Fugir de Si Mesmo
Nós, humanos, estamos sempre perto da destruição. A vida em si é apenas uma série de riscos. Quer dizer, como você saberia que estava vivo, a menos que soubesse que poderia morrer?
Um novo dia é sempre uma oportunidade de agregar aprendizado à vida e torná-la repleta de razões, significados e poesia.
Uma sequência de reações físicas e emocionais
Ela só parecia se interessar pelo caso em si, estava focada em descobrir coisas sobre si mesmas, eu seria outra pessoa hoje se não tivesse me desgastado tanto com bobagens.
Por muito tempo achei que fosse o amor da minha vida, acreditei, mesmo que todos os sinais me levassem a desacreditar nisso, fiquei com uma excelente impressão de mim, ao finalmente perceber que não era amor.
Era precisava transformar os problemas em grande oportunidade e foi isso que fiz, passei a frequentar a academia, me uni aos amigos e a Deus, estava junto de quem realmente me queria feliz.
O olhar dos outros nos condiciona, às vezes me sentia linda, comendo na hora certa e tudo desmoronava com um olhar de crítica, a sensação é muito melhor quando consegues filtrar quem realmente quer o seu bem e quem só quer te botar para baixo.
O medicamento chamado perdão faz efeitos imediatos, é muito difícil mudar um comportamento totalmente aceito e encorajado, o perdão também é aceitação, evita desgaste e cabo de guerra.
Nunca me vi superando tantas coisas como nessa fase, uma série de rompimentos e reconciliações que só me faziam refletir e me levavam na direção que eu queria ir, não me importava com minha imagem social, era segura e livre.
Ferver de raiva era coisa do passado, só me preocupava comigo mesma, com minha saúde física e mental, parava um pouquinho por ali para refletir, mantinha a atitude e as aparências.
Eu tentava manter todo mundo feliz, como eu estava feliz, percebia os sinais de quem não estava bem a minha volta, desejava a chance de uma vida com justiça, nós nos pertencemos uns aos outros.
O trabalho é o amor feito visível entrega de verdade, o olhar atento, a maneira como reage e se comporta, os acontecimentos que não frustram, não importa se são bons ou ruins, apenas confiar que o aprendizado é o recomeço de um amor não complicado.
Ele tinha tanto mais dentro de si. Se ela conseguisse encontrar um modo de alcançar tudo isso. Paixão. Dedicação. Amor. Em algum lugar bem no fundo dele havia um coração verdadeiro e fiel, que lutava para emergir em meio a todas as cicatrizes e ao orgulho.
"Uma pessoa que não acredita em si, é uma pessoa que acredita contra si".
Gleydson Sampaio das Neves
Ele nunca se perdoou pelo erro que cometeu em seu passado. Virou prisioneiro dentro de si. Para qualquer lugar que fosse, seu passado estava presente. Ele partiu e seu passado foi enterrado com ele? Talvez!
*****"Minha voz se fará ouvir além... de mim partir!! Porque o poeta não morre!!!
Por si ficam as suas obras! Gratidão e Carinho é o meu lema... " *****
(Luísa Zacarias)
As pessoas não sentem o calor ou o frio, sentem a modificação que sofrem em si mesmas causadas pelo contato com o calor ou com o frio.
Cap. I
A imagem de si reflectida num espelho desvanecia toda a luz daquele lugar… Três camadas de rímel bem assentes nas pestanas, e um batom que causava febre nas veias, eram assinatura sua.
Ali estava ela, perdida numa segurança fabricada por uma máscara que teimava esconder apenas uma timidez e insegurança de uma criança adulta dentro de si. Assim era Camila, como um malmequer selvagem arrancado da pradaria e levado para uma qualquer jarra de cristal de uma casa citadina….
A essência estava lá, no coração, em cada respirar, mas a circo da vida a forçara a ser uma flor de plástico na lapela de um palhaço triste. A inércia da sua postura interior facultava-lhe um embalsamamento desconcertante que só aos olhos dos mais humanos era perceptível…
Mas Camila assim vivia os seus dias…
Pela manhã sentava-se à mesa e engolia mecanicamente uma laranja suculenta que mal conseguia saciar a sede de uma alma desidratada. Entrava na banheira, e com um sabonete de lavanda, tentava dissimular a sujidade que sentia carregar na pele, da mente dos olhares pervertidos de que era alvo, assim que punha o pé na rua.
Saía de casa sempre vestida de preto, com a classe de um esboço de Yves Saint Laurent, assim caminhava ela, num passo firme mas frágil do alto de uma sola vermelho escarlate. Sim, Louboutin, Camila calçava Louboutin… Uns sapatos stiletto deixados pela sua mãe, a única recordação material que teria restado de um vasto império a si roubado.
Camila nascera numa quinta do Alto Douro, a sua família teria sido uma das mais influentes e marcantes na edificação dos socalcos de uvas Tinta Cão (uma das mais antigas castas utilizadas na produção do Vinho do Porto).
Filha única, Camila desde pequena fora dotada de uma astúcia fora do normal. De um génio desassossegado, corria desenfreada pelos caminhos sinuosos da quinta, sempre com os vestidos de Renda Duquesa* que teimavam roçar nas folhas das parreiras que cresciam entre grades de vime.
Aos 6 anos ficara estarrecida com ´Les Misèrables de Vitor Hugo, aos 8 era já dona de um palato aguçado que compreendia a musicalidade dos vinhos que nasciam na sua casa. As 18 primaveras trouxeram-lhe o infortúnio da palavra órfã, e todo o peso que esta mesma palavra carrega em si…
O pai de Camila chamava-se João d’Alma dos Santos....
Cap II
Era uma manhã de outono. Um sol morno passava entre os ramos das árvores que balançavam ao som do vento que parecia beijar cada uma das folhas. Camila tomava o pequeno almoço na sala principal com os seus pais. Os raios de sol furavam os vidros das janelas e refletiam como estrelas nas pratas em cima da lareira. Um perfume delicioso fazia-se passear pela casa numa mistura de café fresco e bolo acabado de fazer... O conforto daquela casa e o ambiente que ali se vivia faziam dela como que um paraíso na terra, tudo naquela casa respirava amor e serenidade.
O som que se fazia ouvir nessa manhã de sábado era o mesmo de todos os dias, as gargalhadas de Camila, os reparos galanteadores do seu pai à sua mãe, as indicações matinais da mãe de Camila ao pessoal da casa. Tudo parecia normal, perfeito como habitualmente...
Como tudo aquilo que é normal... Assustadoramente normal...
Camila acaba de engolir o bolo de laranja como criança sôfrega que era, para ir correr e bailar com o sol vibrante que guarnecia as paredes e os vidros da sua casa.
Desce as escadas e sai pela porta que dá para o terraço sombrio e escuro das traseiras da Quinta d’Alma dos Santos... O perdigueiro malhado ladra para brincar com Camila...
(Nesta casa nenhum animal é cativo... Aqui se respira identidade, livre arbítrio e liberdade...)
Camila põe um pé em falso num degrau vestido de musgo verdejante. Escorrega, bate com a cabeça e entra num sonho inerte, vazio, onde a ausência de luz impera....
Num coma profundo foi levada para um hospital eclesiástico (mais um convento do que um lugar que prestava cuidados dotados de ciência...)
Cap III
Moveram-se as pálpebras num reflexo nervoso, a luz branca e fria invadiu os olhos de Camila por entre as pestanas coladas de fluido humano seco e duro. Lentamente abriram-se os olhos e deixaram a nu um azul céu por entre um vácuo negro e profundo.
Camila acordara do coma, e num medo transformado em vazio gélido, reconheceu que voltara à vida, num respirar lento e quase mórbido tentou arrancar as agulhas gritando num silencio ensurdecedor, para que aquele momento fosse apenas o acordar de um pesadelo sem memórias.
Uma bata branca surge ao bater de uma porta e ouvira uma voz como se de um anjo se tratasse: “Calma, está tudo bem Camila... Respire calmamente, você não está sozinha...”
Nesse momento Camila foi como se sentisse os seus pés no chão e ali, toda a realidade voltou a ser cruelmente verdadeira e as dores da alma voltaram para lhe dizer “bom dia”.
-Não quero estar aqui, quero voltar para aquele sono incapaz de me fazer sentir coisa alguma, a realidade é algo que não consigo aceitar, levem-me daqui, deste chão frio e cruel, tirem-me os sentidos e façam-me ser nada...
Camila num pânico desconcertante pedia insistentemente para que a inércia e o vazio invadissem o seu corpo e a sua alma. Viver para si já não fazia sentido, era uma dor, um castigo...
Cada batimento do seu coração era energia cinética que palpitava em dor atroz no seu peito. Cada movimento do diafragma era como um trampolim manhoso que teimava em fazer do respirar uma piada.
As células de cada pedaço de si moviam-se em direção à natureza viva, mas a alma dessas mesmas células ridicularizavam o esforço energético que a natureza investia sem cessar.
Neste breve instante cronometrado em dois minutos passou uma eternidade infindável... Aquele momento de pânico e de desistência da sua própria vida foi prolongado em folhas de papel que escrevera para sempre. Enfrentando a dura realidade não teve outro remédio se não reagir e ter de seguir enfrente, por dentro morta, por fora um corpo vívido e contrariado.
Tomou um banho quente com a ajuda da enfermeira. Alguém trouxera uma mala de viagem com uma muda de roupa que cheirava a alecrim e mel.
Ao colocar o seu corpo quente e pálido num vestido preto com botões de rosa, Camila sentira uma sinopse da sua infância, e várias memórias retornaram ao seu espírito... Uma lágrima densa e pesada escorrera pelo seu rosto, deixando um rastro de cristais de sal...
Os cabelos emaranhados escondiam uns lábios desidratados, os ombros eram rijos como pedras, mas aquele aroma de jasmim e mel enternecia a sua alma como um abraço de mãe.
Nesse momento Camila ganhou a coragem de um leão e enfrentou o mundo. Abriu a porta que dava para a rua e meteu o seu pé direito em primeiro lugar, pisando um degrau de granito meio torto e falso, desceu a escada e lembrou-se que trazia uma espada em forma de força
Não existe poder maior na natureza do que criar um filho dentro de si, não há dádiva maior do que ser mãe. Honramos a sacralidade da mãe, fonte de todos nós!
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