Frases de Fernando Pessoa sobre Vazio

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Uma pessoa não é só um amontoado de frasezinhas supostamente brilhantes.

Quando você sente saudade demais de uma pessoa, então começa a vê-la nas outras, em todos os lugares.

Ela explicava, sorrindo: — Não, gurizinho. Quando a gente gosta mesmo duma pessoa, a gente faz essas coisas, faz até pior.

Não quero me tornar uma pessoa pesada, frustrada, amarga. Não vou me tornar assim.

A única pessoa a quem devo dar satisfação é a mim próprio. Entenda isso.

Ninguém acredita, mas eu sou uma pessoa muito sozinha. Não pense que isso é ruim não, porque ruim é não sentir nada, a solidão faz parte. Tenho sentido uma vontade sobrenatural de ligar para alguém que já não me atenderia mais, tenho vontade de dizer que faz falta o que não vivi.

O que vale é conhecer o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo.

Quando você perde alguém que você ama, e esse amor — essa pessoa — continua vivo (a), há então uma morte anormal.

Eu queria tanto conhecer alguém. Talvez o tempo traga uma pessoa, uma pessoa especial. Talvez eu resolva isso aos poucos, sem sentir. Depois de resolver a mim mesmo.

- Toque nela com cuidado, senão ela foge.
- A coisa ou a pessoa?
- As duas.

Aquilo que é bom, e de verdade, e forte, e importante – coisa ou pessoa – na sua vida, isso não se perde.

Escrevo, triste, no meu quarto quieto. Como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei.

Manda quem não sente. Vence quem pensa só o que precisa para vencer.

O zero é a maior metáfora. O infinito a maior analogia. A existência o maior símbolo.

Não sou eu quem descrevo. Eu sou a tela
E oculta mão colora alguém em mim.
Pus a alma no nexo de perdê-la
E o meu princípio floresceu em Fim.

Um amigo íntimo é um dos meus ideais, um dos meus sonhos quotidianos, embora esteja certo de que nunca chegarei a ter um verdadeiro amigo íntimo.

Fernando Pessoa
Pessoa por Conhecer - Textos para um Novo Mapa. Teresa Rita Lopes. Lisboa: Estampa, 1990.

Saudades! Tenho-as até do que me não foi nada, por uma angústia de fuga do tempo e uma doença do mistério da vida. Caras que via habitualmente nas minhas ruas habituais - se deixo de vê-las entristeço; e não me foram nada, a não ser o símbolo de toda a vida.

Fernando Pessoa
Livro do Desassossego

A Criança Que Ri na Rua

A CRIANÇA que ri na rua,
A música que vem no acaso,
A tela absurda, a estátua nua,
A bondade que não tem prazo -

Tudo isso excede este rigor
Que o raciocínio dá a tudo,
E tem qualquer cousa de amor,
Ainda que o amor seja mudo

Quem me dera eu fosse pó que rola na estrada e os pés dos pobres me tivessem pisando. Quem me dera eu fosse o burro do moleiro e que ele me batesse e me estimasse. Antes isso do que ser aquele que passa pela vida olhando pra traz, sentindo pena.

Para realizar um sonho é preciso esquecê-lo, distrair dele a atenção. Por isso realizar é não realizar. A vida está cheia de paradoxos como as rosas de espinhos.

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Livro do Desassossego. Vol I. Coimbra: Presença. 1990. p. 147