ENSINO FUNDAMENTAL Em grande parte do... Gabriel Chalita

ENSINO FUNDAMENTAL
Em grande parte do país, por exemplo, os alunos permanecem menos de 4 horas por dia na escola. Se aumentássemos o tempo dos aprendizes no ambiente escolar, certamente o processo de aquisição de conhecimento e desenvolvimento de habilidades seria mais explorado e melhor aproveitado por professores e alunos. Além disso, esse período mais extenso nas salas de aula representaria 1 ou 2 anos a mais de escolaridade. Isso significa maior contato com professores, bibliotecas, laboratórios, espaços esportivos e culturais. Na rede estadual de ensino de São Paulo, os alunos têm seis horas/aula por dia, o que equivale a 30 horas semanais. Já o ensino fundamental tem um total de 27 horas/aula por semana. Isto repercute - juntamente com outros fatores - em ganhos positivos no que diz respeito ao aumento de conteúdo adquirido e no maior desenvolvimento de competências. Os jovens têm a oportunidade de ler mais, ampliar seu poder de argumentação, sua capacidade de reflexão, seu pensamento lógico, sua sensibilidade. Tudo isso pelo fato de poderem estabelecer vínculos mais estreitos com professores, livros, debates, discussões, programas e projetos que instigam a criatividade e o talento. Um outro aspecto interessante é a universalização da educação infantil, que compreende alunos na faixa etária dos 4 aos 6 anos. Uma vez alcançada essa meta, não há porque se falar em ampliação do ensino fundamental. Até porque o aluno ficará 3 anos na educação infantil, 8 anos no ensino fundamental e 3 anos no ensino médio - tempo suficiente para prepará-lo para novos vôos. Tendo garantido esse acesso, resta unir esforços em torno da qualidade que depende de investimento, valorização do magistério, formação continuada dos docentes. O Governo do estado elegeu a educação como uma de suas prioridades. Como diz o governador Geraldo Alckmin: "Prioridade não pode ser discurso. Tem de ser recurso". Prova disso é que são investidos mais de R$ 100 milhões todos os anos em capacitação de professores. Além disso, até o final do ano, 100% das escolas estaduais terão laboratórios de informática. Essas são apenas algumas medidas que podem fazer a diferença. Todos somos talentosos, mas é preciso que a vida nos propicie oportunidades para desenvolver numerosas habilidades. Caso contrário, corremos o risco de passar longe do jogo social, perdendo a chance de ser navegadores e desbravadores para permanecer à margem, fitando, absortos, o curso do rio. Perderemos a chance de apreciar a beleza da travessia.
Publicado no Diário de S. Paulo