Dou murro em ponta de faca quando o... Mairton Damasceno

Dou murro em ponta de faca
quando o desejo não vem.
É o gesto de quem enfrenta o mundo
para não enfrentar a si mesmo.

O impossível me provoca:
pedra quer ser lenha,
o silêncio quer ser presença,
e o coração exige o que o tempo nega.

A festa é só aparência,
o som não preenche a ausência.
Sem o outro, tudo desanda,
porque a falta revela
o que a alegria escondia.

Dou murro em ponta de faca
não por bravura,
mas porque amar
é insistir mesmo sabendo
que a dor responde primeiro.