Logo ali na Proxima Esquina
Então sinto falta. Aí vou na esquina e cato o primeiro que passar. Quanto custa? Vamos lá, qualquer um.
EPÍGRAFE PARA A NOSSA SOLIDÃO
cruzámos nossos olhares em alguma esquina
demos civicamente os bons dias:
chamar-nos-ão vais ver contemporâneos
Deus provou o Seu amor na cruz. Quando Cristo pendurado ali sangrou, ali morreu, foi Deus dizendo ao mundo: "Eu te amo".
Ficou ali sentada, os olhos fechados, e quase acreditou estar no País das Maravilhas, embora soubesse que bastaria abri-los e tudo se transformaria em insípida realidade…
Sozinho
Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho
Não sou nem quero ser o seu dono
É que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho os meus segredos e planos secretos
Só abro pra você mais ninguém
Porque você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela de repente me ganha?
Quando a gente gosta
É claro que a gente cuida
Fala que me ama
Só que é da boca pra fora
Ou você me engana
Ou não está madura
Onde está você agora?
Pela primeira vez examinei a mim mesmo com o propósito seriamente prático. E ali encontrei o que me assustou: um bestiário de luxúrias, um hospício de ambições, um canteiro de medos, um harém de ódios mimados.
Avisei que não dou mais nenhum sinal de vida. E não darei. Não é mais possível. Não vou me alimentar de ilusões.
Se, a princípio, nos desencontrarmos, não desanimes.
Se não me achares aqui, procura-me ali;
em algum lugar estarei esperando por ti.
Às vezes você não vê que a melhor coisa que já aconteceu com você está ali, bem embaixo do seu nariz.
Tem vezes que eu só queria sumir. Mostro a todos que estou bem, mas depois fico ali no meu canto, chorando calada pra que ninguém veja. Não quero palavras de conforto e nem carinho, só quero chorar. Não quero dizer o motivo (se é que toda vez tem motivo) só quero tirar toda essa dor de mim.
Uma paixão aqui, um quase-amor ali. Ainda bem que existem amigos para amar, abraçar, sorrir, cantar, escrever em recibos e tirar fotos bonitas. E a vida segue. Feliz. Sua imaginação te preenche, seus amigos te dão colo, vodca e dias incríveis.
Um conto suicida
Domingos à tarde são horríveis! Insuportáveis! Suicidas! E ali estava ela. Olhando a chuva cair pesadamente da janela de seu quarto, no décimo quinto andar. E sobre a cama estavam fotos espalhadas, cartas rasgadas, cinzas de cigarros, copos de bebidas... E no rádio tocava 'While My Guitar Gently Weeps', dos Beatles. E sentada na janela do décimo quinto andar, estava ela, com o cabelo desgrenhado, a roupa molhada de vodca e lágrimas, tênis sujos. E segundos depois estava ela estirada no chão da cidade, com a chuva a lavar seu sangue.
E ali ficou... Diante aquela porta a qual havia batido por tantas vezes e ouvido somente o forte eco de suas vãs batidas. A casa estava vazia. Ninguém mais habitava ali...
Conhecer alguém aqui e ali que pensa e sente como nós, e que embora distante, está perto em espírito, eis o que faz da Terra um jardim habitado.
Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente, tome um refrigerante, coma um cachorro quente. Sim, já é outra viagem, e o meu coração selvagem tem essa pressa de viver.
Um "tanto faz" aqui, um "foda-se" ali, uma ignorada de lá, e assim vou me livrando do desnecessário, do que me atrasa.