Lembro de nossos Momentos de Alegria

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Lembro como se fosse ontem, mas aconteceu há exatos vinte anos. Eu estava sozinha - não havia um único rosto conhecido a menos de um oceano de distância - sentada na beira de um lago. Fiquei um tempão olhando pra água, num recanto especialmente bonito. Foi então que me bateu uma felicidade sem razão e sem tamanho. Deve ser o que chamam de plenitude. Não havia acontecido nada, eu apenas havia atingido uma conexão absoluta comigo mesma. Não há como contar isso sem ser piegas. Aliás, não há como contar, ponto. Não foi algo pensado, teorizado, arquitetado: foi apenas um sentimento, essa coisa tão rara.
De lá pra cá, nem hino nacional, nem gol, nem parabéns a você me tocam de fato. Isso são alegrias encomendadas e, mesmo quando bem-vindas, ainda assim são apenas alegrias, que é diferente de comoção. O que me cala profundamente é perceber uma verdade que escapou dos lábios de alguém, um gesto que era pra ser invisível mas eu vi, um olhar que disse tudo, uma demonstração sincera de amizade, um cenário esplendoroso, um silêncio que se basta. E também sensações íntimas e indivisíveis: você conquistou, você conseguiu, você superou. Quem, além de você, vai alcançar a dimensão das suas pequenas vitórias particulares?
Eu disse pequenas? Me corrijo. Contemplar um lago, rever um amigo, rezar para seu próprio deus, ver um filho crescer, perdoar, gostar de si mesmo: tudo isso é gigantesco pra quem ainda sabe sentir.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008.

Nota: Trecho da crônica "Emoção X Adrenalina"

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Lembro de Guimarães Rosa, quando dizia que “o que tem de ser tem muita força”.

Sem a alegria, a humanidade não compreende a simpatia nem o amor.

Lembra-me, Mãe querida, a glória que me deste,
A alegria do lar no lençol de cravinas,
A mesa, o livro, o pão e as canções cristalinas,
As preces de ninar, no humilde berço agreste.

Ao perder-te, no mundo, o carinho celeste,
Vendo-te as mãos em cruz, quais flores pequeninas,
Fui chorar-te, debalde, ao pé das casuarinas,
Buscando-te a presença entre a lousa e o cipreste!...

Entretanto, do Além,caminhavas comigo,
Vinhas, a cada passo, anjo piedoso e amigo,
Guardar-me o coração na fé radiante e calma.

E, quando a morte veio expor-se à noite escura,
Solucei de alegria, em preces de ternura,
Em te revendo a luz, conduzindo minha’alma!...

A alegria é a vida vista atrás de um raio de sol.

Acima de tudo quero que vocês descubram a alegria da criação a partir das vossas próprias mãos. A possibilidade de criação a partir do papel é infinita.

O trabalho fornece o pão de cada dia, mas é a alegria que lhe dá o sabor.

A alegria é a nossa evasão do tempo.

O lazer, eis a maior alegria e a mais bela conquista do homem.

Cada alegria é um proveito, e um proveito é um proveito, por mais pequeno que seja.

Esperar uma alegria também é uma alegria.

Gotthold Lessing
LESSING, G., Minna von Barnhelm, 1763

Grito da sineta
na última aula. Alegria.
Depois o silêncio.

No amor, a dor e a alegria lutam sempre entre si.

A alegria é o sofrimento amoroso, o sofrimento espiritualizado.

Nós não conhecemos o verdadeiro valor de nossos momentos até que eles se submetam ao teste da memória.

Os loucos são espantosos nos seus momentos lúcidos.

Os momentos de crise suscitam um redobrar de vida nos homens.

O pudor é tão necessário aos prazeres que é preciso conservá-lo mesmo nos momentos destinados a perdê-lo.

Eu só tenho realmente valor em certos momentos de exaltação.

Momentos houvera em que fora feliz, mas não dera conta.