Liberdade Borboleta Fernando Pessoa

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Um dia talvez você entenda o quanto a sua distração me dói, o quanto esse seu silêncio me rasga.

Aquele menino trazia na testa a marca inconfundível: pertencia àquela espécie de gente que mergulha nas coisas às vezes sem saber porquê, não sei se na esperança de decifrá-las ou se apenas pelo prazer de mergulhar. Essas são as escolhidas — as que vão ao fundo, ainda que fiquem por lá.

Aprenda, menina, quem não te procura não sente sua falta.

Quero seguir livre, entende? Mesmo que isso me faça falta, alguém pra me prender um pouquinho.
Vou me esquivar de todo sentimento bom que eu venha a sentir, não levar nada a sério mesmo.
Ficar perto, abraçar de vez em quando, sentir saudade, gostar um pouquinho. Mas amar não, amar nunca, amar não serve pra mim. Prefiro assim.

Eu não me conheço. E tenho medo de me conhecer. Tenho medo de me esforçar para ver o que há dentro de mim e acabar surpreendendo uma porção de coisas feias, sujas. O que aconteceria, então? O orgulho de ter conseguido chegar perto de meu coração? Ou uma grande humildade, uma humildade de cão faminto, rabo entre as pernas, costelas aparecendo? Não sei, não sei — minha cabeça quase estala quando faço perguntas, meu pensamento escorrega, se desvia, foge para longe, como se ele também tivesse medo da resposta. E talvez nem seja preciso coragem. Talvez seja necessário apenas um breve impulso, como aquele que me fazia mergulhar de repente na água gelada do açude da fazenda. E eu nem era corajoso por fazer isso, apenas tinha as esquecido por um instante de mim, do meu corpo.
(Limite Branco)

Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor.

Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente... um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem.

Não puxo saco de ninguém, detesto que puxem meu saco também. Não faço amizades por conveniência, não sei rir se não estou achando graça. Odeio dois beijinhos, aperto de mão, tumulto, calor, gente burra e quem não sabe mentir direito.

Eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências.

Fiquei tão só, aos poucos. Fui afastando essas gentes assim menores, e não ficaram muitas outras. Às vezes, nos fins de semana principalmente, tiro o fone do gancho e escuto, para ver se não foi cortado. Não foi.

Aos caminhos, entrego o nosso encontro e se tiver que ser, como tem que ser, do jeito que tiver que ser, a gente volta um dia.

Odeio Circo. Aliás, odeio tudo que me encanta e depois vai embora.

Era frio. Não sei dizer se fazia mais frio do lado de fora da minha blusa ou dentro do
meu coração. Provavelmente competiam.

A gente tem muito pudor de parecer ridículos, melosos, piegas, bregas, românticos, pueris banais.

Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia numa rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim? É tão pouco. Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito.
Estou morando, trabalhando, estudando e amando. Esses são os quatro foles da minha vida, no momento, e sobre cada um deles eu teria milhares de páginas a preencher. Sei lá, menina, está tudo tão legal — e um legal tão batalhado, um legal merecido, de costas e pernas doendo, mas coração tranqüilo.

Caras Novas
O Rio é a capital mundial da operação plástica. Não param de chegar estrangeiros para ver, não o pão de açúcar; mas, o Pitangui. Quem não consegue reserva com o Pitangui recorre a outros restauradores brasileiros, com menos nome mas igualmente competentes (é o que dizem, eu não sei. Na única vez que eu consultei um cirurgião plástico ele foi radical: sugeriu outra cabeça. E aquela história do cara que era tão feio que foi desenganado pela cirurgia plástico?). Os responsáveis pelo turismo no Rio podiam montar um balcão no aeroporto - reserva de cirurgião - para receber os visitantes que chegam tapando o rosto e pedindo informações.
— Que tipo de operação o senhor deseja?
— Papada. Quero um bom homem de papada.
O cirurgião plástico, injustamente chamado de gigolô da vaidade, desempenha uma função social muito importante. Os eventuais exageros não são culpa sua. São os clientes que insistem.
— Minha senhora, é impossível esticar a sua pele ainda mais. Já lhe operei 17 vezes. não tenho mais o que puxar.
— Desta vez só quero que você tire esta covinha do queixo.
— Isso não é covinha. É o seu umbigo.
Antigamente a cirurgia plástica era um recurso extremo.
— Querida, que bobagem, operar o nariz. Eu gosto do seu nariz assim como está. Casei com seu nariz, casei com você.
— Acontece que eu não aguento mais o meu nariz. Não posso viver com ele mais nenhum minuto. Não quero mais ver esse nariz na minha frente.
— Mas uma operação plástica...
— Você tem que escolher, eu ele ou eu.
Hoje só falta das nas colunas sociais:
"Gigi Gavrache reuniu um grupo de amigos para a inauguração do seu novo queixo- o terceiro em dois anos -que recebei muitos elogios. "Voluntarioso", "sensível", "um clássico", foram alguns comentários ouvidos durante a noite. "Não posso me queixar..." disse Gigi, com sua conhecida verve."
"Muito comentado o encontro casual de Dora Avante e Scaninha Vabis na pérgola do copa, sábado pela manhã. As duas estavam com o mesmo nariz. Domage..."
Imagino que no mundo da cirurgia plástica - que é uma forma de escultura com anestesia - devem existir algumas mesmas instituições do mundo das artes, que também são plásticas. Como a fofoca.
— O que você está achando da nova fase dele?
— Muita influência estrangeira. Só dá perfil romano.
— Achei o queixo da Gigi bem solucionado.
— Mas, nada original. Eu estava fazendo queixos assim há cem anos. O romantismo está ultrapassado. Ele não evoluiu.
— Por sinal, não deixe de ir ao meu vernissage.
— Vernissage?
— Vou expor alguns traseiros. Meu trabalho mais recente.
Mas tem um problema que me preocupa. Digamos que a americana rica se operou com o Pitangui. Esta contentíssima com o resultado e prepara-se para embarcar no avião de volta a Dallas. Ela tem que passar pelas autoridades no aeroporto.
— Seu passaporte, senhorita
— Senhorita não, senhora.
— Perdão.
— Obrigada.
— Mas... este passaporte não é seu.
— Como que não? Ai está meu nome. Gertrude sou eu.
— Mas a fotografia é do Ronald Reagan.
— Ridículo.
— Está aqui. O Ronald Reagan de peruca.
— Essa sou eu.
— Impossível senhorita. Vamos ter que confiscar este passaporte. Providencie outro com a sua fotografia.

Aquilo que nos fere é aquilo que nos cura. A vida tem sido muito dura comigo, mas ao mesmo tempo tem me ensinado muita coisa.

Eu queria te contar que não dói mais. Só que agora não importa tanto o que você vai pensar sobre isso. Queria que você soubesse que já vi nossos filmes milhares de vezes e nem chorei. Ok, chorei. Mas pelo filme, e não por você. Queria que você soubesse que tirei a poeira das nossas músicas, e que as ouço quase todos os dias. Porque elas me faziam mais falta do que você fez.

Inesperadamente ela chegou por trás e afundou os dedos no seu cabelo, coçando-lhe a cabeça como fazia antigamente. Ele voltou-se e afundou os dedos no seu cabelo, coçando-lhe a cabeça como fazia antigamente. Depois os dois se abraçaram e se deram beijos nas duas faces e, como duas pessoas que não se vêem há muito tempo, atropelaram perguntas como: "Por onde é que tu anda, criatura?".

Não se importe, não se apegue, não ligue, não procure, não fique em cima, não seja disponível. E verá como tudo se torna mais fácil...

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