Liberdade Borboleta Fernando Pessoa

Isso é amor. / — Será? Tem coisas, tem coisas que ele escreve que parecem. Não sei, parecem verdade, entende? Ele me toca, mexe comigo.

Amigos são, sim, para trocar abismos? Então me escreva 10, 100 páginas, e eu responderei com toda amizade que realmente sinto por você.

Eu cavo
Tu cavas
Ele cava
Nós cavamos
Vós cavais
Eles cavam.

Não é bonito; mas é profundo

Quando não há música, canto.

Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha para mim, sorri. Quanto tempo dura?

Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates... Apague minhas interrogações.

Quando desvio meu olho do teu, dentro de mim guardo sempre teu rosto.

Só quem já teve um dragão em casa pode saber como essa casa parece deserta depois que ele parte.

Dormir 24 horas foi a maneira mais delicada que encontrei de não perturbar
o equilíbrio de vocês — que é muito delicado. E também de não perturbar o meu
próprio equilíbrio — que é tão ou mais delicado.

Pensando melhor, continuavam sem saber, fazia muitos anos, se a realidade seria mesmo meio mágica ou apenas levemente paranóica, dependendo da disposição de cada um para escarafunchar a ferida.

Meu coração é um mendigo mais faminto da rua mais miserável.

Seu amor não me toca nem comove, sua precisão de mim não passa de fome e você me devoraria como eu devoraria você. Ah, se ousássemos.

Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados.

Sua risada devia tocar no rádio.

‎Mas tudo bem, estou calmo e ponderado, embora a vontade seja de agredir algumas pessoas, dizer meia dúzia de verdades e sair pisando duro. Mas não vou fazer nenhuma loucura.

I don't forget. Meu coração está perdido

Descobre, desvenda.
Há sempre mais por trás.
Que não te baste nunca uma aparência do real.

Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você.

Mulher nem sempre te dá mole por que está a fim de você, na maioria das vezes é para ter opção.

Lembro que naquela manhã abri os olhos de repente para um teto claro e minha mão tocou um espaço vazio a meu lado sobre a cama, e não encontrando procurou um cigarro no maço sobre a mesa e virou o despertador de frente para a parede e depois buscou um fósforo e uma chama e fumei fumei fumei: os olhos fixos naquele teto claro. Chovia e os jornais alardeavam enchentes. Os carros eram carregados pelas águas, os ônibus caíam das pontes e nas praias o mar explodia alto respingando pessoas amedrontadas. A minha mão direita conduzia espaçadamente um cigarro até minha boca: minha boca sugava uma fumaça áspera para dentro dos pulmões escurecidos: meus pulmões escurecidos lançavam pela boca e pelas narinas um fio de fumaça em direção ao teto claro onde meus olhos permaneciam fixos. E minha mão esquerda tocava uma ausência sobre a cama.