Luis Fernando Verissimo Sonhos
Acordar
Acordar depois de muitos anos
Sem pista no horizonte para pousar
Sem alicerce para formular planos
Sem trazer da noite um sonho para sonhar.
É espinho causando dor intensa
Correndo pela mente inteira
É lacuna que sublinha a ausência
É vida escapando da peneira.
É querer voltar a ser criança
Pedir doces e guloseimas na calçada
É não ter par na hora da dança
É desejar tudo e não ter nada.
Incêndio
O fogo, impiedoso, devasta
A vegetação toda incandesce
O calor, incômodo se alastra
Dissipando um mundo verde.
No meio dele, desmaiam flores róseas
Dos ipês ora floridos,
Avança como um corcel sem rédeas
Deixando corpos vitais no chão estendidos.
Clarão que a noite aquece
Flechando réstias de naturezas inacabadas,
Em meio a escombros a vida amanhece
Relatando destruições inesperadas.
Para um iludido, que além de alienado também faz parte da miragem, basta comprar a comida para que o apetite venha no mesmo prato, tomar remédio para que se tenha saúde como resultado ou comprar um pacote de diversão e ter como garantia a felicidade.
Para o poeta a vida melhora
Com um toque de poesia,
Se não estiver ao alcance na hora,
Criará ele, em sua fantasia.
Bálsamo
O mar, mistério a explorar,
Acaricia ondas que cabelos não têm,
Como o corpo nu a encantar
Afogando desejos no suave vai e vem.
Bronze em reflexo solar
Na profundidade de tudo há sonhos,
É mágico nestas águas nadar
Bálsamo salgado onde me recomponho.
Este mar de esperança e fé
Onde o fim é impossível ver sequer
Balança na alma
Um corpo lindo de mulher
Coroada.
Tenho em mim cada gosto
Que quiçá, provarei nos lábios teus
A meiguice dócil do teu rosto
Trazendo saudade antes do adeus.
Desejarei poetar teus olhos brilhantes,
As covinhas das tuas bochechas ocas,
Descrever tua beleza cintilante,
Preso no fascínio da tua boca.
Numa poesia meio mágica e inconsequente,
Tirarei dos versos a rima reprimida
Colocarei no mesmo verso inocente
Em ordem invertida, eu, você e a vida.
Não fiques presumido pelo que sabes, porque tudo quanto sabe o mais sábio do homem, nada é em comparação com o muito que lhe falta saber.
Míssil
Sofismadas no sorriso estavam às angustias,
Tremores de quem toca o infinito
Na incerteza do que virá ao abrir a porta
Além do bilhete pendurado
No girassol já sem abelhas.
Fecha-se o portão criado
De um mundo invisível
Ante o abismo....
Cante.
Talvez faltem pernas para o pulo,
Um passo atrás...
O embalo
Três...
Lança-se.
É a própria lança,
É míssil futurístico
Que não se prende a muros.
Levante-se...
Sentado
Nem na melhor música se dança.
Faça a troca;
A uma vida enfadonha
Arisque algumas festanças.
Todos os dias...
Todo dia hoje vira ontem,
Presente vira passado,
Dúvida vira certeza,
Sonho é realizado.
Todo dia
Uma flor nasce
O sol brilha
Alguém sorri.
Todo dia
Diga bom dia
Se contagie
Pela alegria.
Todos os dias...
De zero a Dez
Seguiram os dois na nau desgovernada;
Um por querer tudo
O outro por não querer nada.
No caminho nada se ajeitou,
Um não sabe por que foi
O outro não sabe por que voltou.
Nenhum deles entendeu,
Olharam-se nos olhos no adeus,
Para finalizar um no outro um beijo deu.
Ônus e bônus
Vivemos a fazer contas
Sem saber que a vida não é exata
O inesperado sempre apronta
Num piscar vai de crédito a duplicata.
Dentro cada um tem o que precisa
Para o caminho que escolher seguir,
Definindo as próprias divisas
As decisões tomadas indicam por aonde ir.
Seremos sempre o que nos fizermos
A ninguém devemos atribuir nada
Somos ônus e bônus do que escolhemos
Resultados das nossas metas certas ou erradas.
Ondulante
O vento que nos permeia
Balança as águas
Ondula as areias.
Desafiante entra pelas janelas
Sacode as cortinas
Bate nas telhas.
Apaga-me a voz
Grita-me zunindo levemente
Esvoaça grisalho a cabeleira.
Vá ser feliz,
Por favor, vá-se embora
Vai ventar lá fora.
Ondas sensíveis
Todos os encantos
Em cantos da tua boca,
Num olhar de lábios
Mágicos de doçura louca.
Dunas, guarda-sóis e nos,
Um coro meio rouco
Numa consoante voz.
Luzes do chalé
Envoltos em lençóis
Oceanos adormecendo em cafunés
Ondas sensíveis de mulher.
Hora certa
Ainda havia um sonho guardado
Entremeado por medo e orgulho
Deixei-o dormir até clarear
Abrigado na alma estava protegido,
Ao natural é a melhor maneira de acorda-lo
Pois será a hora certa de ser vivido.
Noite oca
Na noite oca
Um grito dizia
A vida é louca
E nem se ouvia.
O eco furou
O grito ficou descontente,
Certo é quem errou
Ao morrer da semente.
Não há
Bastava-me um motivo
E eu sorriria,
Mas não, não havia sorrisos
Muito menos motivos.
Nunca ninguém sorri
Nunca há motivos,
Tudo o que a vida dá
São penitências de fazer santos
E exigências de criar heróis.
Nem com milagres
Nem com promessas
Nem procure sorrisos
Onde nunca antes foi achado.
Tempo menino
O tempo é o menino que toca a campainha da vida
E corre...
É a água que escorre, passa por nós,
E vai...
É vento devastador saindo do mar e
Se aproximando...
É roupa que encolheu,
Não serve mais.
É sorriso substituído por certezas
Angustiantes inimagináveis antes.
Implacável, revela imperfeições,
Que a beleza jovem escondia.
Suplanta sonhos,
Mata sorrisos
Desperta monstros.
Ainda assim te recompensa,
Te encanta,
Te conquista.
Não brilham
Escolho palavras duras,
Granitos
Valiosos
Diamantes vermelhos.
As mais certas
Não evito
Glórias falsas
Não brilham.
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