Hoje, observo o cenário político do... Paula Ingrissy

Hoje, observo o cenário político do Brasil com um misto de perplexidade e cansaço. Falar em prisão de Bolsonaro, para mim, parece mais uma cortina de fumaça em meio ao caos que já nos sufoca há anos. A indignação cresce porque considero essa prisão profundamente injusta, ainda mais quando comparo com a quantidade de condenados, investigados e réus que seguem soltos na política, vivendo do dinheiro público sem pudor e sem enfrentar qualquer consequência real.

A sensação é clara: no Brasil, a lei pesa para uns e se torna surpreendentemente leve para outros.

Enquanto isso, eu como tantos outros, assistimos o Brasil ser esmagado. Impostos sobem, empresas fecham, empresários buscam estabilidade fora do país. Parece que giramos em círculos, presos em uma engrenagem que só desgasta quem trabalha, produz e sustenta o sistema. E o pior é saber que menos da metade da população carrega o peso de manter o país funcionando, um número que diminui a cada ano.

Perder a confiança na justiça se tornou inevitável. A cada novo escândalo, a cada nome de peso envolvido em corrupção, percebo que pouca coisa realmente muda. Para muitos e eu me incluo, o Estado parece dominado por interesses escusos, onde governo e poder se misturam a práticas de uma grande facção organizada.

E, sinceramente, tudo isso me soa como um grande jogo, um jogo parecido com xadrez, onde as peças já entram no tabuleiro com as jogadas decididas.
Peões acreditam lutar, mas já estão sacrificados muito antes do primeiro movimento.
As peças mais poderosas seguem protegidas, blindadas por regras feitas sob medida.
E o rei, aquele que deveria ser o mais vulnerável, é justamente quem já sabe o fim da partida.
A sensação é de que nada é espontâneo: a vitória já tem dono, e nós apenas assistimos a uma encenação cuidadosamente roteirizada.

Quando aqueles que deveriam dar exemplo são os primeiros a escapar das consequências, a indignação deixa de ser apenas um sentimento: torna-se um alerta profundo.

É daí que nasce o medo. O medo de ver o Brasil caminhando para um colapso silencioso econômico, social e moral. A esperança de quem trabalha, cria e gera riqueza parece estar sendo substituída pela satisfação acomodada de quem nada produz, mas depende do sistema que ele próprio não sustenta.

O esgotamento é visível. Talentos abandonam o país, empresas desistem, o capital foge e junto com tudo isso, vai embora também a confiança.

E quando a confiança some, o risco não é um golpe, nem uma ruptura abrupta.
O risco verdadeiro é o país simplesmente parar.

Parar por exaustão.
Pela exaustão iminente de quem ainda sustenta o Brasil.
22/11/2025