Machado e Juca Luiz Antonio Aguiar
Ideologicamente não duvido de que passaríamos muito melhor sem as religiões. Nenhum de seus maiores líderes fundou igrejas. Mas também reconheço que, para muitos que não conseguem andar com as próprias pernas, as muletas ainda são importantes, ainda precisam que alguém lhes dite o que fazer, já que não conseguem pensar por si mesmos. E é no meio desse medo todo de enfrentar suas verdades que os "fazedores de cabeças" encontram espaço para se multiplicar e encher os bolsos em cima da miséria e da boa fé humanas.
Assusta-me mais o aético do que o antiético. Este último pelo menos conhece a linha divisória entre o certo e o errado, e isso se mostrará como o divisor de águas entre o agir e o não agir, já que está ciente das consequências. Já o aético seguirá cometendo atrocidades por não possuir o mecanismo que lhe permite entender a diferença entre um e outro,
Profissionais comprometidos com o que fazem até conseguem manter competência e motivação mesmo sob remuneração desproporcional aos resultados que produzem. Mas quando a questão financeira se estende mais do que o necessário, o mínimo que se espera é que a compensação venha através de sinais regulares do líder revelando estar atento às demais necessidades como valorização do empenho, crédito à competência atestada e demonstração de confiança ao conferir autonomia. É certo que os conscientes e responsáveis não irão “pisar na bola” por não terem tudo o que precisam mas, ainda que não o desejem, ao final de um tempo esticado em demasia estarão desgastados demais para explorar o potencial que possuem. Nada mais natural portanto que se direcionem, mais dia menos dia, para o que já há muito faziam por merecer.
A vida só faz sentido quando se mostra como um espiral, que eleva seu patamar a cada volta sem reincidir sobre a linha anterior. Toda vez que se apresentar como moto-perpétuo – que repete a mesma trajetória indefinidamente – está na hora de se romper com as estruturas que lhe dão sustentação.
Amor, respeito e confiança não se comportam de forma idêntica:
- O respeito é consciente, permitindo-se conviver com quem não ama ou até não confia;
- O amor é condescendente e não se recusa a dar-se mesmo quando não há confiança nem respeito.
- Já a confiança é cautelosa: ela até aceita o convívio com quem não ama, mas jamais o admite onde não enxerga respeito.
É mais fácil esquecer e perdoar um desatino grave - mas pontual e episódico - do que os que se mostram recorrentes, numa alternância entre malfeitos e arrependimentos que minam tudo o que antes fazia valer o relacionamento. Enquanto os primeiros o tempo naturalmente se incumbe de apagar, seu transcurso nestes últimos só reforça a certeza de que a única forma de ter a paz de volta é o distanciamento do foco gerador de maneira inadiável, decisiva e irreversível. Como já alertava Oscar Wilde, são os pequenos atos de cada dia que fazem ou desfazem o caráter.
Toda escolha implica numa renúncia, como na bifurcação em que o caminho escolhido nos cobra abandonar o outro. Escolher a paz, por exemplo, pode exigir abrir-se mão de coisas importantes, mas que se fizeram menores ao se mostrarem incompatíveis com ela.
Tem pessoas cuja vocação para o controle é tamanha que chegam ao nível de querer controlar o conteúdo técnico dos trabalhos dos especialistas que elas próprias contrataram para desenvolvê-los.
A forma de criar um escudo protetor contra as pessoas que nos constrangem o espírito é primeiro criar para nós mesmos as regras de convívio que estabelecemos com elas e em nenhuma circunstância abrir mão delas para que descubram que não podem atingir-nos com sua prepotência, tentativas de insurgência ou poder de intimidação. A segunda medida é definir canais de contato que nos permitam refletir sobre o que nos pedem, avaliar tudo o que possa induzir-nos a erro e escolher com toda cautela as decisões que se mostrarem mais confiáveis.
Lembra: a tua FÉ não te presenteia com a prerrogativa da Verdade, e nem as OBRAS a que Tiago se refere são aquelas usadas para combater quem discorde dela!
Por mais que a Justiça teime em dar a Verdade para alguém, o Amor ensina que a igualdade não tem lados.
Não há nada mais forte para atestar que estamos vivos do que sermos continuamente solicitados por parte das pessoas que pedem nossa ajuda. Colocando-nos disponíveis temos ampliada a percepção de que permanecemos úteis, produtivos e necessários.
As pessoas ainda não acordaram para o fato de que a única diferença que os torna realmente incompatíveis é a da intenção: os bem intencionados e os mal intencionados jamais pertencerão a um lado só. No restante, as diferenças são como as peças do xadrez, onde toda questão se resume a ocupar seus respectivos – e necessários – lugares no tabuleiro humano. Casas pretas e brancas, como se sabe, precisam umas das outras para que suas linhas se mostrem visíveis, bem como todos os jogadores possuem as mesmas chances de se revezar na vitória.
Folgado, dizem, é chegar por último e sentar na janela. Mas esperto mesmo é ter chegado primeiro sem nunca ter sequer limpado a vidraça e usar o mundo pra lhe garantir o lugar nela, pois os que chegam depois irão concluir que também podem desejar o lugar mesmo que nunca tenham tido nas mãos uma flanela.
O mundo jamais vai pensar igual. E também não precisa pensar igual para viver em paz. Basta que os desiguais concluam que a diversidade é que os torna mais ricos, pois que só assim cada parte acrescenta o entendimento que a outra ainda não tem.
Deus não te cobra que tua vida aconteça na igreja, mas que a igreja aconteça na tua vida, pois é nesta última que habitas, e onde todas as virtudes que vais buscar na primeira se transformam em ações em prol dos que te cercam, que é o que Deus espera de ti como justificativa para tua própria existência.
Admiração é uma quarta forma de amor, que é quando a gente gosta, apaixona-se e ama, mas como a uma obra de arte de inestimável valor que nos veio para ser extremadamente cuidada, mas exibida ao mundo sem qualquer egoísmo, por se entender que ela nasceu para fazer a todos felizes!
Não se chame de “torcida” a prática de bandidagem, nem de “torcedores” esses marginais que usam o futebol como pretexto para exercitar sua falta de caráter, camisa de time como disfarce de quadrilhas, estádios como palco para dar vazão a instintos criminosos e espaço repleto de vítimas para suas ações espúrias. Torcedor não precisa se organizar para incentivar seu time, e muito menos matar em nome dele.
Alguns têm dificuldade para fazer a escolha certa entre o que quer, o que pode, o que deve e o que convém. Imaginem algo como, por exemplo, perdoar alguém, onde minha natureza pacífica me diz que quero, a distância entre mim e o outro mostra que posso, já a realidade me aconselha que não devo, e o bom-senso me confirma que não convém, a menos que me mostre disposto a conviver com o inaceitável.
