Homens Desconfiados

Os homens entregam a alma como as mulheres o corpo, por zonas sucessivas e bem defendidas.

No mundo apenas há duas classes de homens: os que têm e os que ganham. Os primeiros deitam-se, os outros agitam-se.

Os homens poderiam parecer-nos mais justos ou menos injustos, se não exigíssemos deles mais do que podem ou devem dar-nos.

Uns homens ocasionam os males e exigem que outros os remedeiem.

Os homens decaem ou engrandecem-se pelos seus próprios atos.

Muitos homens são louvados porque são mal conhecidos.

Não se reconhece tanto a ignorância dos homens no que confessam ignorar, como no que blasonam de saber melhor.

Sucede aos homens como às substâncias materiais, as mais leves e menos densas ocupam sempre os lugares superiores.

Os homens desejam ser escravos em qualquer parte e colher aí a força para dominar noutro sítio.

A vida reluz nos olhos, a razão nas palavras e ações dos homens.

Os acontecimentos são mais vastos do que os homens podem imaginar.

Nos altos empregos os grandes homens parecem ainda maiores; mas os pequenos figuram de mais diminutos.

Todos os homens que se aborrecem num planeta passam a sua pobre vida a procurar outro.

Só se pode corrigir os homens fazendo-os ver tal como são.

Os homens impulsionam os negócios e os negócios arrastam os homens.

Os homens não são importantes. O que conta é quem os comanda.

O futuro permanece escondido até dos homens que o fazem.

Há homens que hoje crêem pouco ou nada, porque já creram muito e demasiado.

O mais livre de todos os homens é aquele que consegue ser livre na própria escravidão.

De homens muito maus não se pode nem mesmo imaginar que morram.