Gostar de quem Mora longe

Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer.

SONETO CV

Não chame o meu amor de idolatria
Nem de ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.

A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la, mas quem consegue descobre tudo.

Quem cedo e bem aprende, tarde ou nunca esquece. Quem negligencia as manifestações de amizade, acaba por perder esse sentimento.

Nada é pequeno no amor. Quem espera as grandes ocasiões para provar a sua ternura não sabe amar.

Quem não sabe o que é a vida, como poderá saber o que é a morte?

Detesto, de saída, quem é capaz de marchar em formação com prazer ao som de uma banda. Nasceu com cérebro por engano; bastava-lhe a medula espinhal.

Sou demasiado orgulhoso para acreditar que um homem me ame: seria supor que ele sabe quem sou eu. Também não acredito que possa amar alguém: pressuporia que eu achasse um homem da minha condição.

A poesia não se entrega a quem a define.

Quem pensa pouco, erra muito.

Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez – a si próprio?

Nunca foi um bom amigo quem por pouco quebrou a amizade.

Quem começa a entender o amor, a explicá-lo, a qualificá-lo e quantificá-lo, já não está amando.

Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.

Quem tem bastante no seu interior, pouco precisa de fora.

Só existe uma lei no amor: tornar feliz a quem se ama.

Quem de manhã compreendeu os ensinamentos da sabedoria, à noite pode morrer contente.

~ Soneto 23 ~

Como no palco o ator que é imperfeito
Faz mal o seu papel só por temor,
Ou quem, por ter repleto de ódio o peito
Vê o coração quebrar-se num tremor,

Em mim, por timidez, fica omitido
O rito mais solene da paixão;
E o meu amor eu vejo enfraquecido,
Vergado pela própria dimensão.

Seja meu livro então minha eloqüência,
Arauto mudo do que diz meu peito,
Que implora amor e busca recompensa

Mais que a língua que mais o tenha feito.
Saiba ler o que escreve o amor calado:
Ouvir com os olhos é do amor o fado.

Há uma inocência na admiração: é a daquele a quem ainda não passou pela cabeça que também ele poderia um dia ser admirado.

Dedica-se a esperar o futuro apenas quem não sabe viver o presente.