A Polarização rachou o Brasil no... Alessandro Teodoro

A Polarização rachou o Brasil no meio, levando seu povo ao ápice da Efervescência Social: metade se vale da música, metade se vale do Santo Nome de Deus — e todos protestam.
Essa “coisa medonha” não apenas dividiu opiniões — ela partiu afetos, rachou mesas de família e transformou a praça pública num coro dissonante.
O Brasil ferve, e na ebulição cada metade encontrou seu próprio idioma para gritar: uns cantam ou fingem que cantam, outros oram ou fingem que oram.
Uns erguem cartazes ao som de refrões, outros levantam as mãos clamando o Santo Nome de Deus.
E todos protestam, embora uns nem saibam o porquê… e outros só acham que saibam.
A música vira trincheira, o louvor vira escudo.
O palco e o púlpito disputam o mesmo espaço simbólico: o de dar sentido ao caos.
Mas, enquanto cada lado acredita falar em nome do bem maior, o país sangra nas frestas do diálogo que não acontece.
O grito abafou a escuta; a convicção atropelou a compaixão.
Talvez o problema já não esteja na canção nem na oração, mas na incapacidade de reconhecer que ambas nascem do mesmo desassossego.
Às vezes há dor nos acordes e às vezes há medo e até arrogância nas preces.
Mas também há um pouco de esperança em ambos, ainda que deformada pela raiva de não ser ouvido.
Quando a fé vira slogan e a arte vira arma, perde-se o sagrado de ambas.
Deus não cabe na guerra palavrosa do palanque, e a música não foi feita para silenciar ninguém.
O Brasil não precisa escolher entre cantar ou ajoelhar — precisa aprender, urgentemente, a caminhar junto.
Porque enquanto metade canta para resistir e a outra ora para vencer, o país segue dividido, protestando contra si mesmo, esquecendo que nenhuma nação se salva quando transforma sua própria alma em campo minado de batalha.
Nós contra eles não dialogam…
Não há diálogo possível entre os cheios de Certezas e os cheios de Dúvidas, ambos se demonizam…
Quando não fazem pior: se desumanizam.
Tropeçamos quase todos nos infortúnios da polarização.
