Frases de Fernando Pessoa e seus Heterônimos

“Ah! dá nojo ver o mundo
Pensar tão pouco profundo”.

(escrito em 15.11.1908), In Poesia 1902-1917)

Assim como lavamos o corpo deveríamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa — não para salvar a vida, como comemos e dormimos, mas por aquele respeito alheio por nós mesmos, a que propriamente chamamos asseio.

Quem não quiser sofrer que se isole. Feche as portas da sua alma quanto possível à luz do convívio.

O universo é o sonho de si mesmo.

Em dias da alma como hoje eu sinto bem, em toda a consciência do meu corpo, que sou a criança triste em quem a vida bateu.

(...) Porque enfim
Sempre haverá sol
Ou sombra na cidade
Mas em mim...
Não sei o que há

Se de mim não me lembro, como me lembrarei de ti?

Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

(do poema "Mar Português")

Custa tanto ser sincero quando se é inteligente! É como ser honesto quando se é ambicioso.

Quem sou eu para mim? Só uma sensação minha.

Não adianta tirar da mente o que não sai do coração.
Você apaga os momentos, mas as lembranças se mantêm
vivas dentro de você

Ninguém pode sonhar por ti.

“Para compreender, destruí-me.”

Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
(Tabacaria)

A vida que se vive é um desentendimento fluido, uma média alegre entre a grandeza que não há e a felicidade que não pode haver.

Cada dia me traz com que esperar
O que dia nenhum poderá dar.
Cada dia me cansa da esperança...
Mas viver é esperar e se cansar.

O prometido nunca será dado
Porque no prometer cumpriu-se o fado.
O que se espera, se a esperança é gosto,
Gastou-se no esperá-lo, e está acabado.

Se te é impossível viver só, nasceste escravo.

Não sou nada,
Não posso ter nada,
Não quero ter nada,
À parte isso,
Tenho todos os sonhos do mundo.

A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta.

Sinto, por vezes, um temor espantado das minhas inspirações, dos meus pensamentos, compreendendo quão pouco de mim é meu.


(aforismos e afins)