SER /ESTAR – POETA Ao poeta cabe tudo... Samuel Vigiano

SER /ESTAR – POETA

Ao poeta cabe tudo
Às vezes, também nada…
Diria que na maioria das vezes, é nada.
Às vezes lembra um palhaço do circo do terreno baldio…
Esse, mesmo de alma triste, sorri de rosto alegre.

Cabe ao poeta acender a luz onde tiver escuro,
Saciar a fome daqueles que querem comer, palavras…
Matar a sede daqueles que precisam de vinho,
Matar sua própria alma para ver se ela nasce novamente…

Fazer rimas não é necessário…
Por que a poesia da vida, nem todos conseguem ler.
Nem todos conseguem ver,
Ou sequer, saber escrever…

Escrever a cada momento, cada segundo
Em tempo integral da vida humana
Procurar palavras quando no baú só há uma letra
Ainda enferrujada…

O poeta cansa de ser, quer também estar…
Eles são chorões, beberrões, tristes, alegres, abstêmicos…
São tudo que se pode ser, mas eles não querem mais ser…
Ser poeta é viver.

É ser, estar… É um verbo conjugar
Também é ser conjugado

Ser poeta é ser amigo, é ser amor…
Doar amor (pro filho, pra mãe, pro amor)
Ser poeta é sofrer, mesmo sem querer…
É querer, mesmo sem poder…

Ser poeta é não ser compreendido
É ser expulso do seu próprio mundo
Preso na sua própria cela
E, às vezes, inventar o próprio pecado.