Guimaraes Rosa a Menina de La

Aqueles que se dedicam demasiado às pequenas coisas tornam-se normalmente incapazes das grandes.

É impossível exprimir a perturbação que o ciúme causa a um coração em que o amor ainda se não tenha declarado.

No amor, o engano vai quase sempre mais longe do que a desconfiança.

Temos mais preguiça no espírito do que no corpo.

O nosso arrependimento não é tanto um remorso do mal que cometemos, mas um temor daquilo que nos pode acontecer.

O mundo recompensa com mais frequência as aparências do mérito do que o próprio mérito.

Ninguém deve ser elogiado pela sua bondade quando não tem força para ser mau.

Nunca somos tão infelizes como supomos, nem tão felizes como havíamos esperado.

Quanto mais se ama uma mulher mais pronto se está a odiá-la.

O que nos torna insuportável na vaidade dos outros é que ela colide com a nossa.

É mais necessário estudar os homens do que os livros.

A maneira mais segura de se ser enganado é julgar-se mais esperto do que os outros.

Antes de desejarmos ardentemente uma coisa, devemos examinar primeiro qual a felicidade daquele que a possui.

Todos temos força suficiente para aguentar os infortúnios dos outros.

A esperança, enganadora como é, serve contudo para nos levar ao fim da vida pelos caminhos mais agradáveis.

Há pessoas que nunca se teriam apaixonado se nunca tivessem ouvido falar no amor.

Apenas confessamos os pequenos defeitos para persuadir os outros de que não temos grandes.

Os vícios entram na composição da virtude assim como os venenos entram na composição dos remédios. A prudência mistura-os e atenua-os, e deles se serve utilmente conta os males da vida.

A prudência e o amor não se fizeram um para o outro; à medida que o amor aumenta, a prudência diminui.

O mal que fazemos não atrai contra nós tanta perseguição e tanto ódio como as nossas boas qualidades.