Luis Fernando Verissimo Sonhos
Antes de Mussolini e Stalin já existiam as estrelas.
E mesmo depois que eles tiverem passado,
Elas continuarão a brilhar.
Se naquele instante - refletiu Eugênio - caísse na Terra um habitante de Marte, havia de ficar embasbacado ao verificar que num dia tão maravilhosamente belo e macio, de sol tão dourado, os homens em sua maioria estavam metidos em escritórios, oficinas, fábricas... E se perguntasse a qualquer um deles: 'Homem, por que trabalhas com tanta fúria durante todas as horas de sol?' - ouviria esta resposta singular: 'Para ganhar a vida'. E no entanto a vida ali estava a se oferecer toda, numa gratuidade milagrosa. Os homens viviam tão ofuscados por desejos ambiciosos que nem sequer davam por ela. Nem com todas as conquistas da inteligência tinham descoberto um meio de trabalhar menos e viver mais. Agitavam-se na Terra e não se conheciam uns aos outros, não se amavam como deviam. A competição os transformava em inimigos. E havia muitos séculos, tinham crucificado um profeta que se esforçava por lhes mostrar que eles eram irmãos, apenas e sempre irmãos.
Em geral quando termino um livro encontro-me numa confusão de sentimentos, um misto de alegria, alívio e vaga tristeza. Relendo a obra mais tarde, quase sempre penso ‘Não era bem isto o que queria dizer’.
Para fugir ou para buscar. Os fugitivos cedo ou tarde descobrem que seus problemas são de natureza geográfica.
Às vezes nesse mundo é preciso mais coragem para continuar vivendo do que para morrer.
(Incidente em Antares)
A vida vale a pena ser vivida apesar de todas suas dificuldades, tristezas e momentos de dor e angústia.
O mais importante que existe sobre a face da terra é a pessoa humana. E surpreender o homem no ato de viver é uma das coisas mais fantásticas que existe.
"– Só foge da solidão quem tem medo dos próprios pensamentos, das próprias lembranças.
– Talvez...
– Mas se tu soubesses como a solidão pode nos enriquecer..."
Nem o presidente nem os ministros são acrobatas de circo para fazer piruetas, receber aplausos e desaparecer nos bastidores.
A UM GATO
Não são mais silenciosos os espelhos
Nem mais furtiva a aurora aventureira;
Tu és, sob a lua, essa pantera
que divisam ao longe nossos olhos.
Por obra indecifrável de um decreto
Divino, buscamos-te inutilmente;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
É tua a solidão, teu o segredo.
O teu dorso condescende à morosa
Carícia da minha mão. Sem um ruído
Da eternidade que ora é olvido.
Aceitaste o amor desta mão receosa.
Em outro tempo estás. Tu és o dono
de um espaço cerrado como um sonho.
Amor é um brado afeito
Que Deus no Mundo pôs e a Natureza
Para aumentar as coisas que criou.
De amor está sujeito
Tudo quanto possui a redondeza;
Nada sem este efeito se gerou.
Por ele conservou
A causa principal o Mundo amado
Donde o pai famulento foi deitado.
As coisas ele as ata e as conforma
Com O Mundo,e reforma
A matéria. Quem há que não o veja?
Quanto meu mal deseja, sempre forma.
No mundo quis um tempo que se achasse
o bem que por acerto ou sorte vinha;
e, por experimentar que dita tinha,
quis que a Fortuna em mim se experimentasse.
Mas por que meu destino me mostrasse
que nem ter esperanças me convinha,
nunca nesta tão longa vida minha
cousa me deixou ver que desejasse.
Mudando andei costume, terra e estado,
por ver se se mudava a sorte dura;
a vida pus nas mãos de um leve lenho.
Mas, segundo o que o Céu me tem mostrado,
já sei que deste meu buscar ventura,
achado tenho já, que não a tenho.
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