Gato preto
Gato preto não dá azar, pio de coruja não é sinônimo de mau agouro, corvos não indicam morte, sonhar com cobra não é traição.
Todas essas lendas indicam que nós humanos somos desprovidos de sensibilidade e compreensão da Mãe Natureza. Se esses e outros animais estão palmilhando o planeta conosco é sinal que somos todos um prolongamento do outro, somos um elo de vida neste imenso cosmos.
Afinal, somos todos um perante o cosmos.
Preconceito é ignorância. É doença da alma.
Azar não é um humano encontrar com um gato preto numa sexta-feira treze. Azar mesmo é um gato preto encontrar com um humano ignorante nesse dia.
Você acha que dá azar um gato preto atravessar o seu caminho?
Azar é atravessar um caminho de gente tóxica: corra!
Sabe qual a diferença que existe entre um gato preto e um branco? Apenas a cor do pelo. Ambos são dois bichinhos graciosos, que independentemente da cor do pelo enchem a casa de alegria e a vida de amor.
Parei! Supertições não mudaram meu destino.
Gato preto? Passar embaixo de escada?
Nunca deram azar no meu caminho.
Não receio a chuva e o trovão.
Nem tenho medo de gato preto.
Só existe um temor no meu coração: pessoas cinzentas que estejam por perto!
Eu sou um gato, negro como cor da noite.
Livre e misterioso como os astros no firmamento.
Tens medo do mistério?
Dele crias lendas, medos e fantasias?
És supersticioso e preconceituoso?
Não me use nas suas inseguranças.
Eu sou um gato preto.
Eu sou uma vida, eu sou mais uma beleza da criação, assim como você e tudo que existe neste imenso cosmos.
Qualquer gato
No seixo rolado do pátio escorrega um gato preto, de olhos cor de caramelo.
Enquanto fita entusiasmado meus movimentos, se esquiva do vento
- que se contorce por todos os lados.
Desarmado, fito (eu) o gato preto, pardo, branco, malhado...
Amedrontado, não o perco de vista um segundo sequer
acompanho-lhe todos os movimentos projecionados.
Gato é bicho misterioso!
Cheio de segredos, anda lentamente...
Altivo, exploratório e destemido.
No fundo, temo que ele não me entenda, e não compreendendo-me o motivo de meu temor
apreenda meu medo e passe a agir como agiram os gatos anteriores
- fazendo-me temer a todos generalizadamente.
Lembro-me de sua personalidade 'sempre' doce, e também de seu agir genioso.
Engenhoso, guarda (ele) a dimensão do assombro
percorrendo o mundo no limite da percepção humana.
Escala nas noites escuras:
- Os telhados úmidos, os muros duros, os entremundos...
Enquanto guarda-me o sono.
De aguçados sentidos, percebe antes de todos os possíveis riscos.
Antecipa-se quase sempre, assustadoramente, como se antevisse uma visagem - ainda invisível
e com o pelo do corpo ouriçado, e as enormes unhas arregaladas feito facas, põe-se pronto a reagir.
Vive no mundo sensível, guardando o tempo e as possibilidades
com habilidade segue tateando o mundo
semeando amor e medo.
Só não me atrevo a deixá-lo cruzar-me o caminho!
Temo que ao cruzar-me o caminho roube-me a sorte, e traga-me sete anos de azar.
Corro feito corre a chuva caída nos rios - o mais depressa que posso.
Se um gato preto cruzar na sua frente não tenha medo. Dê comida e carinho e terás bênção no caminho.
Você sabe o que acontece se você cruzar com um gato preto em seu caminho hoje numa sexta-feira 13? Oras, a mesma coisa que vai acontecer se você cruzar com um branco.
Você sabe o que significa encontrar um gato preto numa sexta-feira 13? Nada! Apenas que assim como você o gato estava andando por aí.
Ó, gato preto.
Tu não sabes o quão és belo.
Mesmo carregado de memórias e lembranças negativas,
Você é um resultado da sobrevivência e coragem de seu ser.
Tu não tens noção de quantas pessoas estão passando o que estás a passar.
Isso é muito mais comum do que pensas, pobre gato.
És escuro como a noite e brilhante como as estrelas.
Você é mais do que imagina.
Fique tranquilo, gato.
Volte para a sua casa e abra um sorriso neste rosto triste.
Não tem casa?
Fique comigo que encontrarás a verdadeira felicidade.
Reencontre seus pais e será feliz para sempre.
Não se preocupe, lhe pagarei pela paz derradeira que enfim vai te redimir.
Bem-vindo a vida eterna, gato.
O Gato Preto
Ando há milênios por esta terra. Vigio aqueles que não querem ser vigiados, espalho o temor por onde passo e retiro tudo o que um dia tiveram. Minha passagem é rápida, mas o acompanhamento, não. O que parecem ser apenas dez minutos para a hora H, para mim, são décadas. Porém, em certos casos, meu trabalho precisa ser mais rápido.
No meio da madrugada, enquanto caminho pelas ruas silenciosas, observo o pequeno felino preto. Ele caminha com a tranquilidade de quem já conhece cada buraco da calçada. Acompanhar animais é sempre mais fácil que acompanhar humanos. Eles são simples, puros, não lutam contra o destino. E eu, ainda que feita para ser imparcial, confesso: prefiro os animais.
O felino se aproxima de uma lata de lixo. Ao lado dela, um pratinho com restos de comida. Suas patas, enfaixadas com uma gaze velha e suja, repousam sobre o chão como se cada passo pesasse uma vida inteira. Já é a terceira vez na semana que o vejo assim. Desleixado? Talvez.
E isso explicaria por que estou aqui.
Por um instante, o perco de vista, mas logo o reencontro. Lá está ele, brincando com a menininha do vestido vermelho. Ela usa um coque bagunçado que tenta domar os cachos loiros, uma pulseirinha rosa e o sorriso de quem ainda não sabe que o mundo pode ser cruel. Ela o agarra com o carinho de quem enxerga valor onde outros veem apenas sujeira. Talvez nem tudo esteja perdido.
Não posso impedir o que está por vir, mas me pergunto: e se fosse um pouco mais justo?
Gatos pretos sempre foram ligados à má sorte, à morte. Superstições humanas. Ridículas, mas persistentes. Em um mundo cheio de guerra, fome e abandono, culpam um animal por tragédias que eles mesmos causam. Posso parecer ingênua questionando isso, mas toda lenda carrega uma centelha de verdade. Se não carregasse, eu sequer existiria.
Olho o meu velho relógio de bolso. Está quase na hora. Há nove anos acompanho esse gato. Longos e silenciosos nove anos…
A menina está mais alegre hoje. Ela tira algo do bolso e, com cuidado, coloca uma coleira rosa com uma jóia azul no pescoço do felino. Mesmo sem palavras, vejo sua alma brilhar com gratidão. Os humanos nem sempre percebem, mas os animais também sabem agradecer. E ela, talvez sem saber, recebeu aquele gesto como um presente.
De todos os dias que os acompanhei, este é o mais difícil. Não achei que ele sobreviveria tanto tempo. Sua vida não tem sido justa. Muitas vezes vi humanos roubarem meu papel. E pela primeira vez, sinto nojo do meu trabalho.
Ela se senta no chão com o gato no colo. Eles se apegaram demais. Em quatro meses, ela deu ao felino todo o amor que ele nunca teve em nove anos. Aproximo-me devagar e me sento ao lado dela. Ela não me vê. Não pode. Mas me sinto estranhamente presente ali. Observar os dois virou meu pequeno refúgio em meio ao caos. Deus tinha razão ao dizer que crianças e animais têm as almas mais puras.
O relógio apita. Meu rosto continua neutro, mas por dentro... tudo em mim queima. Fui feita para não sentir. Para ser imparcial. Mas se pudesse, congelaria esse momento para sempre.
Um homem se aproxima. Alto, barba grisalha, roupas rasgadas. Fede a álcool e tem o olhar de quem esqueceu o que é compaixão. Fala algo para a menina e vai embora como chegou: em silêncio. Sem deixar rastro, sem deixar paz. Não consigo deixar de pensar no dia em que terei de acompanhá-lo.
O gato me encara. Para a menina, ele parece tranquilo. Para mim, sua expressão é de compreensão. Ele sabe.
A garota, assustada, beija o felino e o coloca numa caminha improvisada. Antes de entrar em casa, sorri. O maior sorriso que já lhe deu. Mesmo forçado, tem algo de esperança. E então, ela desaparece porta adentro.
Meu relógio apita novamente. O suspiro do gato é fraco. O último.
Tiro do bolso uma pequena esfera e toco o corpo do animal. Ela brilha quando coleta sua alma. Sinto o peso de novo.
— Chegou minha hora? — sua voz ecoa leve. — Mas... e ela? Como vai ficar? Por quê agora?
Uma das grandes maldições dadas aos seres vivos é a da morte inesperada.
— Vocês irão se ver novamente — respondo com a garganta apertada.
— Eu vou reencarnar? Posso ser uma menininha? Ela disse que não tem muitos amigos…
— Não é assim que funciona — digo, caminhando pela escuridão. — Mas aquele que te envenenou vai pagar, mas eu não posso controlar o que está por vir. Eu... sinto muito.
Não o vejo, mas sei que ele está confuso. Guardo a esfera no bolso e paro na esquina. Pela primeira vez, cerrei os punhos.
— Vocês ficarão juntos, longe dessa baboseira toda…
Suspiro. Continuo andando pelas ruas, mãos nos bolsos.
— Volto para buscar ela daqui a algumas horas.
Vou embora, desejando ser alvo do papel que um dia me deram e que roubaram de mim. Desejei, pela primeira vez, não ser a ceifadora, mas sim, a colhida.
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