Frases sobre poesia

Cerca de 30587 frases poesia Frases sobre

Angústia

Pisando sobre palavras mortas
De cenas tortas dentro do peito
Respirando o ar rarefeito
Buscando um jeito de te esquecer
De minha mente convencer
Da sua inexistência
Sem ter ciência
Nem consciência
E sequer prever
Que lá no fundo
És meu mundo
E para sempre assim
Indiferente em mim
Irá viver.

Inserida por PoetaCarmo

Por teus olhos

Por teus olhos
Colorido de um verde esmeralda
Vejo um outro mundo
Com o qual fascina minh’alma
E como enlevo profundo
Este coração trôpego, entorpecido
Tantas vezes esquecido
Estremece
De fato sem perceber
Prevalece
E outra vez procuro
Encontrar
Em teu olhar
Um motivo, uma razão
Porque meu coração
Escolheu te amar

Inserida por PoetaCarmo

Vento

Oh vento, que grande brisa,
oh vento!

Vento que corre sobre as dunas do âmbito.

Vento que passa pela fronteira,
que contorna o cenário florido.

Vento de guerra, que bate sobre o soldado
de joelhos feridos.

Vento imundo, que sobre os moribundos
acaba em desgraça.

Vento, vento que recebemos de graça.

Inserida por eduardo_danielski

Minha felicidade vem de quando estou só
e ninguém me interrompe no poema,
essa espécie de transfusão
do sangue para a palavra,
sem qualquer estratagema.
A palavra é meu rito, minha forma
de celebrar, investir, reivindicar:
a palavra é a minha verdade,
minha pena exposta sem humilhação
à leitura do outro,
hypocrite lecteur, mon semblable.

Inserida por pensador

O passeio do outro lado da rua

Gente
Que não conhecerei nunca

Ninguém mais nesta mesa
De um café milenário –
Raras vezes
Terei estado menos só

A nave espacial chamada terra
Singra comigo tarde adiante

Tudo volve milenário
As pedras da rua
O cimento gasto do passeio
As recordações

Inserida por pensador

Qual a definição de barulho?
Pássaros Gorjeando
Água do Chuveiro caindo
Chuva no telhado
Cachorro latindo
Micro-ondas esquentando o leite
Trovões
Torneira escorrendo água para lavar as mãos
Ou uma descarga quando há necessidade de usá-la?
Se prestarmos atenção, veremos que o que te parece barulho, na verdade é poesia.

Inserida por Rita1602

hoje estou feliz.
um dia eu bem quis que
estas palavras
compusessem os versos de um poema.
por hoje,
a minha felicidade é intransigente.
ainda que eu aja
e me sinta insuficiente.
ainda que eu pense
e me haja nostálgico.
ainda que eu mesmo sinta
e pense em comos e porquês.
entretanto
por hoje,
eu estou feliz.
por hoje,
houvera felicidade.

Inserida por rubobrobsky

Este verão me ensina
que devo bater eu mesma os tambores
se quiser dançar

Este verão me ensina
a ser por alguns segundos sem felicidade sem tristeza
aliada de Deus

Este verão me ensina
a acordar de manhã. Grata. Sozinha.

Este verão me ensina
que a folha do limoeiro apenas exala seu aroma
quando esmagada entre os dedos.

Inserida por pensador

Peças de madeira em pau-marfim

A linha dos olhos
faz flechas da cor de futuros
As mãos formam conchas
de pegar contentamentos
Os pés são grandes como
as telas holandesas realistas
O corpo inteiro é um tabuleiro
de jogar jogos de azar
As costas quadriculadas
As coxas quadriculadas
A boca quadriculada
Onde eu me finjo
de dama

Inserida por pensador

Tracionada a ferrugem dos ferrolhos
reage ao sol
e rescende o cheiro dos carvalhos
no escorrer das ocras:
o ferro a menstruar no tempo.

Transversa
a luz revela o desenho das teias:
colcha prateada de neurônios
– esses nervos da vida.

Firmes ali sem mais estar
mãos invisíveis no ensaio do tear.

Inserida por pensador

Cachimbo de domingo

Cadê o gado?
Buscar na Índia.

E o pasto?
Derrubar árvore, plantar capim.

E o capim?
Braquiária: buscar na África.

E a fome?
Come carne, toma leite.

Vila verde
fome saciada.

Escorre água,
mareja areia.

Pasto pisado de gado.
Casa de capim.
Rio doce assoreado.
Calores!

Inserida por pensador

Ao pé dum calvário

De uma rosa, uma pétala pendia inerte
E, incerta, murmurava então: "Será que vou?"
Súbito veio o vento, e a pétala lá voou,
Abandonada às dúvidas que o medo verte.

Dir-se-ia que, naquele terrível cenário,
Repousara ela, tímida, ao pé de um calvário.

Inserida por jao_jaojao

Oh era uma primavera
de folhas de peles selvagens e flores de cobalto
enquanto cadillacs caíam como chuva entre as árvores
encharcando com demência os relvados
e de cada nuvem de imitação
escorriam multidões múltiplas
de sobreviventes de nagasaki desasados

E ao longe perdidas
flutuavam xícaras
repletas com nossas cinzas

Inserida por pensador

Em toda a minha vida jamais deitei com a beleza
confidenciando a mim mesmo
seus encantos exuberantes

Jamais deitei com a beleza em toda a minha vida
e tampouco menti junto a ela
confidenciando a mim mesmo
como a beleza jamais morre
mas jaz afastada
entre os aborígenes
da arte
e paira muito acima dos campos de batalha
do amor

Inserida por pensador

Aquela "fosforescência sensual
na qual se deliciava minha juventude"
jaz agora quase atrás de mim
como uma região de sonhos
onde um anjo
de hálito ardente
dança como uma diva
por veias estranhas
pelas quais o desejo
perscruta e lamenta

E dança
e dança ainda
e ainda avança

Inserida por pensador

Te amei a primeira, a segunda e a terceira vez, infinitas vistas te amei. Te amei na chegada, na presença, na ausência, na distância. Te amei na partida e no silêncio que ficou. Te amei nas noites insones. Te amei na saudade. Te amei nas lembranças. Te amei em risos e lágrimas. Te amei tão somente, tão somente te amei.

Inserida por flavia_grando

fardo que carrega
não há quem suporte

então me entrega
sua vida e morte

do seu ponto fraco
faço ponto forte
é o meu dedo em riste
que lhe aponta o norte

nem precisa força
pra que se comporte

pague seus pecados
ou então culpe a sorte

a falta de um abrigo
alguém que lhe conforte

Inserida por pensador

estou sempre indo ao seu encontro
chego de costas pra você achar que estou indo embora
saio de frente pra você achar que estou chegando
estou sempre perdido indo ao seu encontro
é assim a minha vida e o meu calendário
eu estou sempre indo ao seu encontro
não preciso ir mais longe pra saber
que estou sempre indo ao seu encontro.

Inserida por pensador

barragem

deve ser perigoso
esse gosto recorrente
de incêndio na boca

mas não há saliva pra apagar
e não há saliva que apague
por isso falo pouco

não sei o que de fato queima
fecho a boca e o fogo sai
pelo nariz

respiro mal, meu ar é qualquer fumaça
queria um gosto bom, queria pernas
pra sair correndo.

Inserida por pensador

a matemática das ruas
e suas esquinas perpendiculares e calçadas paralelas
com imperfeições imperceptíveis
e quadras em retângulos
que terminam em praças circulares
por onde passam carros a sessenta por hora
e pessoas atarefadas
e onde se sentam pessoas
que jogam o tempo e os silêncios
aos pombos indiferentes

Inserida por pensador