Entre o Indizível e o Infinito. Há... Ana Gelma Lopes

Entre o Indizível e o Infinito.


Há dias em que me leio por dentro e me descubro escrita nas entrelinhas de Clarice.
Porque nela encontro esse espelho raro,
onde o íntimo não se esconde apenas pulsa.


E quando encosto meu silêncio no silêncio dela, entendo por que diz:
“Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.”


Talvez porque eu também deseje o indizível, o que não cabe no mundo, mas insiste em caber dentro de mim.


Vinícius, então, chega como quem abre uma janela para a alma respirar o que é essencial.
Ele afaga minhas dores,
desamarra minhas paixões, e relembra que o amor não precisa permanecer para ser eterno:
“Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”


E é nesse infinito breve que encontro a beleza do que sou e do que sinto.


Sigo assim, entre Clarice e Vinícius, como quem caminha por um corredor de luz e sombra, observando meus próprios contornos, aceitando o que é brasa, acolhendo o que é vento.


Na elegância dos meus pensamentos soltos, me reinvento.
Na profundidade dos versos que me escolhem, me encontro.
E na vida, essa poesia que não se explica e continuo sendo rascunho e revelação.