A ÉPOCA DA RAZÃO PROVOCADA A FÉ... Marcelo Caetano Monteiro
A ÉPOCA DA RAZÃO PROVOCADA
A FÉ RACIOCINADA DIANTE DO NOSSO TEMPO.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
“Fé raciocinada somente é aquela que pode encarar a razão face a face em todas as épocas da humanidade.” Esta afirmação, situada no coração da filosofia kardequiana, exige que perguntemos a nós mesmos: em que época estamos? Que espécie de tempo histórico interpela o pensamento e convoca a fé a este exame rigoroso?
Estamos em uma época marcada pela abundância de informações e pela escassez de reflexão profunda. Jamais houve tantos textos, tantos documentos, tantas vozes, tantas análises. No entanto, raras vezes a humanidade se mostrou tão dispersa, tão imediatista e tão inclinada a formar julgamentos sem o devido estudo. Por isso, a frase de Kardec não é apenas uma advertência, mas um critério de maturidade espiritual.
Em que época estamos?
Estamos na época em que o pensamento crítico tornou se uma necessidade vital. A razão é diariamente pressionada por conclusões rápidas, interpretações impulsivas e opiniões que substituem investigações. A fé raciocinada, para existir neste cenário, precisa demonstrar coragem intelectual e serenidade moral. Ela deve erguer se acima da agitação mental, examinando cada ideia com calma e lucidez.
Em que época estamos?
Estamos na época em que muitos confundem tradição com estagnação. Mas Kardec, ao afirmar que a fé deve encarar a razão em todas as épocas, reconhece que cada período histórico traz novas questões, novos desafios e novas exigências. O século vinte e um não é exceção. Pelo contrário, é talvez o século em que esta frase ressoa com mais força, porque a razão foi convertida em arena de pressões constantes.
Em que época estamos?
Estamos na época em que a responsabilidade intelectual se tornou prova de caráter. Avaliar, estudar, fundamentar, compreender antes de opinar tornou se ato de resistência moral. A fé raciocinada não floresce na pressa, mas na ponderação. Não vive do eco das massas, mas da coerência íntima entre razão e sentimento.
Por isso, enfatizar a frase kardequiana neste contexto significa reconhecer que a fé raciocinada permanece como exigência permanente. Ela não é conceito do passado, mas compromisso do presente. Encarar a razão face a face significa encarar nosso próprio tempo, suas fragilidades, seus excessos e suas urgências.
