Diz-me com quem andas e eu te direi como... Marinho Guzman

Diz-me com quem andas e eu te direi como podes morrer!
É bem verdade que a gente pode dormir e nunca mais acordar. Para morrer basta estar vivo.
Mas ser político na nossa cidade é mais profissão de risco do que de fé.
Para alguns o bem mais importante é a vida e para outros a morte tem se tornado algo corriqueiro e banal.
Dizem que o destino é imutável, mas as nossas escolhas podem facilitar ou dificultar o acaso.
A violência está intimamente ligada à falta de educação, de saúde, de justiça, de emprego, enfim, de uma vida digna que deveria ser proporcionada pelos governantes.
A impunidade é fator preponderante na escalada dos índices de violência.
Falta o sentimento de medo da punição nessa nossa terra onde se fazem leis para diminuir as penas, por falta de lugar para colocar os bandidos.
Tudo o que se poderia escrever e ler já foi exaustivamente dito e só quando a morte e a dor chegam bem próximo de nós é que a exata dimensão do problema mostra a suas reais proporções.
Matam-se pais, matam-se filhos, matam-se amigos e os políticos se matam.
A guerra das quadrilhas desce os morros, toma conta das cidades e agora veraneia na nossa praia.
Os recentes fatos, que levaram à morte pelo menos quatro políticos, mostra quão perigoso se tornou estar entre uma categoria que está longe de ter monges e santos.
Deveria ser preciso ter mais do que ficha limpa para ser político.
Onde há fumaça quase sempre há fogo. Ou já houve algum incêndio ou existe grande possibilidade de fortes labaredas no rescaldo.
Não vamos ser falsos como os próprios políticos corruptos, achando que a fatalidade apaga os vícios e os defeitos de qualquer ser humano.
Odiado por muitos, ninguém pode, de ontem para hoje ser transformado em inocente, mártir ou exemplo de homem.
Matam sim e é uma guerra suja de quadrilhas pela repartição do roubo e pelo silêncio, que deve ser mantido em nome da impunidade dos demais parceiros.
Não sejamos falsos. Quem foi morto não foi o pai de família, o marido exemplar nem o filho amoroso.
Quem morreu foi o bandido.