Logo ali na Proxima Esquina
Meus pais enfatizaram a importância da experiência - na minha família, ser aventureiro era um sinal de maturidade.
Ser conhecida tão bem por alguém é um presente inimaginável. Mas ser tão bem imaginada por ele é ainda melhor.
Talvez o final de todos não seja o dia em que realmente morrem, mas a última vez que alguém fala deles.
A história de todos é diferente, o tempo todo. Ninguém nunca está realmente bem, mesmo que pareça que está.
Quando você acredita na sua própria capacidade para fazer algo, mesmo que seja assustador, isso lhe dá um poder quase mágico. A confiança é mágica.
Talvez seja isso que acontece quando uma pessoa cresce. Talvez o espaço entre você e as outras pessoas da sua vida cresça tanto que você possa enchê-lo com todo tipo de mentiras.
Desde a infância, eu temia desperdiçar qualquer felicidade que surgisse em meu caminho. Sempre queria guardar um pouco para mais tarde. Isso me fez perder muitas oportunidades.
Na imensidão vertical das montanhas, onde os picos tocam os céus e os ventos sussurram segredos antigos, encontrei minha própria jornada. A primeira montanha ergueu-se diante de mim, desafiando-me com sua majestade imponente. Cada passo rumo ao seu cume foi um testemunho da minha própria resistência, uma dança entre o esforço e a contemplação.
No silêncio solene dos seus flancos, descobri a melodia da minha própria respiração, um eco da terra e do céu que se encontram nas alturas. Cada rocha, cada fenda, cada trilha íngreme contava uma história milenar, uma narrativa entrelaçada de coragem e perseverança. Sob o manto celeste estrelado, eu me tornei parte dessa epopeia, uma nota na sinfonia universal da vida.
Ao alcançar o cume, meu coração transbordou de uma alegria indescritível, uma êxtase que só os que desafiam os limites conhecem. Ali, diante da vastidão do horizonte, mergulhei na imensidão do presente, onde o tempo se dissolve e apenas o momento sublime permanece. Prometi a mim mesmo que nunca mais enfrentaria tal desafio, mas as montanhas têm uma maneira peculiar de conquistar nossos corações.
Hoje, quando fecho os olhos, sinto a chamada das montanhas ecoando em minha alma, uma melodia etérea que me convida para novas jornadas. Em seus picos silenciosos, encontro a promessa de redenção e renovação, um santuário de beleza intocada que acalma as tormentas da vida. Pois cada montanha, com toda a sua grandeza e majestade, é um convite para a alma voar livre, para além dos limites do cotidiano, rumo aos horizontes desconhecidos da própria existência.
A casa da esquina
A casa ficava logo na esquina. Não era uma das melhores, ficava em terceiro lugar no quesito pior decoração. As folhas do jardim estavam completamente queimadas do Sol, as flores e plantas mortas. O telhado estava meio quebrado, algumas janelas sem vidro, uma parte do muro caída... O criador da casa resolveu que deveria aluga-la, pois ele não poderia e nem teria condições de mantê-la. Mudou completamente a decoração da casa, cuidou do jardim, deixou em perfeito estado e logo tratou de colocar a placa de “Aluga-se”.
A casa se tornou a mais bela de todo o quarteirão. Impossível passar sem nota-la! Muitos até tinham medo de perguntar o preço por medo de ser muito caro e assim como o criador, não conseguir mantê-la. Até que apareceu o primeiro interessado. Conversou com o criador. Prometeu manter a casa em perfeito estado, cuidar como se fosse única, como se não existisse casas melhores que ela. O criador resolveu mostrar o lado de dentro da casa. Mas que bagunça! Paredes arranhadas, escada quebrada, lâmpadas quebradas... Um caos. Logo o interessado tratou de desistir. Mas e as promessas? Que promessas? Adeus.
O criador ficou bastante chateado, achou até que não deveria mais mostrar o lado de dentro da casa antes de receber a primeira parte do aluguel. Nada feito... Segundo interessado. Não prometeu nada, apenas disse que queria passar uns dias. O criador bem que tentou fazer com que ele ficasse por bastante tempo, mostrando somente o lado de fora da casa e contando vantagens sobre a mesma. Mas o interessado não mostrou nenhum interesse. Antes mesmo de entrar, já tinha desistido, pois havia encontrado uma casa melhor.
Cansado de receber pessoas sem interesses verdadeiros, o criador resolveu demolir a casa. Muito emocionado, enquanto preparava os explosivos, o criador pensou que sua escolha em alugar a casa era a pior que já teve. Quem iria se interessar por uma casa que só era perfeita por fora, que por dentro era um verdadeiro caos?
- Por que chora? –Perguntou um desconhecido.
- Não consigo alugar minha casa... Não consigo melhora-la. –Respondeu o criador.
- Mas ela é tão perfeita! Olha como ela é linda, olha o jardim com as mais belas flores! Que varanda aconchegante!
- Não, meu caro amigo... A beleza de minha casa só se encontra por fora.
- Posso dar uma olhada por dentro?
- Sim pode. Mas vou logo avisando: Lá dentro é um verdadeiro caos, você não irá gostar. Os pisos estão quebrados, paredes arranhadas, vidros espalhados por todo o lado... –Disse o criador enquanto soluçava em prantos.
- Bom... Não posso concordar porque ainda não sei como é lá dentro.
O criador com muita vergonha abriu a porta principal. E assim como havia dito, a casa estava um caos.
- Hummm. Como você é dramático. Sua casa continua sendo perfeita para mim. Nada que uma varridinha e alguns acabamentos não resolva. Quer saber? Eu quero sua casa. –Concluiu o desconhecido.
- Mas ninguém se interessa por essa casa quando a vê por dentro! –Disse o criador inconformado.
- Eles não ficaram com a casa porque não a virão com o mesmo olhar que eu. Essa casa era pra ser minha há muito tempo...
A mente humana e a personalidade é algo tão complexo e grandioso, que é impossível defini-las com relatos de terceiros, frases prontas ou teorias limitantes, devemos levar em conta a individualidade e a capacidade infinita de transformação de cada indivíduo. Quando isto não é feito só há duas condições: incompetência ou preguiça.