Jardim das Borboletas Vinicius de Moraes
Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar, muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo. Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo e as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo a saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida.
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor.
Invocação à mulher única
Tu, pássaro – mulher de leite! Tu que carregas as lívidas glândulas do amor acima do sexo infinito
Tu, que perpetuas o desespero humano – alma desolada da noite sobre o frio das águas – tu
Tédio escuro, mal da vida – fonte! jamais... jamais... (que o poema receba as minhas lágrimas!...)
Dei-te um mistério: um ídolo, uma catedral, uma prece são menos reais que três partes sangrentas do meu coração em martírio
E hoje meu corpo nu estilhaça os espelhos e o mal está em mim e a minha carne é aguda
E eu trago crucificadas mil mulheres cuja santidade dependeria apenas de um gesto teu sobre o espaço em harmonia.
Pobre eu! sinto-me tão tu mesma, meu belo cisne, minha bela, bela garça, fêmea
Feita de diamantes e cuja postura lembra um templo adormecido numa velha madrugada de lua...
A minha ascendência de heróis: assassinos, ladrões, estupradores, onanistas – negações do bem: o Antigo Testamento! – a minha descendência
De poetas: puros, selvagens, líricos, inocentes: O Novo Testamento afirmações do bem: dúvida
(Dúvida mais fácil que a fé, mais transigente que a esperança, mais oporturna que a caridade
Dúvida, madrasta do gênio) – tudo, tudo se esboroa ante a visão do teu ventre púbere, alma do Pai, coração do Filho, carne do Santo Espírito, amém!
Tu, criança! cujo olhar faz crescer os brotos dos sulcos da terra – perpetuação do êxtase
Criatura, mais que nenhuma outra, porque nasceste fecundada pelos astros – mulher! tu que deitas o teu sangue
Quando os lobos uivam e as sereias desacordadas se amontoam pelas praias – mulher!
Mulher que eu amo, criança que amo, ser ignorado, essência perdida num ar de inverno.
Não me deixes morrer!... eu, homem – fruto da terra – eu, homem – fruto da carne
Eu que carrego o peso da tara e me rejubilo, eu que carrego os sinos do sêmen que se rejubilam à carne
Eu que sou um grito perdido no primeiro vazio à procura de um Deus que é o vazio ele mesmo!
Não me deixes partir... – as viagens remontam à vida!... e por que eu partiria se és a vida, se há em ti a viagem muito pura
A viagem do amor que não volta, a que me faz sonhar do mais fundo da minha poesia
Com uma grande extensão de corpo e alma – uma montanha imensa e desdobrada – por onde eu iria caminhando
Até o âmago e iria e beberia da fonte mais doce e me enlanguesceria e dormiria eternamente como uma múmia egípcia
No invólucro da Natureza que és tu mesma, coberto da tua pele que é a minha própria – oh mulher, espécie adorável da poesia eterna!
Rio de Janeiro, 1938
in Novos Poemas
in Antologia Poética
in Poesia completa e prosa: "A saudade do cotidiano"
De nada vale ao homem a pura compreensão de todas as coisas,
se ele tem algemas que o impedem de levantar os braços para o alto.
De nada valem ao homem os bons sentimentos, se ele descansa nos sentimentos maus.
Uma música que seja...
...Como os mais belos harmônicos da natureza. Uma música que seja como o som do vento na cordoalha dos navios, aumentando gradativamente de tom até atingir aquele em que se cria uma reta ascendente para o infinito. Uma música que comece sem começo e termine sem fim. Uma música que seja como o som do vento numa enorme harpa plantada no deserto. Uma música que seja como a nota lancinante deixada no ar por um pássaro que morre. Uma música que seja como o som dos altos ramos das grandes árvores vergastadas pelos temporais. Uma música que seja como o ponto de reunião de muitas vozes em busca de uma harmonia nova. Uma música que seja como o vôo de uma gaivota numa aurora de novos sons...
TRÊS RESPOSTAS EM FACE DE DEUS!
Sim, vós sois (eu deveria ajoelhar dizendo os vossos nomes!)
E sem vós quem se mataria no presságio de alguma madrugada?
À vossa mesa irei murchando para que o vosso vinho vá bebendo
De minha poesia farei música para que não mais vos firam os seus acentos dolorosos
Livres as mãos e serei Tântalo - mas o suplício da sede vós o vereis apenas nos meus olhos
Que adormeceram nas visões das auroras geladas onde o sol de sangue não caminha…
E vós!... (Oh, o fervor de dizer os vossos nomes angustiados!)
Deixai correr o vosso sangue eterno sobre as minhas lágrimas de ouro!
Vós sois o espírito, a alma, a inteligência das coisas criadas
E a vós eu não rirei - rir é atormentar a tragédia interior que ama o silêncio
Convosco e contra vós eu vagarei em todos os desertos
E a mesma águia se alimentará das nossas entranhas tormentosas.
E vós, serenos anjos... (eu deveria morrer dizendo os vossos nomesl)
Vós cujos pequenos seios se iluminavam misteriosamente à minha presença silenciosa!
Vossa lembrança é como a vida que não abandona o espírito no sono
Vós fostes para mim o grande encontro…
E vós também, ó árvores de desejo! Vós, a jetatura de Deus enlouquecido
Vós sereis o demônio em todas as idades.
A maior solidão é do ser que não ama.
Nota: Trecho do texto Da solidão.
...MaisNamorados no mirante
Eles eram mais antigos que o silêncio
A perscrutar-se intimamente os sonhos
Tal como duas súbitas estátuas
Em que apenas o olhar restasse humano.
Qualquer toque, por certo, desfaria
Os seus corpos sem tempo em pura cinza.
Remontavam às origens – a realidade
Neles se fez, de substância, imagem.
Dela a face era fria, a que o desejo
Como um hictus, houvesse adormecido
Dele apenas restava o eterno grito
Da espécie – tudo mais tinha morrido.
Caíam lentamente na voragem
Como duas estrelas que gravitam
Juntas para, depois, num grande abraço
Rolarem pelo espaço e se perderem
Transformadas no magma incandescente
Que milênios mais tarde explode em amor
E da matéria reproduz o tempo
Nas galáxias da vida no infinito.
Eles eram mais antigos que o silêncio...
Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel.
O girassol é o carrossel das abelhas.
Pretas e vermelhas
Ali ficam elas
Brincando, fedelhas
Nas pétalas amarelas.
– Vamos brincar de carrossel, pessoal?
– “Roda, roda, carrossel
Roda, roda, rodador
Vai rodando, dando mel
Vai rodando, dando flor.”
– Marimbondo não pode ir que é bicho mau!
– Besouro é muito pesado!
– Borboleta tem que fingir de borboleta na entrada!
– Dona Cigarra fica tocando seu realejo!
– “Roda, roda, carrossel
Gira, gira, girassol
Redondinho como o céu
Marelinho como o sol.”
E o girassol vai girando dia afora...
O girassol é o carrossel das abelhas.
Alba
Alba, no canteiro dos lírios estão caídas as pétalas de uma rosa cor de sangue
Que tristeza esta vida, minha amiga…
Lembras-te quando vínhamos na tarde roxa e eles jaziam puros
E houve um grande amor no nosso coração pela morte distante?
Ontem, Alba, sofri porque vi subitamente a nódoa rubra entre a carne pálida ferida
Eu vinha passando tão calmo, Alba, tão longe da angústia, tão suavizado
Quando a visão daquela flor gloriosa matando a serenidade dos lírios entrou em mim
E eu senti correr em meu corpo palpitações desordenadas de luxúria.
Eu sofri, minha amiga, porque aquela rosa me trouxe a lembrança do teu sexo que eu não via
Sob a lívida pureza da tua pele aveludada e calma
Eu sofri porque de repente senti o vento e vi que estava nu e ardente
E porque era teu corpo dormindo que existia diante de meus olhos.
Como poderias me perdoar, minha amiga, se soubesses que me aproximei da flor como um perdido
E a tive desfolhada entre minhas mãos nervosas e senti escorrer de mim o sêmen da minha volúpia?
Ela está lá, Alba, sobre o canteiro dos lírios, desfeita e cor de sangue
Que destino nas coisas, minha amiga!
Lembras-te, quando eram só os lírios altos e puros?
Hoje eles continuam misteriosamente vivendo, altos e trêmulos
Mas a pureza fugiu dos lírios como o último suspiro dos moribundos
Ficaram apenas as pétalas da rosa, vivas e rubras como a tua lembrança
Ficou o vento que soprou nas minhas faces e a terra que eu segurei nas minhas mãos.
Rio de Janeiro, 1935
Ser, Estar, Viver
No fluxo do ser, no momento presente,
Estamos aqui, vivendo intensamente.
Ser é existir, é transcender além,
Estar é sentir, é estar no momento também.
Viver é a busca por significado e propósito,
É explorar o mundo com olhar curioso e audacioso.
Somos seres em constante transformação,
Em busca de crescimento e evolução.
No palco da vida, cada um tem seu papel,
Estar presente é viver de forma plena e fiel.
Encontramos sentido na conexão com o outro,
No compartilhar de histórias, no amor que é mútuo.
Ser é mergulhar nas profundezas da alma,
É questionar, refletir e buscar a calma.
Estar é abraçar o presente com gratidão,
E viver cada momento com verdadeira paixão.
Que nessa jornada de ser, estar, viver,
Encontremos a sabedoria para aprender.
Que nossos passos sejam guiados pela razão,
Mas também pela essência do coração.
O Amor
O amor, sublime e profundo sentimento,
Que nos envolve em seu doce encantamento.
É a chama que aquece nossos corações,
E nos guia por caminhos de emoções.
No amor, encontramos a mais pura conexão,
Um laço que une alma e coração.
É um oceano de ternura e compreensão,
Que nos enche de alegria e gratidão.
O amor é um bálsamo para as feridas da vida,
Uma luz que ilumina nossa jornada tão sofrida.
Ele nos ensina a amar e a perdoar,
A enxergar o melhor em cada olhar.
No amor, descobrimos a força do cuidar,
A importância de estar presente e amparar.
É um abraço acolhedor que nos envolve,
E nos faz sentir amados e resolvidos.
Que o amor seja o guia em nossos caminhos,
Que nos inspire a sermos melhores, mais carinhosos e mansinhos.
Que ele floresça em nossas vidas, sem cessar,
E nos faça felizes, em cada novo amanhecer.
Minha Amada
Sobre a pessoa amada, quero refletir,
Sobre o brilho em seus olhos que me faz sorrir.
É um ser especial, único em sua essência,
Que preenche minha vida de amor e vivência.
Seu sorriso é um raio de sol a iluminar,
Cada momento ao seu lado, a me encantar.
Seus gestos gentis e palavras sinceras,
Fazem meu coração bater mais forte, nas primeiras.
Na sua presença, sinto-me completo,
Um encontro de almas que é tão concreto.
Você colore meus dias com tons vibrantes,
E aquece meu peito com sentimentos radiantes.
És a razão dos meus sonhos e inspiração,
Minha fortaleza em tempos de aflição.
A cada olhar trocado, uma história se desenha,
E o amor entre nós, eternamente se avizinha.
Que nossa jornada seja repleta de cumplicidade,
De momentos felizes e plena felicidade.
Que o amor que nos une seja eterno e verdadeiro,
E que juntos possamos construir um futuro inteiro.
Amor distante
Na distância que nos separa, meu amor,
Sinto a saudade apertar o peito,
Mas a certeza do nosso encontro futuro,
Me faz suportar cada momento desse efeito.
Nossos corações estão unidos pela emoção,
Mesmo que as milhas nos separem fisicamente,
A conexão que temos é além da razão,
E o amor que sentimos é eternamente.
Em cada pensamento, em cada suspiro,
Você está presente, mesmo tão longe,
E na espera ansiosa do nosso encontro,
A distância não é mais um desafio, mas uma canção.
Pois o amor verdadeiro não conhece limites,
Ele transcende barreiras, não se abate,
E mesmo que a distância seja difícil de suportar,
Nosso amor é forte e jamais irá se desmanchar
Valdilene meu amor
Valdilene, meu amor distante e querido,
Mesmo longe, sinto nosso amor fortalecido.
A distância não diminui o que sinto por você,
Pois em meu coração, você sempre irá viver.
Em cada estrela que brilha no céu noturno,
Vejo o reflexo do nosso amor eterno.
Mesmo separados por quilômetros de distância,
Nossa conexão é uma linda constância.
A saudade aperta, mas o amor nos sustenta,
Pois em nossos corações, a chama se alimenta.
Sonho em momentos juntos, é um tesouro guardado,
E a certeza de que nosso amor será abençoado.
Valdilene, meu amor, mesmo distante estou aqui,
Amando-te intensamente, sem nunca desistir.
Enquanto esperamos o encontro acontecer,
Saiba que em meu coração, você sempre irá viver.
Coração Apaixonado
Coração apaixonado, batendo forte sem parar
No compasso desse amor, quero me entregar
Seus olhos brilham como estrelas no céu
E nesse ritmo, meu coração é seu réu
Coração apaixonado, não há como negar
É um sentimento que não dá pra controlar
A melodia desse amor, ecoa no ar
Coração apaixonado, só quer te amar
Cada momento ao seu lado é uma canção
Onde a harmonia se encontra na paixão
Nos acordes desse amor, somos um só
E a melodia nos leva além do que eu sonhei
Coração apaixonado, não há como negar
É um sentimento que não dá pra controlar
A melodia desse amor, ecoa no ar
Coração apaixonado, só quer te amar
E quando a música tocar e o mundo parar
Nossos corações vão dançar e se entrelaçar
Nessa sinfonia de amor que não tem fim
Coração apaixonado, você é meu refúgio e meu abrigo
Coração apaixonado, não há como negar
É um sentimento que não dá pra controlar
A melodia desse amor, ecoa no ar
Coração apaixonado, só quer te amar
Amor Verdadeiro
No meu coração, um sentimento nasceu
Um amor verdadeiro, que só cresceu
É como uma chama que nunca se apaga
Um amor tão puro, que não se desgasta
Amor verdadeiro, é o que sinto por você
Nada pode separar, nem o tempo pode deter
Nas notas dessa canção, eu quero te dizer
Que meu amor por você é verdadeiro e vai prevalecer
Nos momentos difíceis, estaremos lado a lado
Superando os obstáculos, sempre apaixonados
Compartilhando sorrisos e lágrimas também
Um amor verdadeiro, que nunca tem fim
Amor verdadeiro, é o que sinto por você
Nada pode separar, nem o tempo pode deter
Nas notas dessa canção, eu quero te dizer
Que meu amor por você é verdadeiro e vai prevalecer
E quando o sol se pôr e a lua aparecer
Vou te abraçar e nunca mais te deixar
Juntos vamos caminhar de mãos dadas
Um amor verdadeiro, que nunca será abalado
Amor verdadeiro, é o que sinto por você
Nada pode separar, nem o tempo pode deter
Nas notas dessa canção, eu quero te dizer
Que meu amor por você é verdadeiro e vai prevalecer
