pago é tão alto
Que tudo isso me alcança amanhã
As portas sempre abertas pra sair
Mas fechadas, quando a gente quer entrar
Tanto faz
O jeito é viver a vida
Como ela vier
Pois qualquer lugar é lugar
Qualquer coisa é ruim.
Edson Ricardo Paiva
Um dia você vai perceber
Que viveu a maior parte do tempo que havia
Sem se dar conta ou prestar atenção
Ao alcance do seu passo
Quantos lances de escada você galgava
E nunca se preocupou
Com a firmeza do seu traço
Era tão natural pra você
Não atentar para o tempo que corria
Que nem percebia
A alegria que causava
Com o calor de um simples abraço
Tudo era normal
Força, beleza, atitude
Você não desperdiçou
Seu precioso tempo pensando
E o tempo corria
Lento, vagaroso
Mais dia, menos dia
Você acaba prestando atenção
Que assim como sopra o vento
E a chuva cai
E ao final do dia
A chuva cessava
O Céu se abria
Ingrata vida
Que ainda há pouco lhe sorria
Lentamente te derruba
E você, sem chão
Desaba, como nunca imaginou
Você pode até dizer que sabia
Mas no fim
Há de também reconhecer
Não esperava que fosse assim.
Edson Ricardo Paiva
Acabei de ver no jornal
Um Edital assinado por Deus
Estão abertas as inscrições
E há milhões e milhões de vagas
Pro cargo de ser
Gente boa e honesta
Se você for assim, não diga a ninguém
E nem traga um amigo
Você corre o risco
de ficar com cara de espanto
Aguardando a sua vez ali num canto
Enquanto ele tenta tomar o seu lugar
Portanto, se você também não presta
Não tente ocupar essa vaga
Não perca tempo à toa
Procurando o final da fila
Não tem gente nem pra preencher
As inscrições dos candidatos
O fato é que Deus chamou
Mas não achou ninguém igual
Às exigências que Ele colocou nesse Edital
Mas por saber como é a vida
Deus manda avisar
Que se encontram esgotadas
Todas as vagas
Pro cargo de gente fingida
Não sobrou quase nada
Infelizmente há tanta gente assim
Que nem precisa entrar no fim da fila
Inscrições encerradas
Todas as vagas
já se encontram preenchidas
Edson Ricardo Paiva.
De repente um pensamento
Uma lembrança que faz ver
Como passaram depressa
Os dias a compor a vida
De chegada em chegada
Amanheceres que eu vi ou não
Azar o meu, eu estava lá
Algumas vezes
O vento soprou tão suave
Que nem sequer apagariam
As velas de muitos aniversários
Para os quais não existiu abraço
Os laços não estavam lá
em nenhum presente
Aqueles do passado também se foram
Só chaves a girar
Nas portas por onde eu passei
E sempre estive do lado de fora
Não existe agenda ou calendário
E nem viagem
Mas sempre houve
Alguém que me vendesse
Pra logo em seguida, se esquecer de mim
Para um peixe, estar fora do aquário
Isso é bom ou ruim?
Edson Ricardo Paiva
ainda não inventaram
Um jeito certo de sorrir
Na hora triste
Não existe nada que faça
Passar a vontade de estar perto
daquelas pessoas que a gente gosta
E a vida insiste em deixá-las distantes
Mas já foi descoberto e até provado
Que o melhor coisa a fazer
É tentar e tentar e tentar
Tentar até aprender
A deixar permanecer, mesmo que distante
A aqueles que também gostam da gente
Amor sem retorno
É só dor e tristeza sem sorriso
E ainda não inventaram
Um jeito certo de sorrir tristeza
Mas existe com certeza
A garantia de que a escuridão se vai
Nasce outro dia ... e viver é preciso.
Edson Ricardo Paiva.
Meu espírito de pássaro
Passou perdido por algum lugar
Faz tempo que não sabe aonde
Um mísero passarinho
Um papagaio cuja linha se rompeu
Num atalho, um retalho de vida
O olhar perdido
Acatando às vontades da ventania
Meias verdades, volta e meia
Vagueia ao Sol do Meio-dia
Implorava por um poleiro
Um sorriso de pranto, um canto qualquer
Um galho pra poder pousar
E cantar por um dia inteiro
e deixar o seu rastro perdido
Esquecido na linha
do horizonte que se rompeu
Essa vida era minha
Esse pássaro era eu.
Edson Ricardo Paiva.
Passarinho
Passou voando aqui
Pousou por entre as folhas
À escolha de um galho
Fez ninho
Uma casa, onde descansa
As asas desgastadas por voar
Passarinho não tem nada
Não tem amor, não tem lar
Nem flor pra beijar
Passarinho passarinhou
Voou, voou, voou
e de tanto voar
Foi embora.
Edson Ricardo Paiva.
Passarinho
Passou voando aqui
Pousou por entre as folhas
À escolha de um galho
Fez ninho
Uma casa ...e descansou
As asas desgastadas
Em seu tão perdido voar
Passarinho não tem nada
Não tem amor, não flor pra beijar
Nenhum lar onde voltar
Esconde uma mínima lágrima
A pulveriza pelo ar
Passarinho passarinhou
Voou, voou, voou
e cantou seu cantar perdido
Sentiu-se esquecido
e foi embora.
Agora
Não se sabe onde está
E não cabe a mim
Perguntar.
Edson Ricardo Paiva.
Como se fosse uma mente
Que pensa, mas não pensa
Um vento que trouxe
A saudade pequena
Pena que seja assim
Tão imensa
Pena que seja em mim
Apesar de tudo
E mesmo que esteja distante
Estarei sempre em você
Se você se lembrar
De qualquer lugar onde for
Me levar sempre junto
Se ausente eu estiver
Em minha mente você vai estar.
Edson Ricardo Paiva
Pode acontecer
Um dia você desejar
o Céu cinzento
E enxergá-lo
insuportavelmente azul
Pode ser que aconteça
Olhar a robusteza das árvores
E pensar na ansiedade
da verdade que o outono revela
Em sua sala iluminada
Lembrar-se com muita saudade
do tempo do candeeiro
ou da vela
Cada momento difícil
dessa antiga caminhada
Pode acontecer de um dia
Olhar com imensa nostalgia
pela janela à própria alma
descobrir que não viu quase nada
Reclamou, perdeu a calma
Pagou pela viagem
Porém não suportava
A distância, a passagem do tempo
... a paisagem
A jornada da vida
Cuja partida
Ocorrida lá na infância, hoje distante
pode acontecer
Um dia você finalmente se dar conta
Que o caminho era só de ida.
Edson Ricardo Paiva
Um dia
Num tempo
Hoje não longe
Nem por isso perto
Existia um lugar
Que não chegava a ser deserto
Mas era distante do mar
E ficava em frente a uma janela
Onde havia acima um Céu
Não sei dizer se as estrelas
Que brilhavam naquelas noites
Costumam sair ainda
Meus olhos agora
Enxergam muito mais, quando fechados
Um dia
Reluzia esperanças
Que olhando neste momento
Penso ser melhor esquecê-las
deixá-las de lado
Relegar ao esquecimento
Agora
O silêncio daqueles dias
Ganhou voz e hoje me diz
Que era por não saber
Que eu trazia guardado no peito
O sonho de ser feliz
A gente era apenas criança
Que não sabe nem mais querer
O que um dia quis.
Edson Ricardo Paiva.
A nuvem no horizonte
Não diz, nem quis dizer nada
ou pode ser que hoje chova
E forme um canteiro de flores
Naquela sombra escondida
que existe por sob a ponte
No final da longa estrada
A Lua minguante à luz do dia
Quem sabe exerça influência
E revire totalmente
Esse oceano de melancolia
Trazendo outra flor
e outra semente
Pode ser que outra dor somente
Os pássaros voltam
Quando o Sol brilha mais forte
Assim como o copo de cristal
Emite um som diferente
Varia a tonalidade
Harmonia em lugar de ruido
nas cores da luz do dia
Festa em fundos de quintal
A luz do Sol na janela partida
Um arco-íris de cacos
Aquarela, mosaico, poesia
Um castelo no ar termina
Tristemente o cristal partido
As cores quentes
Algo a surgir das ruínas
Pode ser que a nuvem feliz
Quis ser sinal no horizonte
a chover por sobre a gente
Conforme o escrito e prometido
e antes que termine a tarde
A vida passe a fazer sentido.
Edson Ricardo Paiva.
Existe um lugar
Onde todos vivemos
Envolto pelo ar que respiramos
Não existe antes
Não existe nada após
Lá não há alegria
E também não tem ninguém triste
Um Oceano de pedras e poeira
e asneiras e pó e inteligência
e perdão e ódio e nova indulgência
Não existe pressa
Nessa nave que flutua à toa
Não tem ninguém que seja ruim
e também não há gente boa
Existe apenas o Mar que navegamos
Todos os dias nos vemos
E tem sido assim há eras
E vai ser assim por muitos anos
Perdidos
Seguindo a luzes e ruídos
Não existe reta ou coisa certa
Mas também não vejo estrada torta
Apesar de tudo que vemos, não existe nada
Onde a lei é letra morta
Neste imenso Mar que vivemos
Existe um lugar
Onde todos nós vivemos
E nos vemos todo dia
a às vezes também
de vez em quando
Não existe tempo
Nem passado e nem escuro
Não existe luz e nem futuro
Não existe o antes
e também não vejo o após
Mas ainda não desistimos
Nem de nos perder
e nem de nos achar
Neste imenso Mar
Onde todos nós nos afogamos.
Edson Ricardo Paiva.
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