Quando a gente deixa de amar e começa a... Zaylê
Quando a gente deixa de amar e começa a compreender
Existem momentos na vida em que o amor não acaba — ele se transforma.
E não é porque o outro mudou, se afastou, traiu, perdeu a cor.
É porque, pela primeira vez, a gente abre os olhos de dentro.
Percebe que o que chamava de amor era, na verdade, medo de ficar só.
Que o que chamava de saudade era apego ao que feriu.
Que o que chamava de intensidade era carência fantasiada de destino.
E aí, algo muda.
Já não é mais sobre conquistar, nem sobre provar.
Não é mais sobre ser vista, nem escolhida.
Não é mais sobre ter razão, nem vencer discussão.
É sobre reconhecer os ciclos internos que o corpo já vinha avisando.
É sobre honrar a alma que já estava cansada de ser rebaixada em troca de migalhas.
É sobre olhar no espelho e saber:
“Eu não preciso ser amada pra saber quem sou. Eu preciso ser inteira pra reconhecer o que é amor.”
E então a gente percebe:
Aquele “eu te amo” que mexia com a gente
mexia muito mais com o ego
do que com a essência.
E que a saudade dele ou dela
não era de quem a pessoa era,
mas de quem a gente queria acreditar que ela poderia ser.
E aí vem a virada.
Quando a gente deixa de amar como dependência.
E passa a compreender como consciência.
Quando o desejo deixa de ser “volta pra mim”
e se torna “se encontre, por favor”.
Porque o verdadeiro amor — o amor final —
não é aquele que força reencontros,
mas o que deseja cura.
Mesmo que seja longe daqui.
E quando isso acontece, não dói mais.
Não arde mais.
Não prende mais.
Só devolve paz.
Porque o amor que fica,
depois que o apego vai embora,
não é sobre posse —
é sobre presença.
