Indiretas de amor: demonstre interesse com sutileza 😉

‎Talvez, se vocĂȘ viesse depressa, o cafĂ© nĂŁo esfriaria. Porque cafĂ©, assim como o amor, quando requentado dĂĄ embrulho no estĂŽmago.

O amor Ă© o perfume das almas.

O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta nĂŁo chega,
o amor fica sem saber se Ă© ou nĂŁo Ă©.

Adélia Prado
Poesia reunida. Rio de Janeiro: Record, 2015.

Nota: Trecho do poema Corridinho.

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O dinheiro compra ansiolíticos, mas não a capacidade de relaxar. Compra jóias, mas não o amor de uma mulher. Compra um quadro de pintura, mas não a capacidade de contemplar. Compra seguros, mas não a habilidade de proteger a emoção. Compra informaçÔes, mas não o autoconhecimento. Compra lentes de contato, mas não a capacidade de ver os sentimentos não expressos. O dinheiro compra um manual de regras para educar quem amamos, mas não compra um manual de vida.

(Parte retirada do livro O Vendedor de Sonhos – E a revolução dos anînimos)

AMOR PACÍFICO E FECUNDO!

NĂŁo quero amor que nĂŁo saiba dominar-se,
desse, como vinho espumante,
que parte o copo e se entorna,
perdido num instante.

DĂĄ-me esse amor freso e puro como a tua chuva,
que abençoa a terra sequiosa,
e enche as talhas do lar.

Amor que penetre ate o centro da vida,
e dali se estenda como seiva invisĂ­vel,
atĂ© os ramos da ĂĄrvore da existĂȘncia,
e fça nascer
as flores e os frutos.
Då-me esse amor que conserva tranquilo o coração,
na plenitude da paz!

Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por vocĂȘ, eu tive que nĂŁo morrer. Porque pra ter vocĂȘ por perto um pouco, eu tive que nĂŁo querer mais ter vocĂȘ por perto pra sempre. E eu soquei meu coração atĂ© ele diminuir. SĂł pra vocĂȘ nunca se assustar com o tamanho.

É que o amor Ă© como ĂĄrvore. Rebenta por si prĂłprio, penetra profundamente em todo o nosso ser e continua muitas vezes, a verdejar sobre um coração em ruĂ­nas.

NĂŁo me falou em amor.
Essa palavra de luxo.

Adélia Prado
Poesia reunida. Rio de Janeiro: Record, 2015.

Nota: Trecho do poema Ensinamento.

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Amor nenhum dispensa uma gota de ĂĄcido

Pensamentos de carinho sĂŁo emanaçÔes de amor e podem ser sentidos por qualquer pessoa, em qualquer lugar, atĂ© mesmo por aqueles que nunca conheceram vocĂȘ.

O homem, guiado pelo amor-prĂłprio, corrompe-se; passa a ter o desejo de ser superior aos outros, aliena-se.

« Tende piedade dos que se escravizam pelo laço de seda do Amor, e julgam-se donos de alguĂ©m, e sentem ciĂșmes, e matam-se com veneno e torturam-se porque nĂŁo conseguem ver que o Amor muda como o vento e como todas as coisas. Mas tende mais piedade dos que morrem de medo de amar, e rejeitam o amor em nome de um Amor Maior que eles nĂŁo conhecem, porque nĂŁo conhecem a Tua lei que diz: “Quem beber desta ĂĄgua, nunca mais tornarĂĄ a ter sede.”

« Tende piedade dos que reduzem o Cosmos a uma explicação, Deus a uma porção mĂĄgica, e o homem a um ser com necessidades bĂĄsicas que precisam de ser satisfeitas, porque estes nunca irĂŁo ouvir a mĂșsica das esferas. Mas tende piedade dos que possuem a fĂ© cega, e nos laboratĂłrios transformam mercĂșrio em ouro, e estĂŁo cercados de livros sobre os segredos do Tarot e o poder da pirĂąmides. Porque estes nĂŁo conhecem a Tua lei que diz. “É das crianças o reino dos cĂ©us.”
.......

Amor a gente nĂŁo procura. É assim: vocĂȘ deixa a porta meio aberta, se distrai plantando girassĂłis e ele entra. Ele adora contrariar.

Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva, minha dĂĄdiva.

Amor tem que doer um pouco
tem que ter gostinho de luta
e de saudade
que Ă© pra nĂŁo apagar o fogo da paixĂŁo
e tudo virar apenas amizade.

Não é tão comum morrer de amor, mas, neste momento, em todas as partes do mundo, milhÔes morrem por falta dele.

Meu amor, minha flor, minha menina
SolidĂŁo nĂŁo cura com aspirina

Zeca Baleiro

Nota: Trecho da mĂșsica Meu amor, minha flor, minha menina.

No entanto como seria bom construir alguma coisa pura, liberta do falso amor sublimizado, liberta do medo de nĂŁo amar...Medo de nĂŁo amar, pior que o medo de nĂŁo ser amado...

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nada resiste ao bem e ao amor.

Balada do amor através das idades

Eu te gosto, vocĂȘ me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, vocĂȘ troiana,
troiana mas nĂŁo Helena.
SaĂ­ do cavalo de pau
para matar seu irmĂŁo.
Matei, brigamos, morremos.
Virei soldado romano,
perseguidor de cristĂŁos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi vocĂȘ nua
caĂ­da na areia do circo
e o leĂŁo que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leĂŁo comeu nĂłs dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da TripolitĂąnia.
Toquei fogo na fragata
onde vocĂȘ se escondia
da fĂșria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
vocĂȘ fez o sinal-da-cruz
e rasgou o pito a punhal..
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesĂŁo de Versailles,
espirituoso e devasso.
VocĂȘ cismou de ser freira..
Pulei o muro do convento
mas complicaçÔes políticas
nos levaram Ă  guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
VocĂȘ Ă© uma loura notĂĄvel
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai Ă© que nĂŁo faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herĂłi da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.