Haicai

⁠Eu passarinho
Pra que despertador?
Acordo sozinho

Domingou!
Chuva mansinha
Parece até que o tempo parou

Eis o tormento,
Aflito pensamento
Da vã lucidez...

Dentro do sonho,
Entre ego e alma...
...sono acalma.

Breves folhas secas,
maduras, quase a cair —
Caminho do templo

verbo arisco —
ser mal interpretado
é sempre um risco.

gotas de orvalho
sobre a teia de aranha
beleza fugaz ...

Ergue-se a lua
mãos dadas
casais à deriva.

Noite extensa
Todos se entendem
Menos os poetas.

⁠Na ampulheta
O tempo vai caindo
Na areia se deita

" Vejam essa proeza
Plebeu me tornando
Princesa"

Em meio a paisagem
o amor pede passagem
eterna travessia

Descarregou nuvens
roubou o céu nos olhos
e viveu azulejando o dia

Saudades tem seu nome,
Poesia tem sua cor,
Cores tem seu perfume.

o perfume da rosa
pousa ao amanhecer
os sentidos vibram

na manhã sem sol
a neblina invade
pintura divina

Na branca Izushi
Toris sangram a neve —
Marcas no caminho

Chego ao templo
pro retiro de verão —
Amigos reunidos

Lanternas acesas
brilham no Bon odori —
Parentes queridos

Vento frio sopra —
Ah, pão no forno compete
com o café fresco