Vivemos em mundo distorcido. Vivemos em... Glaucia Araújo
Vivemos em mundo distorcido.
Vivemos em um país onde a lógica se perdeu e os valores se inverteram com uma naturalidade assustadora. Hoje, não é raro ver criminosos se transformando em celebridades, ganhando palco, seguidores e espaço que deveriam pertencer a quem realmente constrói algo com talento e esforço. O absurdo virou rotina: basta uma história polêmica, uma vida marcada pelo crime ou um sobrenome envolvido em escândalos para alguém virar artista da noite para o dia.
Enquanto isso, quem tem talento de verdade continua à margem. Gente que luta, que cria, que sonha, que trabalha sem holofotes — e que não tem pai famoso, influente ou envolvido com o mundo do crime — permanece invisível. É cruel assistir pessoas honestas batalhando em silêncio enquanto o país transforma notoriedade duvidosa em pedestal. O mérito perde para o espetáculo, e o barulho vale mais que a dedicação.
Essa inversão de valores corrói não só a cultura, mas também a esperança de toda uma geração que ainda acredita no caminho certo. É como se a mensagem fosse clara: não importa seu talento, sua disciplina ou sua história; importa o escândalo que você cria ou com quem você se relaciona.
E assim seguimos, aplaudindo o que deveria ser questionado e ignorando o que deveria ser celebrado. Até que o país decida valorizar o que é real, continuaremos vivendo nesse cenário distorcido, onde o crime vira entretenimento e o talento verdadeiro
