Leve como Passaro

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O poema não é feito dessas letras que eu espeto como pregos, mas do branco que fica no papel.

Se fizeres do dinheiro o teu deus, ele atormentar-te-á como o demónio.

A utilidade mede a necessidade: e como avalias o supérfluo?

Tememos tudo como mortais, mas desejamos tudo como se fossemos imortais.

A lei é como uma cerca - quando é forte a gente passa por baixo; quando é fraca a gente passa por cima.

O luxo, assim como o fogo, tanto brilha quanto consome.

As ideias novas são para muita gente como as frutas verdes que travam na boca.

Os nossos desejos confusos encontram expressão na questão confusa assim como na força da natureza e eletricidade. Mas a resposta que queremos não é a resposta para esta questão. Não é por encontrar mais relações e conexões que se alcança a resposta, mas sim através da remoção das contradições existentes entre as já conhecidas e talvez reduzindo o seu número. Quando estas contradições dolorosas são removidas, a resposta à força da natureza não foi respondida. Mas as nossas mentes deixam de ter vergonha e param de fazer perguntas ilegítimas.

Só como fenômeno estético a existência e o mundo aparecem eternamente justificados.

A experiência é como uma mulher a quem todos rendem homenagem sem tratar de averiguar se o seu passado é irrepreensível.

Os moços de juízo honram-se em parecer velhos, mas os velhos sem juízo procuram figurar como moços.

Muita luz é como muita sombra: não deixa ver.

Conhecer a fundo, e tal como é, um ser humano, e amá-lo, é impossível.

Trate seus funcionários como sócios e eles agirão como sócios.

O vinho não embriaga tanto ao homem como o primeiro movimento da ira, pois ele cega o entendimento sem deixar luz para a razão.

Caso se queira conhecer uma pessoa, deve-se apenas observar como ela se comporta ao receber ou dar presentes.

A verdade não faz tanto bem neste mundo como as suas aparências fazem mal.

O amor deve considerar-se como um grande poema, cujo primeiro canto é o casamento.

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.

O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.

Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.

Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.

Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.
Jamais se abre em peixes.

Amigo é uma palavra profanada pelo uso e barateada a cada hora, como a palavra de honra, que por aí anda desvirtualizando a honra.