Luis XIV
A constância não consiste sempre em fazer as mesmas coisas, mas aquelas que tendem para o mesmo fim.
E por esta arte de conhecer os homens, digo-vos, meu filho, que se pode aprender, mas que não se pode ensinar.
A decisão carece dum espírito de mestre; e é incomparavelmente mais fácil atuar tal como se é, do que imitar aquilo que se não é.
A França foi o centro cultural da Europa muito antes das pompas de Luís XIV. Os ingleses, antes de se apoderar dos sete mares, foram os supremos fornecedores de santos e eruditos para a Igreja. A Alemanha foi o foco irradiador da Reforma e em seguida o centro intelectual do mundo -- com Kant, Hegel e Schelling -- antes mesmo de constituir-se como nação. Os EUA tinham três séculos de religião devota e de valiosa cultura literária e filosófica antes de lançar-se à aventura industrial que os elevou ao cume da prosperidade. Os escandinavos tiveram santos, filósofos e poetas antes do carvão e do aço. O poder islâmico, então, foi de alto a baixo criatura da religião -- religião que seria inconcebível se não tivesse encontrado, como legado da tradição poética, a língua poderosa e sutil em que se registraram os versículos do Corão. E não é nada alheio ao destino de espanhóis e portugueses, rapidamente afastados do centro para a periferia da História, o fato de terem alcançado o sucesso e a riqueza da noite para o dia, sem possuir uma força de iniciativa intelectual equiparável ao poder material conquistado.
Quando vi Luís XIV no começo do reinado, ele dizia assim: ''o estado sou eu''. E assim, ele foi chamado de O Grande.