Luis Fernando Verissimo Sonhos

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PORTAS DE RUA

Adoro portas espelhadas
Do centro da cidade,
Nas ruas mortas dos fins de semana,
E, passo na rua, sua,
Onde o trem dorme sossegado
E o pipoqueiro nem existe.
Adoro estas portas espelhadas
Onde acomodo os cabelos
E a camisa
Nas
Calças.
E vaio o vento
Que balança a chaminé.
Desperto o meu medo,
De faro aguçado.
Acordo um telefone
Mudo,
Surdo,
Numa sala trancada.
Esperança,
Num desses espelhos,
Estarás amada,
Retocando o batom,
Pela janela oposta.

Inserida por MoacirLuisAraldi

O sol e a lua

Com o escuro da noite
A paisagem enegrece,
Mas seus raios cristalinos
Aos poucos aparecem.

O manto negro se desmancha
O astro rei vem à tona,
Enche o dia de relíquia
Seus raios de ouro ele aplica.

A lua, rainha da noite,
Pelo rei sol se apaixonou,
Deste amor brilhante
Muita estrela resultou.

Neste casal liberal
Os dois têm seus direitos.
E para dividirem o trabalho
Não tinha outro jeito.

Combinaram de acordo
Que o sol iluminaria o dia.
E a noite, sem compromisso,
A lua apareceria.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Você

Quando amanheceu dei-me sem rumo,
Desnudo de qualquer amor.
Meu grito poético sem prumo
Tomado por súplicas de dor.

Onde guardarei os versos que pra ti compus?
Que me deixaram rouco de te querer.
Pra que lado sopra o vento que me conduz?
Onde você foi de mim, se esconder?

Inserida por MoacirLuisAraldi

Hemisférios

Meus hemisférios diferem entre si com muita clareza.
O norte é durão.
Odeia as convenções sociais, os bons modos e gentilezas.
Adora destruir o inimigo.
Golpeia com força para danificar o mais que pode.

O sul é doçura, é ingenuidade é amável em qualquer situação.
Tem bons modos é gentil. É prestativo, está sempre disponível.
É de uma ternura invejável.
O sul ama as pessoas.

O norte é possessivo, grosseiro.
É egocêntrico ao extremo.
É cheio de paranoias.
Estressado, violento e nublado.

O sul é humilde,
Relax, límpido e ensolarado.
Ah... O sul.
O sul é um amado.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Profecia Escatológica

2012. Dezembro.
Luzes no ar.
Luneta, binóculos,
Cometa?
OVNI?
Juízo final?
Fim do mundo?
Não. Vaga-lumes a voar.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Pedinte

Não. Não quero ver o dia amanhecer.
O amanhã será como hoje.
Talvez mude o clima,
A chuva,
O sol,
Mas amanhã e outros amanhãs
Serei o mesmo.
Incontestavelmente o mesmo.
Acho que é assim,
Nem bom,
Nem ruim,
Risco do meio.
Amanhã será escuro.
O pão,
Será seco,
A mesa - o beco,
A porta - a pedida.
Meu amanhã será teu hoje,
Pois vivo do que você sobra.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Sou eu

Sou eu cansado
Vagando no eterno.
Expondo o interno.
O avesso.
A paixão.

Tira de mim
O que já está fora
O que extravasa,
Esta brasa.
A paixão.

Tira de mim
Esta dor
Estreita.
Que extravasa.
O avesso.
Esta brasa.
A paixão.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Ruído

Ao ouvir o ruído lacrimoso
Da desalegre chuva que chora
Senti-me beijado por todo o lodo
Da angústia que me invade agora.

Não sei como explico,
Só pra mim isso importa,
Neste momento solitário fico
E a chuva traz-me a vida morta.

Cada pingo é uma lágrima,
Cada lágrima uma lembrança,
Há, pudera outra vez criança.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Observante

Espio pela janela,
Coberta pela cortina telada
E vejo ao longe, pés enormes de figo.
Por entre eles desce uma
Pequena estrada em forma de meia lua.
À direita segue uma tira de mato
Como um satélite que se alonga.
Ah, antes que eu esqueça.
Acima. Muito acima.
Está o céu, parcialmente nublado.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Desocupados
Ocupam-se das noites,
Vagando vaga-lumes.
Tocando campainhas.
Quebrando lâmpadas.
Chutando papel.
Ocupam-se das noites,
Pichando muros.
Murando morais.
Ocupam-se das noites,
Nas praças periféricas e
Centrais.
Traficando, consumindo.
Rindo sem sorrir.
Ocupam-se das noites,
Na sarjeta fétida
Cheirando caviar.
Ocupam-se das noites
No presídio deserto
Que os torna mais incertos,
Que os torna mais desonestos.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Um minuto de loucura
Perdi a conta
De quantos sou.
Sem ter verdades
Os olhos cegam.
Carrego este tormento
Este esquecimento
Psique avançada.
Não sei das horas
Não sei das datas
Nem das tristezas
E das alegrias.
Perdi-me tudo.
Fiquei sem lar.
Caí no mar.
Naufraguei
Flutuando encontrei
O que nem sei
O que não sou.
Aviões dourados
Trens zunidores
Mosca atrevida
O sapo na lata
Pirâmide branca
Não vou tomar este comprimido.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Se ainda posso homenagear a terra natal

Na terra onde nasci,
Os trilhos cortavam o pequeno lugarejo,
Como brilhantes luzindo a luz solar.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Mulher

Quero uma mulher
Linda ou não.
Que me ame de montão.
Que me receba
Enrolada de banho.
Que corra ou fique,
Tudo depende.
E que me entende
Quando a noite
Chego atrasado.
Que de manhã,
Cabelos molhados
Manda-me embora
E depois chora.
Que seja assim:
Metade dela
Metade de mim.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Vazio

Andando sem destino,
Pela rua a vagar.
Sentindo os raios da noite
Começando a declinar.

Correndo passa um menino,
Sorridente a passear,
Tentando encontrar a menina
Que o fez apaixonar.

Eu ando... Sem rumo.
Nem sei onde quero chegar.
Mais feliz é o menino
Que tem a quem buscar.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Fim do mundo
De todos os fins de mundo que já participei, este é o mais comentado. Vai ser muito bom. Contudo, tenho certeza que o próximo será ainda melhor.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Chuva

Caminhos,
Cheios de gente.
Indo e vindo.

E o menino dormindo.
A mosca zunindo.
O cão latindo.

O redemoinho fazendo zoeira.
Você evitando a poeira.

O mato tremendo.
Janelas batendo.

...A nuvem rompeu.
Em
Pouco
Tempo
Muita
Chuva
Desceu.
Chuá
Chuá
Chuáááá...

Inserida por MoacirLuisAraldi

Masculino singular

Se quiseres dormir,
Não sou o sono,
Nem tão pouco a cama.
Procure outro lugar.

Se quiseres despertar,
Sou o despertar.
Masculino singular,
Louco pra te acarinhar.

Se quiseres amar
Venha me encantar.
E em mim pra sempre
Poderás ficar.

Inserida por MoacirLuisAraldi

Como vai você?

Madrugada lenta,
Onde escondeste o dia que não chega?
Morto neste colchão,
Abraço o silêncio e a solidão.

Atrasado chega o dia, bocejante,
E pede que me levante.
O hotel se torna borbulhante.
Já sei que a rotina será maçante.
Sem escolhas vou adiante.

Bom dia. Como vai?
Olá. Tudo bem?

As pessoas bem dormidas,
Não sabem da minha vida.
Das esquinas descabidas.
Das péssimas investidas.

À tarde os importunos se multiplicam,
Ficam ainda mais pedantes.
Sem escolhas vou adiante.
Tentando não parecer arrogante.

Boa tarde. Como vai?
Olá. Tudo bem?

A noite outra vez me escolta,
Sábia e cheia de contra indicações.
Sigo cabisbaixo conduzindo minha revolta.
Ainda encontro uma multidão
Chata e sem emoção.

Boa noite. Como vai?
Olá. Tudo bem?

Em fim fico só comigo,
Empalideço a fisionomia.
Deito em meu jazido.
Meu corpo parece
Embalsamado pra aula de anatomia.

Entre paredes melancólicas deste mausoléu.
Refaço minhas angústias.
Minha consciência atrevida,
Pra infernizar ainda mais minha vida,
Pergunta destemida:

Olá. Tudo bem?
Como vai tua vida?

Inserida por MoacirLuisAraldi

Aprendiz
Discutimos Aristóteles.
Platão, existencialismo.
Discutimos
O estado.
Atenas,
Esparta.
Discutimos
Classes,
Sociedade,
Competição.
Discutimos
Como bestas.
Como bostas.
E o que importa se Deus existe?

Inserida por MoacirLuisAraldi

Ternura
Aos poucos vou percebendo que o mundo, a cada dia, distancia-se de mim.
Eu que sou meio a moda antiga. Não badalo adereços. Abro mão de usar brincos. Não acho graça nenhuma em piercing. Não penso em fazer nenhuma tatuagem.
Não falo: “tipo assim,” e nem uso outras gírias da moda. Não mostro as cuecas ao me vestir.
Não dirijo bêbado, não brigo em festas ou baladas, pra quem prefere assim.
Eu que beijo o rosto dos meus filhos homens, que abraço meus amigos. Que ainda cumprimento as pessoas na rua, me preocupo e gosto delas. Eu que valorizo mais o ser humano em detrimento de outros valores.
Escrevo louco com “uc” e não com “k”. Costumo pedir licença para entrar e dizer obrigado pelas gentilezas e favores.
Ouço músicas antigas pra por a saudade em dia.
Vejo fotos três por quatro de pessoas que, de alguma forma, passaram pela minha vida. Na memória e em meus álbuns, já amarelados, guardo vastas lembranças.
Eu que brigo com esta máquina chamada computador.
Estranho falar com este interlocutor sem reações, sem rosto, sem gestos, sem sorriso, sem cara fechada. Todas as fotos de redes sociais são de pessoas sorridentes.
Sinto uma ânsia de mostrar ternura, de olhar nos olhos, de ver o semblante das pessoas, de ficar mais doce e agradável com a conversação. De demonstrar simpatia. Mas me adapto e gosto de novidades.
Eu que tenho esta alma dominada e doentia em devaneios.
Que romantizo as relações. Vejo presságios de amor em todas as direções. Eu que costumo pedir perdão quando erro. Admito sentir saudades, pergunto se queres contar seus problemas. Eu que quero saber onde está seu sorriso e, se preciso, faço palhaçada para que ele volte ao seu rosto.
Vou à igreja, creio em Deus.
Amo a natureza e convivo bem com animais.
Mesmo assim, relaciono-me bem com diferentes gerações, com iguais e com desiguais, pois não é isso que uso como parâmetro para gostar de alguém.
Não furo filas. Não quero vantagens pessoais.
Fico fascinado com um sorriso sincero de uma criança. Emociono-me com aquele “abracinho” infantil tão terno e verdadeiro. Adoro escutar pessoas mais velhas e aprender com suas experiências de vida.
Eu que envelheci junto com este mundo que, hoje parece não ser o mesmo.
Quanta pressa. Quanta falta de educação no trânsito. Quanto desamor. Em fim, quanta dureza nos corações humanos.
No fundo, no fundo acho que se manteve o mundo eu é que amoleci.

Inserida por MoacirLuisAraldi

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