Gosta de Mim do meu Jeito

Cerca de 278877 frases e pensamentos: Gosta de Mim do meu Jeito

"Só pela dúvida", ele murmurou no meu cabelo, me apertando num abraço de urso que quase quebrou minhas costelas.
"Não consigo - respirar", eu asfixiei.
Ele me soltou imediatamente, mantendo uma mão na minha cintura pra que eu não caísse. Ele me puxou, mais gentilmente dessa vez, de volta para a cama.
"Durma um pouco, Bells. Você precisa fazer sua cabeça trabalhar. Você precisa entender. Eu não vou te perder, Bella. Não por isso".

- Jacob

Meu coração é um cálice de cristal puríssimo transbordante de licor de strega. Flambado, dourado. Pode-se ter visões, anunciações, pressentimentos, ver rostos e paisagens dançando nessa chama azul de ouro.

Fiz do meu prazer e da minha dor o meu destino disfarçado. E ter apenas a própria vida é [...] um sacrifício. Como aqueles que, no convento, varrem o chão e lavam a roupa, servindo sem a glória de função maior, meu trabalho é o de viver os meus prazeres e as minhas dores. É necessário que eu tenha a modéstia de viver.

Clarice Lispector
Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto O ovo e a galinha.

...Mais

ele não é meu
porque não dorme comigo
mas também não é amigo
porque me beija e me vê despida
não é meu marido
mas telefona e reparte um passado
que eu queria também ter vivido
não é meu porque não tem roupas
penduradas ao lado das minhas
não tenho dele um retrato
não passa comigo um domingo
jamais ganhei um presente
que não fosse de seda rendada
eu sou a preferida
de um homem comprometido
queria não ser um perigo
uma bomba que pode explodir
e deixar outra mulher arruinada
ele é o terrorista
eu o alvo escolhido
preferia aceitar um pedido
fazer nada escondido
mas ele não é meu marido
não é namorado, não é bom partido
não pode andar ao meu lado
não sabe a que horas acordo
não racha as contas comigo
não fica para ouvir um disco
não é exigido, não é meu parente
e anda sumido
nada é mais deprimente
quando chamo seu número ela atende
e eu desligo

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Poesia Reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.

A verdade é o resíduo final de todas as coisas, e no meu inconsciente está a verdade que é a mesma do mundo.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica “Brain storm”.

...Mais

Quando me apaixonar por ti
Te entreguei meu coração
E agora eu só me sinto realmente vivo
Se eu estou pertinho de ti

Medo da Eternidade

Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.

Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:

- Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.

- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.

- Não acaba nunca, e pronto.

Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual eu já começara a me dar conta.

Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.

- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.

- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.

Perder a eternidade? Nunca.

O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.

- Acabou-se o docinho. E agora?

- Agora mastigue para sempre.

Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito.

Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.

Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!

- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.

Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.

Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

(...) Ai como eu queria tanto agora ter uma alma portuguesa para te aconchegar ao meu seio e te poupar essas futuras dores dilaceradas. Como queria tanto saber poder te avisar: vai pelo caminho da esquerda, boy, que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha (...)

Caso do acaso

Quem ama não esquece
Quem esquece não ama
O que parece frase feita
Enfeita o meu coração,
Não tenho idade para isso,
Busco em Deus a razão,
Não encontro fico perdido
Corro atrás e fico ferido
Não desisto para não morrer
Vivo más não sei pra que
Luto e não consigo vencer
Esse tempo que insisti em passar
A cada dia mais velho vai me deixar.
Cansado mas não derrotado
Lutando para ser feliz.

Amigo de Jesus

Jesus é meu amigo
E quer ser o seu também
Ele já te escolheu
Para dar o que ele tem

Jesus é meu amigo
E tem muito amor
E todo esse amor
Ele vai dar para você

Jesus è meu amigo
Esse é o teu querer
Você que estava triste
Só tem que receber

Jesus é meu amigo
E chama o amigo seu
Pra ter a alegria
Que você já conheceu

Tão abstrata é a idéia do teu ser...

Dobre - Peguei no meu coração...

Quem te disse ao ouvido esse segredo...

Abdicação: Toma-me, ó noite eterna...

Dorme enquanto eu velo... deixa-me sonhar...

Põe as mãos nos ombros... beija-me na fronte...

Ao longe, ao luar, no rio uma vela...

Sonho. Não sei quem sou neste momento...

Contemplo o lago mudo que uma brisa estremece...

Gato que brincas na rua como se fose na cama...

Não: não digas nada!

Vaga, no azul amplo solta, vai uma nuvem errando...

O Andaime: O tempo que eu hei sonhado...

Sorriso audível das folhas...

Autopsicografia: O poeta é um fingidor...

O que me dói não é o que há no coração...

Entre o sono e o sonho...

Tudo o que faço ou medito fica sempre na metade.

Tenho tanto sentimento que...

Viajar! Perder países!

Grandes mistérios habitam o limiar do meu ser...

Fresta: Em meus momentos escuros...

Eros e Psique: Conta a lenda que dormia uma princesa...

Teus olhos entristecem. Nem ouves o que digo...

Liberdade: Ai que prazer não cumprir um dever...

Hora Absurda - O teu silêncio é uma nau...

Olhe firme no meu olho, me encara fundo.

Embora pela primeira vez eu sinta que meu esquecimento está enfim ao nível do mundo.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Sim, meu Deus. Que se possa dizer sim.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Dies irae.

...Mais

E é só o que posso dizer a meu respeito? Ser “sincera”? Relativamente sou. Não minto para formar verdades falsas. Mas usei demais as verdades como pretexto. A verdade como pretexto para mentir? Eu poderia relatar a mim mesma o que me lisonjeasse, e também fazer o relato da sordidez.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Meu medo não era o de quem estivesse indo para a loucura, e sim para uma verdade.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

O ANDAIME
O tempo que eu hei sonhado
Quantos anos foi de vida!
Ah, quanto do meu passado
Foi só a vida mentida
De um futuro imaginado!

Aqui à beira do rio
Sossego sem ter razão.
Este seu correr vazio
Figura, anônimo e frio,
A vida vivida em vão.

A 'sp'rança que pouco alcança!
Que desejo vale o ensejo?
E uma bola de criança
Sobre mais que minha 's'prança,
Rola mais que o meu desejo.

Ondas do rio, tão leves
Que não sois ondas sequer,
Horas, dias, anos, breves
Passam - verduras ou neves
Que o mesmo sol faz morrer.

Gastei tudo que não tinha.
Sou mais velho do que sou.
A ilusão, que me mantinha,
Só no palco era rainha:
Despiu-se, e o reino acabou.

Leve som das águas lentas,
Gulosas da margem ida,
Que lembranças sonolentas
De esperanças nevoentas!
Que sonhos o sonho e a vida!

Que fiz de mim? Encontrei-me
Quando estava já perdido.
Impaciente deixei-me
Como a um louco que teime
No que lhe foi desmentido.

Som morto das águas mansas
Que correm por ter que ser,
Leva não só lembranças -
Mortas, porque hão de morrer.

Sou já o morto futuro.
Só um sonho me liga a mim -
O sonho atrasado e obscuro
Do que eu devera ser - muro
Do meu deserto jardim.

Ondas passadas, levai-me
Para o alvido do mar!
Ao que não serei legai-me,
Que cerquei com um andaime
A casa por fabricar.


Fernando Pessoa

Aguardo, equânime, o que não conheço —
Meu futuro e o de tudo.

No fim tudo será silêncio, salvo
Onde o mar banhar nada.

Aqui, Dizeis
Aqui, dizeis, na cova a que me abeiro,
Não 'stá quem eu amei. Olhar nem riso
Se escondem nesta leira.

Ah, mas olhos e boca aqui se escondem!
Mãos apertei, não alma, e aqui jazem.

Homem, um corpo choro!
Aqui

Eu te dei cinco chances pra acertar meu coração. Agora não venha colocar a culpa no gramado.

Eu não preciso controlar a vida, meus hormônios, meu futuro, os outros, minha felicidade. Eu só preciso levar a vida, eu só preciso desfocar do sonho que me deixa míope e enxergar além, ou melhor enxergar o que esta na minha cara. Ver o quanto o resto todo já é perfeito e esta lá, eu já conquistei, é meu…

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp