Haicai

Na roseira antiga
As mais belas foram aquelas
Jamais colhida

Estrelas dispersas
céu plúmbeo sem luar
a noite se espalha.

O céu goteja
seus pingos de chuva e ais
canção da noite

Ergue-se a lua
mãos dadas
casais à deriva.

Noite extensa
Todos se entendem
Menos os poetas.

Em meio a paisagem
o amor pede passagem
eterna travessia

Descarregou nuvens
roubou o céu nos olhos
e viveu azulejando o dia

Saudades tem seu nome,
Poesia tem sua cor,
Cores tem seu perfume.

⁠Ansiosa
Petulante
A primavera ruborizou o inverno

⁠Eu passarinho
Pra que despertador?
Acordo sozinho

Domingou!
Chuva mansinha
Parece até que o tempo parou

Os limites do haikai
libertam minha mente
⁠

⁠Na ampulheta
O tempo vai caindo
Na areia se deita

⁠Mar de grama ancora
- na paisagem interrompida -
Grade sem poder.

No céu pleno de azul
flores rosas despontam
cor, paz, imensidão...

Ao balanço do vento
eucaliptos reverenciam
o dia que se vai

uma tarde azul
entre galhos da araucária
a lua eleva-se

tarde azul, o sol surgiu
até os pássaros se aquecem
e esquecem do frio !

Andorinha voando
infância no céu
a tarde inteira

" Casa amarela
vaidade do vento
rosas na janela"