Machado de Assis Contos Curtos Saudades
Flores de hera
Por ti, na primavera
Caminhei na chuva
Em busca das flores de hera.
Mas sobre ti me enganei...
Tal qual a hera, que não produziu flores
Nem mesmo no fim da primavera.
Esse amor infértil
Também nunca me ofereceu nada
A não ser anoiteceres e madrugadas.
Nunca sozinho um ninho fez para sua amada.
Nem derramou pétalas sobre nossa cama desarrumada.
Porém, tal qual as flores de hera!
Nem um ramo me oferecia.
e nunca, nunca, a mim, tentou ser primavera.
Eu sou
Sou a estrela -do -mar ou o mar das estrelas....
A moça da torre, na janela vendo o domingo passar.
E quem será ela?
E o domingo passa com as donzelas
nuas nas ruas e com as feias em trajes ultrajes.
Eu sou. E o que sou nunca vais saber.
Eu sou sua gota sorvida às margens,
as margens da vida, do seu próprio morrer.
Eu sou a estrela -do- mar ou o mar das estrelas.
VOU DAR UM TEMPO
E quando eu chorar
Vou dar um tempo
Um tempo de as lágrimas
Secarem.
Mas se for inverno
E a chuva cair
E as lágrimas não fugirem
A terra vai alagar.
Pode ser que ninguém vê
Porque talvez a terra
Esteja dentro de mim, de você.
Ou que o barro seja nós!
Pode ser que alguém se afogue
Nesse barro da infinitude.
Vou dar um tempo
Quando eu chorar
E pode ser que a terra esteja
A me habitar, ou aí dentro de você.
Se eu não der meu tempo
Vou me afogar.
AMOR NO ESPELHO
Eu me busquei em ti
mas não encontrei,
Pobre amor! pobre de ti!
E assim como se olha
em um velho espelho guardado.
Tornaste meu desconhecido
nem mesmo nos olhos, vi,
a sombra de uma saudade.
Oh, tamanha dor vivi,
por se tratar como estranho
o tempo dos versos escondidos.
Preterido, então, meu amor...
(Que fatalidade!)
Guardas para ti o velho espelho: o tempo,
para contemplar e os teus desvelos
e o retrato de teus lamentos!
LINHO FINO
A poesia é um eterno bordar em linho fino.
O linho são os papeis,e a caneta a agulha
e a tinta as palavras.
E bordaremos e bordaremos...
Até que um dia alguém nos tome
a agulha e a linha e os sonhos e a inspiração.
.
Todos os dias vejo pessoas que acreditam no próprio potencial, investem em si mesmas, e acreditam ser coisas que na verdade não são.
E todos os dias, vejo pessoas que são aquilo que acreditam que nunca poderão ser.
E o mundo não se encarrega de dizer o quanto elas são incríveis.
Ele apenas as põe para baixo, e as faz acreditar que não são suficientes.
Madrugada
A noite se vai,
A madrugada cai
As pessoas se recolhem
em suas casa
As crianças deixam seus brinquedos
e adormecem cansadas
As luzes das ruas se acendem,
A cidade fica isolada
O sereno e a relva molha
O gramado da praça
Os andarilhos se agitam
num canto da praça
Eu me encontro encostada
num cantinho da janela
de minha casa
Onde vejo tudo calada
PALÁCIO AZUL-TURQUESA
Oh, palácio azul turquesa!
Quanto tempo olharei para
Os teus vitrais
Sonharei com tuas fartas mesas
de banquetes ancestrais?
Quando ouvirei ao longe, Schumann
o menino que sonhava no jardim
Eu, pianista solitário, em busca
de um olhar a tocar em mim?
E verei as meretrizes belas,
Embaixo das suas marquises?
E meus sonhos a voar
Feito pássaros nas tuas janelas!
Oh, palácio azul turquesa...
Quando pintarei os teus vitrais?
Quando sentarei a tua mesa?
Naquele dia, o aroma estava diferente dos demais.
O sol podia ser notado por detrás da janela,
os pássaros, o vento e tudo o que era captado pela visão não era mais visto, era apreciado!
Naquele dia as vozes eram claras e doces, a gravidade era nula e seus pés não tocavam o chão, estava elevada.
Naquele dia tudo era graça, manhã, tarde, noite... os momentos não mais passageiros, agora, imortais.
O bálsamo era pura resiliência e, antes de encontrar qualquer âmago... ela havia encontrado a sua essência, no lugar mais secreto do mundo, dentro de si.
Cada vez que o aprecio, sou tomado de tamanha inspiração.
O olhar, a voz, a presença carregada de si.
De modo que acabo mais próximo de um bem maior, que me faz transcender.
A minha inspiração vai além do outro, das coisas, do espaço, ultrapassa o tempo, minha essência e, me encontra diante do espelho.
Hoje sou mais, não que os outros,
não mais que o tempo,
não mais que meus mestres,
não mais que meus pensamentos.
Hoje sou mais e, não mais do que o livro que lí,
não mais que a música que ouvi,
não mais que os códigos que saboreei,
não mais que os lugares que avancei.
Hoje sou mais e digo como o sol, sou mais do que
Se podia ver do meu eu no pretérito,
não que ele seja, hoje, inexistente.
Mas está transladado em mim
Não escolhi escrever!
As palavras são assim, me tomam.
Quando encontram a melhor forma de sair, entram em combustão, incendeia e queima.
Então escrevo, não porque escolhi, mas minh'alma precisa falar.
O lápis se torna os lábios de onde saem palavras doentes e o papel... o ouvinte a ser curado.
A rua é um lugar de encontros,
cujo tristeza e felicidade se esbarram,
ninguém nunca sabe o que cada um que caminha por ela leva dentro de si.
Os olhos não podem tocar, mas algumas almas sentem!
A rua é um lugar de mistura,
onde todos se encontram e levam de volta um pedaço de si.
A rua é um lugar de encontro.
Quando forças lhe faltar
Quando só sentir estar
Quando amigos se afastar
Ele não te deixa só
Quando as lutar aumentar
Quando a dor maior ficar
Quando ajuda não encontrar
E na garganta vir um nó
Ele pode te ajudar
Seus problemas resolver
Sua vida transformar
Rejeite sobre ti a dó
Qual amigo companheiro
Mais fiel e verdadeiro
E nunca te abandonar
É Jesus; quem contigo sempre estará.
A força de ser mãe
Ter a ternura daquele olhar que buscava o acolhimento de uma mãe
Deus me fez mãe
Me fortaleceu me dando paciência
Fui forte onde muitos cairiam
Estava segura na rocha
Não foi fácil nada é facil
A luz daquele olhar me fez ver que os dias seriam dificeis,
mas seriam alcançados
Deus me fez forte no momento certo
Pra pessoa certa
Minha pequena luz...
Shirlei Miriam de Souza...
POR QUE TE AMO
Amo tuas mãos.
Tem gosto de lençóis
acetinados da infância...
Tuas mãos:
Pérolas a tocar-me as faces!
Amo tua voz!
Tem delírio de música erudita
dos palácios reais...
Tua voz:
Doce canção a beijar-me a alma!
Amo teu corpo!
Tem calor do manto na estrada onde passou
o bom samaritano e o mendigo.
Teu corpo!
Pois me aquece nas noites frias,
quando ninguém mais me oferece nada.
Amo-te! Se me podes ser apenas um toque,
um calor e um sussurro!
VERSO TRISTE
Estou em luto, a poesia morreu.
Morreu nas frágeis mãos de quem a escreveu.
Porque o amor foi para longe, tais quais os monges
que se fecham em antigas catedrais.
E não voltará! Nunca! Nunca mais!
É como a alma sem vestes na noite invernal...
“Nu eu vim do pó e a ele regressarei.”
Sem tema de amor, histórias de rainha ou rei.
E partirei... Cantando ou chorando
os versos que compus para o amor...
O amor que se perdeu e amei tanto!
Mas minha alma purificada,
deixará no chão as folhas orvalhadas
de versos tristes, rabiscadas.
AUSÊNCIA DE PALAVRAS
De tudo para quanto vivi,
eras tu do que mais morri.
Da ausência de palavras,
do canto que não ouvi.
Eu sinto porque tu foste,
pelo amor e o desgosto...
Era uma verdade tão vã,
que só durava no afã
das palavras ditas com escárnio
travestindo-se o riso dos falsos
versos de Chamfort.
Era sua verdade tão vã!
De tudo o quanto vivi,
eras tu do que mais morri.
PARA ONDE FOI O PRÍNCIPE?
Uma canção para a menina
que foi embora.
Linda menina que brincava
comigo no meu jardim...
E sonhava com seu príncipe!
Vestida, sempre, de chita, saia balonê
e tiara de pedrarias nos cabelos de princesa,
a coroa de sempre dessa menina!
O príncipe...
Ah, o príncipe?
Foi só uma história!
O AMANHECER
Retornei-me ao mundo dos mortais,
até revestir-me de imortalidade outra vez.
E caminhei por entre os prados e jardins
para remarcar meus rastros, antes que ventos
os apagassem.
Dormi o sono dos justos ou dos injustos,
e despertei-me como qualquer deles...
Ouvindo a melodia dos pássaros.
E o sol brilhava assim mesmo na minha janela.
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