QUANDO A FAÍSCA NÃO BASTA Por... J Rabello de Carvalho...

QUANDO A FAÍSCA NÃO BASTA




Por gerações, a frase “os opostos se atraem” foi tratada como verdade universal, um feitiço romântico capaz de equilibrar caos e ordem. Muita gente, sem compreender a fundo a natureza dos vínculos duradouros, repete isso quase como um mantra. Só que essa ideia, quando colocada à prova da vida real, desmorona.


Os opostos até podem acender uma faísca inicial, gerar aquela curiosidade gostosa que parece novidade eterna. Mas a mesma oposição que encanta no começo costuma se tornar o atrito que desgasta. A chama vira ruído. A novidade vira cansaço.


O que sustenta dois seres através do tempo não é a diferença entre eles, e sim o alinhamento silencioso de seus propósitos. Uma ponte só atravessa o abismo porque seus pilares compartilham a mesma força, a mesma matéria, a mesma direção.


No fim, são os semelhantes — não em tudo, mas no essencial — que se reconhecem. São eles que encontram um solo comum onde a vida floresce sem esforço, onde um novo horizonte pode ser construído com beleza, verdade e futuro.