Imperfeições
Um livro pode ser agradável com muitas imperfeições, e fastidioso mesmo que não apresente um único defeito.
São PERFEITAS todas as nossas IMPERFEIÇÕES
e mais que IMPERFEITAS as nossas PERFEIÇÕES.
Somos humanos.
Há palavras que por serem tão verdadeiras, doem profundamente! Elas tocam nas nossas imperfeições e a alma reclama por mudança.
A felicidade nos escolheu,
fazemos um par perfeito, mesmo com as nossas imperfeições.
A nossa união foi algo sobrenatural,
não há explicação, não foi desejo que nos atraiu.
Mas sim um simples olhar,
uma simples conversa,
uma simples atitude,
um simples sorriso.
Fez de nós um casal que se ama
e acredita um no outro.
O tempo soube fazer o seu lindo trabalho.
Satisfazer-se do sofrimento alheio,
é disfarçar nossas próprias imperfeições,
e deixar de ver que somos tão falhos quanto o próximo.
Eu te amava desde sempre nas imperfeições dos outros que não tens e nas que tens, porque em ti elas têm um outro significado, o sentido do vivo, do imperfeito, da real dimensão do humano. Te amava desde muito antes, antes de conhecer o som do teu riso, uma água que despenca do telhado num dia de chuva, antes das minhas mãos espalmadas sobre teus seios, pássaros famintos a revoar sobre campos de trigo. Te amava mesmo quando menino aprendia a ler as palavras que um dia tu me mostrarias a cor verdadeira, quando via pela primeira vez as coisas do mundo que tu reinventarias num olhar. Te amava sempre, sempre, sempre, quando ainda estavas ocupada no teu ofício de me encontrar, sem saber que me procuravas e eu ainda me ocupava em evitar que me encontrasses até que pudéssemos nos reconhecer. Te amava pelas esquinas onde não estavas, pela minha vida que ia se fazendo secretamente cada dia mais perto da tua, pelas conspirações do mundo que nos enlaçavam, nos enredavam, nos libertavam e iam nos preparando para sermos um do outro. Te amava tanto desde sempre porque já amava a mim nessa altura e aqui estavas tu, comigo, no que seríamos nós.
