Memórias do Passado
Memórias de Nós
Nossos passos se cruzaram no tempo.
Nossos olhares se encontraram no espaço.
Eu te amei com todo o meu ser,
Com cada batida do meu coração.
Eu te dei meu amor, minha vida,
Minha alma, minha essência, meu tudo.
Mas e você, me amou?
Ou foi apenas um sonho, uma ilusão?
Você não conseguiu me ver,
Além das sombras que eu escondia.
Não conseguiu me ouvir,
Além das palavras que eu não dizia.
Por que você não podia me amar,
Do jeito que eu sou, imperfeito.
Não podia aceitar,
Minha verdade, meu coração exposto.
Eu te amei, mas e você me amou?
Ou foi apenas um capítulo,
Em sua vida, um momento,
Um breve encontro?
Agora estou aqui sozinho,
Com as memórias de nós dois.
E me pergunto, meu bem,
Se você também se lembra de mim.
Mas não guardo ressentimento,
Apenas uma saudade profunda.
Porque eu entendi,
Que você não podia me amar como eu precisava.
As nossas raízes, cultura, memória e história são fatores fundamentais de preservação, para que não se cometa os mesmos erros do passado.
O COLAR DE MADEIRA
Encontrei um colarzinho
Com uma letra entalhada na madeira
A memória me levou ao passado
Antes mesmo que eu pudesse respirar
Outra vez eu tinha 17 anos
A menina cheia de sonhos
Com tantos planos
Mas sem sabedoria ou maturidade para poder realizar
Um sorriso tomou conta do meu rosto
O "Para sempre e mais um dia"
De alguma forma parecia ainda estar lá
Eu sabia que longos anos haviam passado
Mas aquela parte da minha alma
Tinha permanecido no mesmo lugar
Eu me lembrei de ter um jeito doce
E também de como as vezes
Eu parecia ser outro alguém
Respirei como que num suspiro engasgado
Um arrependimento sincero veio em meu peito
Senti a dor da culpa e do remorso
Por ter ferido quem na vida tanto me quis bem
Apertei aquele pedacinho de madeira entre os dedos
E onde havia um sorriso
Brotou uma lágrima no lugar
É triste não poder voltar no tempo
E cada um dos erros cometidos
De alguma forma poder consertar
É duro quando o tempo faz a gente refletir sobre tudo
E num solavanco faz nossa realidade desmoronar
A gente se dá conta da fragilidade das nossas histórias
E de como um vacilo faz tudo que a gente planeja
De pouquinho em pouquinho se acabar.
Sentei no chão com um nó na garganta
Meu coração pareceu parar por um instante
E eu me dei conta de quem me tornei
Posso ter aprendido lições importantes
Hoje sou meu reflexo mais admirável
Mas o preço dos erros cometidos foi caro
Custou-me o amor de quem na vida mais eu amei.
Guardei o que precisava, encaixotei o que faltava.
Embrulhei lembranças, reordenei memórias.
Assisto tranquila e serena as malas pela casa.
Sentimento de nostalgia, enquanto no silêncio absoluto, me pergunto:
“Quantas vezes já senti esse ambiente?”
Quantas pessoas aqui passaram?
Quantas lágrimas de riso e choro aqui já derramaram?
Quantas conversas geniais e fios soltos aqui ficaram?
Vejo a chuva cair, nessa cidade fria, onde ao anoitecer, parece que ninguém habita.
Sinto esse lugar pelas últimas vezes.
Sinto a alma justificar-me, sinto o cheiro dos amores passados,
sinto o vento socar as janelas, sinto a madrugada fria desafiando o escritor a escrita.
Colecionadores de memórias passadas perdem o tempo de viver o presente e deixam de avançar para o futuro; ficam estáticos, presos em circunstâncias ultrapassadas que não acrescentam mais nada ao momento vigente.
A memória não é apenas uma pedra com hieróglifos entalhados, uma história contada. Memória lembra dunas de areia, grãos que se movem, transferem-se de uma parte a outra, ganham formas diferentes, levados pelo vento. Um fato hoje pode ser relido de outra forma amanhã. Memória é viva. Um detalhe de algo vivido pode ser lembrado anos depois, ganhar uma relevância que antes não tinha e deixar em segundo plano aquilo que era então mais representativo. Pensamos hoje com a ajuda de uma parcela pequena do nosso passado.
Me vejo como um criador de memórias. Muitas das coisas loucas que eu faço é simplesmente para me recordar no futuro.
Na solidão do abismo da mente, descobrimos um novo mundo cheio de memorias que não pertencem mais a nos.
MEMÓRIA
Minha avó fazia café bem doce. Talvez, por uma necessidade de se procriar além dos filhos legítimos. Biscoitos na gordura, pão de queijo no forno, bolo de chocolate em cima da geladeira. O cenário aparentemente bucólico escondia guerra das mais matutas em orvalhos e outras fragrâncias. Cheirava a cozinha um cheiro forte do que se come. No quintal, cheiravam as flores um cheiro que se vislumbra. Alimentar dos produtos da casa vigorava a minha carne. Alimentar do beija-flor que tomava o néctar de hibiscos em diversos matizes alimentava a minha alma. O cachorro latia freneticamente. Eu não sabia que o bichinho também comia: a alegria das folhinhas em domingo. Ao pé da jabuticabeira, meu Drummond chorava todos os lirismos nascidos da terra caudalosa, terra de muitas veredas e rupturas. Minha mãe afagava meus cabelos, o pai e os tios viam futebol, a pequena irmã devorava porções de desenhos animados.
Não fosse eu poeta, esta prosa seria pólvora. Não fosse eu poeta, partículas cintilantes de minha vida perderiam na guerra dos tempos que não se curam: saudade.
Em algum canto empoeirado da memória, contorno traços desbotados e refaço em frente ao espelho baço um rosto que já não é meu.
Pensando na vida entendi que não podemos nos prender ao que já passou, nem trazer à memória momentos tristes e deprimentes, a vida é curta demais para sermos escravos do passado.
Acredito no amor, no perdão e que a vida é frágil, não sabemos se daqui alguns minutos estaremos vivos, então enquanto houver fôlego, viva! Supere e siga em frente, a rosa não deixa de ser bela apesar dos espinhos, que sua vida seja bela apesar dos obstáculos e lutas, vale a pena sorrir e sonhar...
Em todas as gavetas da minha memória acabei encontrando a sua presença no sorriso dos acontecimentos que anunciavam a minha maior alegria: te encontrar.
"Suas memórias só existem para lhe fazer crescer, seja por sofrimento, seja por alegrias. Para a vida, o passado só importa no presente, se for para melhorar o futuro!"
As memórias devem perder a cor e desbotar com o passar do tempo. Por isso, não se atormente ou se esforce muito para relembrar o passado. O que importa é o aqui e agora.
..."O bom de ter amigos de infância são as memórias e a sensação nostálgica de nunca ficar velho." ... Ricardo Fischer
Moça
Estás presa em si mesma,
em memórias e dilemas.
Então porque não busca
agora, uma nova esperança?
Estás sem vida, moça agora,
onde esta o seu sorriso?
A felicidade que te cerca,
pode ser um paraíso.
Estás presa no passado,
um passado bem distante.
Fuja deste moça, agora!
Reencontre seu sorriso.
O passado que te cerca,
este não existe mais.
Fuja deste moça, agora!
e encontre outro rapaz.
Rodoanel do coração
Translucida memória,
fotografia do tempo...
Apagada na história,
Do meu pensamento...
O passado é uma lanterna...
Que ilumina o meu caminho,
O presente me da pernas...
E eu não caminho sozinho.
Passa tempo, passa vento...
E o mundo a girar.
Na esquina do futuro...
Ainda hei de te encontrar.
