Nove em cada dez pessoas conhecem o... Raimundo Santana
Nove em cada dez pessoas conhecem o atalho que lhes convém: sacodem a árvore, apanham os frutos que caem e seguem adiante com a sensação de vitória imediata. Esse gesto é prático, rápido e recompensador no curto prazo. Mas o atalho não cria raízes, e o que nasce de atalhos costuma murchar quando o vento muda.
Plantar é um compromisso silencioso com o futuro. Exige terra preparada, sementes escolhidas, rega constante e a paciência de quem aceita que o tempo tem ritmo próprio. Enquanto o sacudir da árvore celebra a pressa, o plantio honra o processo: cultivar é investir em algo que ainda não existe, é aceitar a incerteza e trabalhar mesmo sem garantia de colheita imediata.
Quem vive apenas de atalhos paga um preço invisível. Frutos colhidos sem preparo são passageiros, relações superficiais, resultados frágeis. A pressa transforma oportunidades em miragens e cria uma cultura de consumo instantâneo onde o valor real do esforço se perde. A longo prazo, a falta de preparo corrói confiança, esgota recursos e impede a construção de legados.
Escolher plantar é escolher responsabilidade. É preferir o trabalho que não aparece nas manchetes, as horas que não viram curtidas, o suor que não rende aplausos imediatos. É entender que o verdadeiro poder está em semear com intenção e em esperar com disciplina. Quem planta hoje garante frutos amanhã; quem só sacode a árvore vive sempre à mercê do que já caiu.
Não se trata de demonizar a eficiência, mas de reconhecer que eficiência sem fundamento é ilusão. Cultive o hábito de plantar: prepare o solo, escolha bem as sementes, cuide com constância. O tempo fará o resto, e a colheita será sólida, digna e sua.
