Liberdade Borboleta Fernando Pessoa
Mas não consigo me deter. Embora não conheça o ponto onde devo chegar, é para lá que me dirijo cego, aos trancos. Pouco importa o que poderia me afastar desta tentativa quem sabe inútil de recuperá-lo, ou o que trouxe consigo desde que veio e se foi. Perdi meu equilíbrio quando veio, e mentia meu equilíbrio antes que viesse.
Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu — sem o menor pudor, invente um, pois quando Setembro vier, de tão azul, o céu parecerá pintado.
As pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem, há o que são e nem sempre se mostra. Há os níveis não formulados, camadas imperceptíveis, fantasias que nem sempre controlamos, expectativas que quase nunca se cumprem e sobretudo, como dizias, emoções que nem se mostram.
Natural é encontrar. Natural é perder.
Linhas paralelas se encontram no infinito.
O infinito não acaba. O infinito é nunca.
Ou sempre.
Porque, na verdade, o que eu levo aqui dentro é maior que tudo. É maior porque é do bem e vem fresquinho. Eu vivo mesmo é de claridades e não vai ser qualquer gentinha à toa que vai enfraquecer minha fé na vida e minha vontade de sorrir pro mundo.
Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido.
Rezar, gritar, cantar, fazer qualquer coisa, desde que você venha, para que meu coração não permaneça esse poço frio sem lua refletida.
Pensei: “Glória a Deus sobre todas as coisas”. Foi o único pensamento que me veio. Nem era direito pensamento, parecia mais uma oração.
Ninguém te ensinará os caminhos. Ninguém me ensinará os caminhos. Ninguém nunca me ensinou caminho nenhum, nem a você, suspeito. Avanço às cegas. Não há caminhos a serem ensinados, nem aprendidos.
Então, por favor, não permita que tudo isso se perca, não permita que eu acorde amanhã buscando outro sentido pra minha vida, buscando qualquer outra coisa que não seja você.
Parei um pouco de escrever para olhar pela janela e principalmente para ver se eu conseguia deter o pensamento. Acho que consegui. Porque quando começo assim não consigo mais parar, e não quero ouvir eles dizendo que não tem remédio, que eu não tenho cura, que você não existe. Depois eu paro e fico olhando a porta por onde você não entra, o telefone por onde você não fala, e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. Mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe.
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