Tu te tornaste perigoso no dia em que... Abraham Cezar

Tu te tornaste perigoso
no dia em que compreendeste
que não precisas ser entendido,
aceito
ou validado.


A aprovação alheia perdeu o peso
quando viste o preço que ela cobra:
a tua autenticidade.


Foi ali — naquele exato instante —
que rompeste o laço invisível
que te mantinha preso
ao olhar dos outros.


E o silêncio que veio depois
não era vazio.
Era soberania.


Quem tenta te corrigir
não enfrenta teus erros,
enfrenta a tua liberdade.
E o que os fere
é a própria ausência dela.


Eles querem domesticar
aquilo que jamais ousaram ser.
Apontam teu jeito,
teu ritmo,
tuas escolhas,
porque cada parte de ti
que não se dobra
lhes recorda
o quanto já se curvaram.


Isso incomoda
mais do que qualquer falha.


Tu és livre
não porque fazes o que queres,
mas porque já não precisas
que ninguém concorde
com o que tu és.