Memórias
Há dias em que todas as minhas janelas se abrem para o mar das sensações. Sentada na areia branca da saudade me ponho, então, a saborear memórias, com a mesma urgência de quem assiste o último pôr do sol.
Igual roupas estendidas no varal do tempo minhas lembranças se agitavam ao serem tocadas pelo vento da saudade, como se quisessem ganhar asas e transpor essa linha invisível que separa os dois tempos.
Ela corria por instinto. Um alerta inconsciente de que precisava continuar, independente do que acontecesse. Até já tinha esquecido o porquê. As memórias de cinco, dez, quinze minutos atrás tinham desaparecido. Se sua vida dependesse de lembranças daquilo que motivou sua fuga pela mata, ela tinha certeza de que morreria bem ali no solo da floresta.
Para Jane...
“Dentre muitas coisas que não fiz, algumas delas me entristecem,
a jura secreta que não fiz, o beijo de amor que não roubei...”
Adaptado do poema “Jura Secreta”, de Sueli Costa e Abel Silva.
Era um dia qualquer de Agosto de 1965, no intervalo de aulas da classe do terceiro ano primário. Aguardando a Prof.ª Terezinha a qualquer momento, um grupo de alunos entra e sai da classe aproveitando o momento.
Sentado na segunda carteira da fila do meio, copiava atrasado, a tarefa da lousa, com um olho no peixe outro no gato. É que pelo canto dos olhos observava o movimento na porta. Era você indo e vindo, com aquele seu sorriso lindo, emoldurado por tranças Maria Chiquinha, Blusas brancas, saia plissadas e meias ¾..., brancas. Dali poucos anos, saberia o porquê do atraso em copiar o texto da lousa... e também o de uns pensamentos marotos sempre que espreitava um desvão por entre os botões das blusas.
Me lembro do calor que subiu, quando me levantei e fui até você decidido, e lhe entreguei aquela cartinha com uma letra de música modificada, inspirado por você. Vou levar comigo para sempre a imagem de seu rosto, seu cheiro, o calor de seu corpo, de tão perto que estava. Me lembro ainda, pouco antes de virar estátua, de sua espontaneidade, dos seus olhos buscando os meus, questionando-me ali.. No breu...cara a cara.
“Você fez prá mim, fez?”. (Com o olhar de cima, como a induzir a resposta), Hoje compreendo o que foi aquele “turu, turu” no meu peito. Era seu coração cutucando o meu, prá dizer...- “Diz que sim, vai...”
Ah Jane! Vocês meninas, sempre a frente dos meninos! Enquanto brigávamos por bolinhas de gude, vocês já estavam fazendo casinhas, conversando com “kens” imaginários e vestindo roupinhas nas bonecas... Perdoe-me por amarelar e fugir daquele olhar... Sei que esperavas um “sim”... Eu também...
Em minha alma de menino, do alto dos meus dez anos de então..., me senti nu, como que lido por dentro. Não atinei para o que hoje lembro com clareza ter sido você a primeira a me provocar o olhar prá enxerga-la de um jeito diferente. Você despertou instintos adormecidos. Fez-me imaginar coisas do não sei o que, vindas não sei bem de onde e despertaram sentimentos desconhecidos até então.
Junto com sua doce lembrança, um temor, um lamento. O de ter estragado seu momento também. De que você, assim como eu, por um capricho do destino também estivesse despertando. E esse momento estivesse marcado num despertador, ajustado lá atrás, num tempo em que ainda éramos genes se organizando para nos tornar o que viríamos ser. E assim tivesse sido eu, causa de frustração prá você!
Um dia antes daquele apagão fatídico, fazendo as tarefas ao pé do rádio, ouvi aquela música do Roberto, Sei lá, de repente procurando entender a letra, pensei em você. E rolaram imagens suas junto com ideias ainda por amadurecerem. Não pensei duas vezes, passei a tarde buscando em outras rádios, anotei a letra e a modifiquei, como a conversar com você.
Naquela noite não dormi! Pensando no momento de entregar e ter um pretexto para ficar ali pertinho de você, ver sua reação enquanto lesse... O que diria... E o que viesse depois seria como atender um chamado, mesmo não tendo a menor noção de prá que seria...Só sei que queria. E fiquei ali olhando prá você... E agora? E quando perguntou, deu tilt, não reagi, fiquei ali, “de dois de paus”. E diante do seu olhar perscrutador, eu tremi...! E nada disse. Hoje, cá com meus botões, penso naquele tempo e digo prá mim mesmo como se estivesse lá...
Sim, Jane, foi prá você que fiz! Foi pensando em você e eu...
(E num relance, aproveitando o vacilo, lhe roubaria um beijo)
Hoje, sei que nenhuma força nesse universo pode trazer de volta aqueles momentos de pura magia, do despertar... do descobrir, o que algum tempo depois compreenderíamos o quê. As emoções que não conhecemos naquele dia, embora lamentadas na lembrança, com certeza nos prepararam para muitas outras tantas que viríamos conhecer depois...
O tempo nos instantes da vida
Imagino que a passagem do tempo não seja constante
Um moto contínuo em velocidade constante
E, em que pesem equações e teorias,
O que vejo são instantes entre um agora e um depois.
Separando momentos vividos, emoções, sentimentos.
Assim como os átomos formaram a matéria
Os Sentimentos deram significado a nossas vidas
Tornaram-nos o que somos.
Um conjunto de informações sensoriais e emocionais
Intercaladas e subsequentes ao longo do tempo.
Em algum lugar acima de nós,
Imagino, paira um backup.
O conjunto das vivências de todos nós
Informações de tudo o que fomos e realizamos
E a partir das quais podemos vir a realizar
Um arquivo atemporal e impessoal
Acessado sempre que olhamos prá cima
Em busca da solução para um problema
Ou num Dé Javu, a sensação de já ter visto. ou vivido,
Uma lembrança do passado
São lembranças indefinidas
Para além da realidade presente
Acessadas e entendidas num átimo
Em linguagem pictórica
Que rodam tipo Lives em main streams,
Nesses momentos o tempo passa
Como os discos long play
Nos escaninhos do sebo que visito,
Onde relembro datas, fatos, sentimentos.
Folheando as capas dos discos
E Ligo músicas aos lugares, momentos e emoções
E de repente viajo lá prá cima
Em lives de momentos vividos
Trago o ontem pro agora
Numa sequências de Sons e Imagens de selfies encadenadas
Uma linguagem instantânea
Com tudo vindo num flash
Na velocidade do pensamento
No ritmo das canções...
(Musica incidental, In my Life - Beatles)
Não semeie por momentos passageiros, como fogos que duram uns segundos ou minutos, explodem e se vão;
Semeie por momentos duradouros, intensos que te façam viver e reviver boas memórias e dias inesquecíveis!
Insta: @elidajeronimo
A vida não está no passado e nem no futuro, só existe vida no agora, onde está a sua respiração. O passado são apenas memórias e o futuro imaginação.
O olhar longínquo ancorado no céu bordado de estrelas. A saudade tateando lembranças distraídas, personificadas de presença, enquanto no oceano das memórias singram fragmentos daquela voz melodiosa como um sussurro aveludado tocando com delicadeza o intocável.
Hoje acordei saudade. Uma saudade miúda, levinha, levinha... Saudade dessas que chegam com a brisa delicada da manhã, cheirando a flor de laranjeira.
Eu costumo eternizar sentimentos em palavras... Por isso, escrevo para que tudo que me tocou permaneça vivo de alguma forma...
Houve um momento
Houve alguns erros
E dos erros as consequências.
Houve a raiva
O ressentimento
Houve o esquecimento induzido pela dor
Houve a desistência
Houve a vontade de fazer de novo
E então houve tudo novamente
Mas só porque sempre houve amor.
E lá vem ele com seu guarda-chuvas encantado de sonhos
com folhas penduradas de outono
em sua maleta ele traz poesia
as mais lindas reflexões
que faz bem aos corações
Eu me pergunto:
de onde veio este homem tão alto?
Que traz consigo um sorriso tão belo
e eu com meu coração de criança
fico encantada com tanta elegância
Para onde está indo
com seu terno tão bonito?
Não me digas que veio aqui só para me encontrar
e contar as suas histórias...
adoraria compartilhar suas memórias
Confesso que sou uma boa ouvinte!
Mas eu tão pequena diante de um gigante
me faz pensar que sou gente grande
e fico a imaginar
as histórias que tem para contar
06/01/2019
A doença da indiferença é quando muitos dizem :"Isso não é problema meu!"
Com toda certeza você já ouviu essa frase em muitos lugares. Ela é um exemplo da ignorância sobre a alteridade.
Tudo o que vivemos, todas as nossas relações e vivências,nossas memórias e atitudes, são problemas nossos!
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