Me extirparam o filósofo romântico de... Luiz Donizetti Chaves dos...

Me extirparam o filósofo romântico de mim

Ainda ontem, menino, eu era porreta.

Questionava tudo!

Arremessava pedra contra o infinito, certo de que acertaria o impossível.

Apaixonava-me por qualquer menina que cruzasse meu olhar.

Tocava a campainha e voava, sem jamais olhar para trás.

Rasgava o dedão ao chutar bola descalço,

chorava o desprezo do dia,

perdia o sono por causa do “não” da menina que eu gostava.

Hoje, me cobro por não ser (e por não poder mais ser) aquele menino que outrora fui.

Como se tivessem extraído de mim

o filósofo romântico que acreditava no eterno,

na poesia ingênua das pequenas coisas

e na possibilidade de mudar o mundo com um gesto.